Todos pela Natureza!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

ACROS Fukuoka, Japão, um edifício agro-urbano de projeto argentino

  
De um lado a estrutura se parece com um edifício convencional de escritórios, com paredes de vidro, e do outro há um enorme terraço-telhado que se confunde com um parque. Fukuoka City

Na cidade de Fukuoka, no Japão, existe um edifício chamado "ACROS Fukuoka" (Asian Crossroads Over the Sea), um parque de quase um hectare no centro da cidade, com duas partes muito distintas: de um ladova estrutura se parece com um edifício convencional de escritórios, com paredes de vidro, mas do outro há um enorme terraço-telhado que se confunde com um parque.

O projeto do arquiteto argentino Emilio Ambasz transporta um parque no centro da cidade para 15 terraços, propondo uma solução nova e poderosa para um problema urbano comum: conciliar o desejo de desenvolver um lugar para uso rentável e oferecer, ao mesmo tempo, espaços verdes. O plano de Fukuoka atende às duas necessidades em uma única estrutura, através da criação de um modelo inovador agro-urbano.
Os terraços, que atingem cerca de 60 metros acima do solo, contém 35 mil plantas representando 76 espécies. Um grande átrio semicircular e um lobby triangular proporcionam contraste com a vegetação.

O telhado verde reduz o consumo energético de um edifício, pois mantém a temperatura interna mais constante e confortável, além de captar águas pluviais e dar suporte à vida dos insetos e pássaros.

Uma série de espelhos d’água nos terraços são conectados por pulverização ascendente de jatos de água, para criar uma escada, como a escalada de cachoeira mascarando o ruído ambiental da cidade. Estas piscinas ficam acima do átrio de vidro no interior do edifício central, trazendo luz difusa para o interior através dos vidros com grades que as separam.

Uma grande "pedra" ao pé do parque-terraço atravessa a entrada em forma de “V”. Este elemento também funciona como ventilação de escape para os pisos subterrâneos e como um palco elevado para os artistas.

O lugar oferece um espaço polivalente com sala de exposições, um museu, um teatro de dois mil lugares, instalações para conferências, escritórios privados e governamentais, bem como vários níveis subterrâneos de estacionamento e lojas. A estrutura de aço-moldado de concreto armado tem 14 andares acima do chão e quatro pisos abaixo do solo.

O escritório de arquitetura, Emilio Ambasz & Associates, criou este projeto para preservar o espaço verde, tanto quanto possível, enquanto se adaptam à construção de um edifício de escritórios, pois foi levantado no último espaço verde restante no centro da cidade. O edifício faz sucesso no Japão. A fachada sul, com terraço, é utilizada por muitos como área de exercício e de repouso, com vistas da cidade e do porto.

Redação CicloVivo

Geração MudaMundo, Instituto Muda, conscientizando São Paulo à reciclar

 
Projeto de meio ambiente da rede Geração MudaMundo,
Changemakers' Week
Instituto Muda, liderado pelos jovens Alexandre Braz e Lucas Pinto, foi selecionado por uma comissão global para participar do programa Euforiaction.orginternacional ELAYS ashoka-changemakersweek
 (ChangemakerWeek). O objetivo do programa é conectar jovens empreendedores sociais da América Latina com outros jovens europeus para juntar esforços e replicar suas soluções socioambientais na Europa. Foi premiado como 3º melhor projeto socioambiental da América Latina

 

"Os 27 mil prédios residenciais existentes em São Paulo são responsáveis por boa parte dos impactos ambientais da cidade, principalmente no que diz respeito à produção de resíduos"

logoPara resolver o problema brasileiro em relação aos resíduos sólidos, é preciso haver participação governamental, mas também é imprescindível a colaboração da própria população. Foi com o intuito de disseminar esse ideal e promover a conscientização que surgiu o Instituto Muda, na cidade de São Paulo. 
O projeto nasceu a partir de um trabalho feito por jovens universitários e aos poucos foi tomando forma e dimensões reais. A ideia inicial consistia em conscientizar os moradores de edifícios residenciais em relação ao consumo e reciclagem, mas também oferecer consultorias para tornar os prédios mais eficientes no que diz respeito ao uso adequado de água e energia. 
Com o passar do tempo o Instituto deixou parte da proposta de lado e se especializou apenas em promover sistemas que proporcionassem e adequassem os edifícios para realizarem a coleta seletiva entre os moradores. O alvo escolhido surgiu pela imensa quantidade de condomínios residenciais na cidade de São Paulo, cerca de 27 mil, segundo Alexandre Furlan, sócio-fundador do projeto, que explica que esses locais causam grandes impactos ambientais na cidade. 
Feito um diagnóstico dos pontos em que os prédios são deficientes e chegando à realidade dos moradores, a empresa se responsabiliza por elaborar um planejamento adequado e que resulte em números positivos e aumento nos índices de reciclagem, criado especificamente para aquele local.
O trabalho inclui treinamento com os moradores, funcionários e síndicos, em que são ensinadas técnicas para a separação dos resíduos. Além disso, a empresa se responsabiliza por fazer trabalhos de comunicação, que contam com a distribuição de cartilhas em que os moradores são incentivados constantemente a colocar o treinamento em prática. 
Em declaração em rede nacional, no último domingo, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, falou que o lixo é um dos principais problemas do Brasil. A ministra aproveitou o pronunciamento feito no Dia Mundial do Meio Ambiente, para pedir que os brasileiros separassem o lixo seco do úmido para facilitar os processos de triagem e reciclagem. Ela também assumiu que a estrutura brasileira neste segmento ainda é precária e está baseada no trabalho feito por cooperativas. 
Durante o processo de criação do Instituto Muda, os idealizadores estudaram o trabalho realizado por cooperativas e perceberam que um dos grandes problemas dessas estruturas era a informalidade com que os trabalhadores eram tratados. Para garantir que a empresa atuasse de maneira realmente sustentável também no processo de coleta dos resíduos produzidos nos condomínios atendidos, foi definido que a coleta e triagem feitas pela instituição teriam somente trabalhadores formais atuando no cuidado com os resíduos e que todos eles teriam os benefícios instituídos nas legislações trabalhistas. 
O resultado do trabalho, que vai desde a conscientização até o processo que antecede a reciclagem, tem sido efetivo e atualmente 30 condomínios da capital paulista aderiram ao sistema de trabalho do Instituto Muda, que além de conscientizar, coleta o lixo, faz a triagem adequada e os encaminha para outras empresas responsáveis por transformar os resíduos em novos materiais.
 
Olivia Martin da Ashoka.
*ELAYS foi introduzido na primeira noite por um discurso inspirador de Olivia Martin da Ashoka. Os vídeos mencionados foram reproduzidos durante sua apresentação:  
elays.blog@gmail.com
 

Torre de energia solar converte plástico em petróleo bruto


 
A Torre Plastikoleum é projetada para converter os resíduos plásticos de volta à cadeia da vida, na forma de petróleo bruto para que ele possa ser reutilizado. 

A Torre Plastikoleum foi projetada para converter os resíduos plásticos de volta à cadeia da vida na forma de petróleo bruto, para que eles possam ser reutilizados. A ideia principal para esta torre vem do inventor japonês Akinori Ito cuja empresa Blest Corporation vende conversores de plástico, que transformam o plástico residual em petróleo bruto. 
O aparelho projetado por Akinori Ita converte um quilo de resíduo plástico em um litro de óleo que pode ser refinado em querosene, gasolina ou diesel. Mas o único problema com este dispositivo é que ele consome muita energia para converter lixo plástico em óleo, cerca de 1 kWh para cada litro produzido. Uma vez que um litro de óleo é equivalente a 11 kWh de eletricidade, o próprio processo consome até 9% da energia que está contida no produto resultante, dando margem para um maior desenvolvimento e outras ideias sobre a torre Plastikoleum.
Para não usar energia da própria fonte, a torre usa a energia solar para converter as toneladas de lixo plástico em óleo; como uma variação da torre solar convencional. A mais recente tecnologia de energia fotovoltaica está ficando muito eficiente e é capaz de manter 15 horas de aquecimento a 500 graus Celsius. 
Esta torre adota o mesmo processo de outras tradicionais, só que em vez de usar o calor para gerar vapor, para geração de eletricidade da turbina, o calor é utilizado para criar petróleo a partir de resíduos plásticos. Enquanto a maioria das torres solares possuem tamanho em torno de 20 MW de capacidade, a Plastikoleum é avaliada em 10 MW. Com capacidade para transformar dez toneladas de plástico por hora, essas torres poderiam produzir cerca de 60 barris de petróleo. 
Neste nível de produção, o conceito poderia dar uma solução às milhões de toneladas de resíduos plásticos que são descartados a cada ano, inpedindo o final completo de seu uso e o descarte em aterros sanitários. Além disso, a tecnologia pode ajudar a educar as pessoas sobre a gestão de resíduos sólidos. 
Este tipo de torre poderia se tornar uma fonte útil de energia em locais geográficos que tem muito sol e muitos resíduos plásticos.





Redação CicloVivo

Lançamento do Comitê Brasil reúne OAB, ABI, CNBB, CUT, e ONGs, para frear o Novo Código no Senado.


 

Discussão do Código Florestal 
Um grupo de organizações representativas da sociedade lançaram ontem, em Brasília, o Comitê Brasil, para buscar a ampliação do debate sobre a reforma do Código Florestal no Senado. 
Composto por órgãos como Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e Central Única dos Trabalhadores (CUT), além de ONGs ambientalistas como o Greenpeace, ele parte do princípio que a defesa das florestas é essencial para que o Brasil possa ser um modelo de desenvolvimento sustentável para o mundo. 
Um manifesto divulgado no lançamento dos trabalhos, em evento na sede da OAB em Brasília com a presença de políticos e de personalidades, como Marina Silva e a atriz Cristiane Torloni, foi o ponto de partida e deu o tom do comitê: o projeto de lei aprovado na Câmara, que agora será analisado no Senado, do jeito que está é ruim para os brasileiros e vai contra o que determina a Constituição. Um ambiente saudável é direito de todos, e é dever compartilhado entre cidadãos e poder público mantê-lo. 
As consequências de deixar o Código Florestal ser aprovado do jeito que os deputados deixaram equivalem a colocar uma espada sobre as cabeças de todos nós: mais 47 milhões de hectares podem ser desmatados, além dos 29,6 milhões de hectares já destruídos que seriam anistiados, segundo estudo divulgado hoje pelo Ipea
Leia abaixo a íntegra do manifesto: 
Manifesto do Comitê Brasil em Defesa
das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável do Brasil
Por que tanta polêmica em torno da manutenção do que resta das nossas florestas? Será possível que ambientalistas, cientistas, religiosos, empresários, representantes de comunidades, movimentos sociais e tantos cidadãos e cidadãs manifestem sua indignação diante do texto do Código Florestal, aprovado pela Câmara dos Deputados, apenas por um suposto radicalismo ou desejo de conflito sem cabimento? Será justo afirmar que os defensores das florestas não levam em conta as pessoas e suas necessidades de produzir e consumir alimentos? Do que se trata, afinal? O que importa para todos os brasileiros? 
Importa, em primeiro lugar, esclarecer a grande confusão sob a qual se criam tantas desinformações: não está se fazendo a defesa pura e simples das florestas. Elas são parte dos sonhos de um país com mais saúde, menos injustiça, no qual a qualidade de vida de todos seja um critério levado em conta. Um Brasil no qual os mais pobres não sejam relegados a lugares destruídos, perigosos e insalubres. No qual a natureza seja respeitada para que continue sendo a nossa principal fonte de vida e não a mensageira de nossas doenças e de catástrofes. 
A Constituição Brasileira afirma com enorme clareza esses ideais, no seu artigo 225, quando estabelece que o meio ambiente saudável e equilibrado é um direito da coletividade e todos – Poder Público e sociedade – têm o dever de defendê-lo para seu próprio usufruto e para as futuras gerações. 
Esse é o princípio fundamental sob ataque agora no Congresso Nacional, com a aprovação do projeto de lei que altera o Código Florestal. 23 anos após a vigência de nossa Constituição quer-se abrir mão de suas conquistas e provocar enorme retrocesso. 
Há décadas se fala que o destino do Brasil é ser potência mundial. E muitos ainda não perceberam que o grande trunfo do Brasil para chegar a ser potência é a sua condição ambiental diferenciada, nesses tempos em que o aquecimento global leva a previsões sombrias e em que o acesso à água transforma-se numa necessidade mais estratégica do que a posse de petróleo. 
Água depende de florestas. Temos o direito de destruí-las ainda mais? A qualidade do solo, para produzir alimentos, depende das florestas. Elas também são fundamentais para o equilíbrio climático, objetivo de todas as nações do planeta. Sua retirada irresponsável está ainda no centro das causas de desastres ocorridos em áreas de risco, que tantas mortes têm causado, no Brasil e no mundo. 
Tudo o que aqui foi dito pode ser resumido numa frase: vamos usar, sim, nossos recursos naturais, mas de maneira sustentável. Ou seja, com o conhecimento, os cuidados e as técnicas que evitam sua destruição pura e simples. 
É mais do que hora de o País atualizar sua visão de desenvolvimento para incorporar essa atitude e essa visão sustentável em todas as suas dimensões. Tal como a Constituição reconhece a manutenção das florestas como parte do projeto nacional de desenvolvimento, cabe ao poder público e nós, cidadãos brasileiros, garantir que isso aconteça. 
Devemos aproveitar a discussão do Código Florestal para avançar na construção do desenvolvimento sustentável. Para isso, é de extrema importância que o Senado e o governo federal ouçam a sociedade brasileira e jamais esqueçam que seus mandatos contêm, na origem, compromisso democrático inalienável de respeitar e dialogar com a sociedade para construir nossos caminhos. 
O Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável, criado pelas instituições abaixo assinadas, convoca a sociedade brasileira a se unir a esse desafio, contribuindo para a promoção do debate e a apresentação de propostas, de modo que o Senado tenha a seu alcance elementos para aprovar uma lei à altura do Brasil.

INPE instrui técnicos estrangeiros à monitorar florestas via satélite


Técnicos de Angola, Moçambique e Paraguai 
aprendem no INPE a Monitorar Florestas por Satélite

As mudanças climáticas aceleraram a necessidade mundial de monitorar florestas e estudar sua evolução, algo que o Brasil, através do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), realiza há mais de vinte anos. Técnicos de Angola, Moçambique e Paraguai aprenderão a monitorar florestas com imagens de satélites durante curso no Centro Regional da Amazônia do INPE, em Belém (PA), teve início em 30 de maio e se encerrará dia 17 de junho.

“A tecnologia utilizada no monitoramento da Amazônia é compartilhada com técnicos de outros países interessados em também zelar por suas florestas e permite que reproduzam as técnicas em seus países”, diz Alessandra Gomes, pesquisadora que atua no INPE Amazônia, em Belém, local escolhido pelo instituto para consolidar seu centro internacional de difusão de tecnologia de monitoramento por satélite de florestas tropicais.

O INPE monitora por satélite cerca de 4 milhões de Km² de florestas na Amazônia todos os anos. O maior programa de acompanhamento de florestas do mundo permite ao país medir o desmatamento e divulgar com transparência todas as informações obtidas a partir dos satélites.
Este já é o segundo curso – o primeiro em português – dos nove previstos no acordo de cooperação entre INPE, Agência Brasileira de Cooperação (ABC), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA). Em outubro de 2010 aconteceu o primeiro curso, em espanhol, para técnicos da Guatemala, Peru, Equador e Colômbia. Nos próximos anos serão realizados também treinamentos em francês e inglês.

A capacitação internacional no monitoramento de florestas envolve a oferta gratuita de dados de satélites e a transferência das tecnologias para processamento das imagens e manipulação de grandes bancos de dados no sistema TerraAmazon, desenvolvido pelo instituto. Com estas ferramentas, os países detentores de florestas tropicais poderão implantar sistemas de monitoramento da cobertura e uso da terra similares ao do INPE.

O Atlas dos Remanescentes Florestais 25 anos, tema central do SOS Mata Atlântica entrevista


A Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE divulgaram , em entrevista coletiva, dados do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica com a situação de 16 dos 17 estados, no período de 2008 a 2010. Os dados completos podem ser acessados nos sites www.sosma.org.br e www.inpe.br. 
Da área total do bioma Mata Atlântica, 1.315.460 km2, foram avaliados 1.288.989 km2, o que corresponde a 98%. Foram analisados os Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo. 
Dos 17 Estados abrangidos total ou parcialmente no bioma Mata Atlântica, o único não avaliado foi o Piauí, cujos dados não puderam ser incluídos ainda pela indefinição de critérios de identificação das formações florestais naturais do Bioma naquele Estado. Além disso, para este Estado está sendo aguardado um mapeamento detalhado liderado pelo Ministério do Meio Ambiente. 
Os dados, apresentados por Marcia Hirota, diretora de Gestão do Conhecimento e coordenadora do Atlas pela SOS Mata Atlântica; Flávio Jorge Ponzoni, pesquisador e coordenador técnico do estudo pelo INPE; e Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação, apontam desflorestamentos verificados no período de 2008-2010 de 31.195 hectares (ha), ou 311,95Km2. Destes, 30.944 ha correspondem a desflorestamentos, 234 ha a supressão de vegetação de restinga e 17 ha a supressão de vegetação de mangue. 
De acordo com Marcia Hirota, o estudo comprova que a supressão da floresta nativa é continuo e que os dados são um alerta para o estabelecimento de políticas públicas que incentivem a conservação e a restauração do Bioma.

“Dependemos dos recursos naturais e dos serviços ambientais da Mata Atlântica que são essenciais para a sobrevivência dos 112 milhões de habitantes no domínio do Bioma”, enfatiza. “A aprovação na Câmara dos Deputados da proposta de alterações no Código Florestal só piora a situação já dramática da Mata Atlântica”, reforça Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação.
Flávio Ponzoni, coordenador técnico do Atlas por parte do INPE, menciona que “as próximas versões do Atlas deverão incluir a observação de itens sensíveis à aprovação do novo Código Florestal no que se refere a possíveis impactos negativos na tendência de decréscimo das taxas de desflorestamentos”. 
Ranking do desmatamento 
Entre os Estados avaliados em situação mais crítica estão Minas Gerais, Bahia, Santa Catarina e Paraná, que perderam entre o período de 2008 a 2010, 12.467 ha, 7.725 ha, 3.701 ha e 3.248 ha, respectivamente. A esses números, somam-se desflorestamentos de 1.864 ha no Rio Grande do Sul, 579 ha em São Paulo, 320 ha em Goiás, 247 ha no Rio de Janeiro, 237 ha no Espírito Santo e117 ha em Mato Grosso do Sul. 
Nos demais Estados do Nordeste, foi verificada supressão de vegetação nativa a partir de 2002 que totalizaram 24 ha em Alagoas, 253 ha em Pernambuco, 224 ha em Sergipe e 188 ha no Ceará. Na Paraíba e no Rio Grande do Norte não foram registrados desflorestamentos ou supressão de vegetação de Restinga ou de Mangue, de acordo com a metodologia adotada pela pesquisa do Atlas, que considera área mínima de mapeamento de 3 ha.
Em todos os Estados foram verificadas queda na taxa média anual de desflorestamento. Em Minas Gerais, a taxa média anual caiu 43%, já que no último levantamento, referente ao período de 2005-2008 o total de desflorestamento foi 32.728 ha. Minas Gerais possuía originalmente 46% do seu território (27.235.854 ha) cobertos pelo Bioma Mata Atlântica, e agora restam apenas 10,04% (2.733.926 ha). 
A Bahia, apesar de ser o segundo Estado do ranking, apresentou uma queda de 52% na taxa anual média de desmatamento. Passou de 24.148 ha, no período de 2005-2008, para 7.725 ha, no período de 2008-2010. O Estado, que já teve 33% de seu território coberto por Mata Atlântica, hoje tem a incidência do bioma em apenas 9% do seu território (1.692.734 ha de floresta nativa).
Em Santa Catarina, apesar do desflorestamento continuar, a taxa anual caiu 79%. O Estado está inserido 100% na Mata Atlântica (9.591.012 ha) e hoje restam apenas 23%, ou 2.210.061 ha do bioma original. 
No Paraná, a taxa anual de desmatamento diminuiu 51%, e perdeu entre o período de 2008-2010 mais 3.248 ha. O Paraná possuía 98% de seu território no bioma, ou 19.667.485 ha. Atualmente, são 2.094.392 ha coberto com Mata Atlântica nativa, ou seja, 10,65% do território original. 
Situação nos municípios 
Os novos dados do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica indicam também o
 desflorestamento de cobertura nativa por municípios. Minas Gerais lidera o ranking, com as três cidades que mais desmataram no período 2008-2010. Ponto dos Volantes e Jequitinhonha, ambas na região do Jequitinhonha, perderam 3.244 ha e 2.786 ha, respectivamente. Pedra Azul, na região do Norte de Minas, perdeu 676 ha. Em quarto lugar ficou a cidade baiana de Andaraí, com 634 ha desmatados. Na quinta posição, outro município mineiro: Águas Vermelhas, com 525 ha. 
Segundo Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, “os desmatamentos desses municípios se concentraram nos limites da Mata Atlântica com o Cerrado e da Caatinga, especialmente nas Matas Secas, e tem como uma das principais causas a expansão do reflorestamento de eucalipto e do carvão vegetal para siderurgia.” 
O Atlas dos Municípios da Mata Atlântica revela a identificação, localização e situação dos principais remanescentes florestais existentes nos municípios abrangidos pelo bioma. Por meio do IPMA (Índice de Preservação da Mata Atlântica) – indicador criado pela SOS Mata Atlântica e pelo INPE –, torna-se possível ranquear os municípios que mais possuem cobertura vegetal nativa. Os dados e mapas podem ser acessados pela internet, nos sites www.sosma.org.br,www.inpe.brou diretamente no servidor de mapas http://mapas.sosma.org.br.  
Regiões Metropolitanas 
O Atlas do período 2008-2010 indica também os dados de desmatamento classificados por regiões metropolitanas. A área com maior território desmatado foi a Região Metropolitana de Curitiba, seguida por São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

Mapa da Área da Aplicação da Lei no 11.428 
Desde sua quinta edição, de 2005-2008, o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica considera os limites do Bioma Mata Atlântica tendo como base o Mapa da Área da Aplicação da Lei nº 11.428, de 2006. A utilização dos novos limites para os biomas brasileiros implicou na mudança da área total, da área de cada estado, do total de municípios e da porcentagem de Mata Atlântica e de remanescentes em cada uma destas localidades. 
A Mata Atlântica está distribuída ao longo da costa atlântica do país, atingindo áreas da Argentina e do Paraguai nas regiões sudeste e sul. De acordo com o Mapa da Área de Aplicação da Lei nº 11.428, a Mata Atlântica abrangia originalmente 1.315.460 km2 no território brasileiro. Seus limites originais contemplavam áreas em 17 Estados: PI, CE, RN, PE, PB, SE, AL, BA, ES, MG, GO, RJ, MS, SP, PR, SC e RS. 
Nessa extensa área, vivem atualmente mais de 62% da população brasileira, ou seja, com base no Censo Populacional 2007 do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, são mais de 112 milhões de habitantes em 3.222 municípios, que correspondem a 58% dos existentes no Brasil. Destes, 2.594 municípios possuem a totalidade dos seus territórios no bioma e mais 628 municípios estão parcialmente inclusos, conforme dados extraídos da malha municipal do IBGE (2005).
A Mata Atlântica, complexo e exuberante conjunto de ecossistemas de grande importância, abriga parcela significativa da diversidade biológica do Brasil, reconhecida nacional e internacionalmente no meio científico. Lamentavelmente, é também um dos biomas mais ameaçados do mundo devido às constantes agressões ou ameaças de destruição dos habitats nas suas variadas tipologias e ecossistemas associados.1991, a SOS Mata Atlântica e o INPE deram início a um mapeamento em escala 1:250.000, analisando a ação humana sobre os remanescentes florestais e nas vegetações de mangue e de restinga entre 1985 a 1990. Publicado em 1992/93, o trabalho avaliou a situação da Mata Atlântica em dez estados: Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que apresentavam a maior concentração de áreas preservadas. Os Estados do Nordeste não puderam ser avaliados pela dificuldade de obtenção de imagens de satélite sem cobertura de nuvens. 
O alto grau de interferência na Mata Atlântica é bastante conhecido. Desde o descobrimento do Brasil pelos europeus, os impactos de diferentes ciclos de exploração, da concentração das maiores cidades e núcleos industriais e da alta densidade demográfica, entre outros, fizeram com que a vegetação natural fosse reduzida drasticamente. Temos hoje apenas 7,9% (101.779 km2) de remanescentes mais preservados em áreas acima de 100 hectares. Esse total desconsidera a área do bioma Mata Atlântica do estado do Piauí, que até o momento não foi mapeado.
Histórico do Atlas 
O Atlas dos Remanescentes Florestais e Ecossistemas Associados do Bioma Mata Atlântica, desenvolvido pela Fundação SOS Mata Atlântica e o INPE, órgão vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, representa um grande avanço na compreensão da situação em que se encontra a Mata Atlântica. 
O primeiro mapeamento, publicado em 1990, com a participação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), teve o mérito de ser um trabalho inédito sobre a área original e a distribuição espacial dos remanescentes florestais da Mata Atlântica e tornou-se referência para pesquisa científica e para o movimento ambientalista. Foi desenvolvido em escala 1:1.000.000.

Em 1991, a SOS Mata Atlântica e o INPE deram início a um mapeamento em escala 1:250.000, analisando a ação humana sobre os remanescentes florestais e nas vegetações de mangue e de restinga entre 1985 a 1990. Publicado em 1992/93, o trabalho avaliou a situação da Mata Atlântica em dez estados: Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que apresentavam a maior concentração de áreas preservadas. Os Estados do Nordeste não puderam ser avaliados pela dificuldade de obtenção de imagens de satélite sem cobertura de nuvens.

Um novo lançamento ocorreu em 1998, desta vez cobrindo o período de 1990-1995, com a digitalização dos limites das fisionomias vegetais da Mata Atlântica e de algumas Unidades de Conservação federais e estaduais, elaborada em parceria com o Instituto Socioambiental.
Entre o período de 1995-2000, fez-se uso de imagens TM/Landsat 5 ou ETM+/Landsat 7 em formato digital, analisadas diretamente em tela de computador, permitindo a ampliação da escala de mapeamento para 1:50.000 e conseqüentemente a redução da área mínima mapeada para 10 ha. No levantamento anterior, foram avaliadas as áreas acima de 25 hectares. Os resultados revelaram novamente a situação da Mata Atlântica em 10 dos 17 Estados: a totalidade das áreas do bioma Mata Atlântica de Goiás, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul; e áreas parciais da Bahia.
Em 2004, a SOS Mata Atlântica e o INPE lançaram o Atlas dos Municípios da Mata Atlântica, de forma a fornecer instrumentos para o conhecimento, o monitoramento e o controle para atuação local. A partir desse estudo, cada cidadão pode ter fácil acesso aos mapas e atuar em favor da proteção e conservação deste conjunto de ecossistemas. O desenvolvimento da ferramenta de publicação dos mapas na internet foi realizado pela ArcPlan, utilizando tecnologia doMapServer (Universidade de Minnesota), com acesso nos portais www.sosma.org.br e www.dsr.inpe.br. 
Ao final de 2004, as duas organizações iniciaram a atualização dos dados para o período de 2000 a 2005. Esta edição também foi marcada por aprimoramentos metodológicos e novamente foram revistos os critérios de mapeamento, dentre os quais se destaca a adoção do aplicativo ArcGis 9.0, que permitiu a visualização rápida e simplificada do território de cada Estado contido no bioma. Isto facilitou e deu maior segurança nos trabalhos de revisão e de articulação da interpretação entre os limites das cartas topográficas.
A quarta edição do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica apresentou dados atualizados em 13 Estados abrangidos pelo bioma (PE, AL, SE, BA, GO, MS, MG, ES, RJ, SP, PR, SC, RS). Um relatório mostrou a metodologia e os resultados quantitativos da situação dos remanescentes da Mata Atlântica desses estados e os desflorestamentos ocorridos no período de 2000-2005.


Essa fase manteve a escala 1:50.000, e passou a identificar áreas acima de três hectares e o relatório técnico, bem como as estatísticas e os mapas, imagens, fotos de campo, arquivos em formato vetorial e dados dos remanescentes florestais, por município, estado, Unidade de Conservação, bacia hidrográfica e Corredor de Biodiversidade.
Em 2008, foram divulgados os números atualizados a partir de análises da 4ª edição do Atlas, incluindo os Estados de Bahia, Minas Gerais, Alagoas, Pernambuco e Sergipe, que, somados ao mapeamento dos estados de Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, gerados pela ONG Sociedade Nordestina de Ecologia, totalizam 16 dos 17 Estados onde o bioma ocorre, ou 98% de Mata Atlântica. 
Em 2009, a 5ª edição do Atlas trouxe os números do desmatamento com dados atualizados, até maio de 2009, em 10 Estados abrangidos pelo bioma (BA, GO, MS, MG, ES, RJ, SP, PR, SC, RS). Essa edição apresentou a metodologia e os resultados quantitativos da situação dos remanescentes da Mata Atlântica ocorridos nessas regiões no período de 2005-2008.
Em 2010, a sexta edição do estudo trouxe dados atualizados, até maio de 2010, de nove Estados abrangidos pelo bioma: GO, MS, MG, ES, RJ, SP, PR, SC, RS. O documento apresentou, sinteticamente, a metodologia atual, os mapas e as estatísticas globais e por estado. O mapeamento utilizou imagens do satélite Landsat 5 que leva a bordo o sensor Thematic Mapper. 
Para o monitoramento e análise da situação da Mata Atlântica desde 1989, foram investidos recursos na ordem de R$ 6 milhões, provenientes da iniciativa privada.

Questão da água na Amazônia exige medidas urgentes .




Esteve sempre implícita uma velha pauta permanente aos 100 jornalistas da Amazônia Legal que debateram o tema “Amazônia, comunidade e tecnologia social: Iteração e sustentabilidade” no II Encontro de Jornalistas do Norte, realizado de 29 a 31 de maio pela Fundação Banco do Brasil: a água. Até porque a assembléia foi instalada em Porto Velho, situada na margem direita do rio Madeira, maior afluente também da margem direita do Amazonas, no qual deságua a leste de Manaus. Como se vê, trata-se, aqui, do Mundo das Águas, o subcontinente amazônico.
Navios-tanque traficam água de rios da Amazônia.

O especialista em recursos hídricos Flávio Carvalho, da Agência Nacional de Águas (ANA), fez uma exposição aos jornalistas, informando-os sobre alguns dados básicos. A água doce representa 2,5% da massa líquida do planeta; desses 2,5%, somente 0,3% são fluviais – quase toda a água doce encontra-se em geleiras e aqüíferos. O Brasil detém 12% da água doce do mundo e 73% disso estão na Amazônia. A vazão do rio Amazonas, segundo Flávio Carvalho, é de 130 mil metros cúbicos por segundo. 
Estrategistas do Pentágono, o coração da Defesa norte-americana, já perceberam que a água é cada vez mais preciosa. Sabemos que se trata de um ciclo fechado, a água se esgota, e se torna cada vez mais caro dispor-se dela pronta para ser ingerida. Assim, o desmatamento, a desertificação, a poluição, levam, hoje, à morte pela sede e pela desidratação centenas de milhões de pessoas por ano, em várias partes do mundo, e esse contingente aumenta cada vez mais. No futuro, não está descartada guerra pela água. 
No Brasil, os presidentes, e agora “presidenta”, que se revezam no Palácio do Planalto, mantêm-se rigorosamente de costas para a Amazônia, onde só vão buscar energia hidrelétrica e commodities, como minerais e madeira; da mesma forma, desprezam a água – vejam-se as matas ciliares em todo o país e as nascentes na capital da República. Em Brasília, nascentes são tratadas como esgoto. 
Na Amazônia, metrópoles como Belém e Manaus despejam milhares de toneladas de dejetos in natura por dia no rio. Cidades como Macapá, situada quase na boca do rio Amazonas, além de não ter rede de esgoto ainda vende para a população água racionada e, às vezes, turva. Para agravar a situação, o amazônida, de modo geral, joga tudo no rio. Navegue pelos rios da Amazônia e observe o que o caboclo faz com o lixo. 
Quem tem dinheiro, incluindo empresários estrangeiros, engarrafa água mineral e até exporta. A Constituição federal reza que a água é bem de todos os brasileiros. É mais uma falácia da Carta. Aliás, precisamos, com urgência, eleger uma Constituinte e redigir uma constituição realista, na qual se possa ler: “Nós pegamos o peixe”.
Amazonas – O maior rio do planeta

O rio Amazonas, que nasce no rio Apurimac, na parte ocidental da cordilheira dos Andes, no sul do Peru, na América do Sul, e deságua no oceano Atlântico, é o maior rio do mundo, 140 quilômetros mais longo do que o africano Nilo – que nasce no rio Kagera, próximo à fronteira entre o Burundi e Ruanda, na África, e deságua no mar Mediterrâneo –, tido como o mais comprido do planeta durante muito tempo. A comprovação foi feita por uma das mais sérias instituições científicas do Brasil, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que utilizou dados obtidos em expedição à nascente do Amazonas e imagens de satélite. Segundo o Atlas Geográfico Mundial, a extensão do Nilo é de 6.695 quilômetros e a do Amazonas, de 6.515 quilômetros. Os livros de geografia precisam ser reeditados. Agora, o rio Amazonas mede 6.992,06 quilômetros e o Nilo, 6.852,15 quilômetros. 
A equipe que chegou a essa conclusão, divulgada em julho de 2008, foi chefiada pelo geólogo Paulo Roberto Martini, 60 anos, da Divisão de Sensoriamento Remoto do Inpe. Ele comentou que as medições anteriores foram feitas sem o uso de metodologias científicas: “Esse resultado mostra que, às vezes, as verdades mais bem estabelecidas têm de ser revistas porque podem simplesmente não ser verdade. Pelo menos desta vez não temos acho. Temos metodologia científica e, por essa leitura, por essa interpretação, você pode colocar nos livros que o Amazonas é maior do que o Nilo” 
Em junho de 2007, uma expedição, que incluía representantes do Inpe, do Instituto Geográfico Militar do Peru, da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), já havia determinado a nascente do rio Amazonas. Desde o início dos anos 1990, cientistas do Inpe se debruçam sobre o gigante, por meio de sensoriamento remoto e geoprocessamento, tecnologias utilizadas no Programa Espacial Brasileiro. Foram usadas imagens dos satélites norte-americanos Landsat, distribuídas pela Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos. Os pesquisadores marcaram o traçado dos dois rios e com ajuda de um programa de computador calcularam a extensão deles da nascente à foz. 
Em maio de 2008, o vice-presidente da Sociedade Geográfica de Lima, professor Zaniel Novoa, após 12 anos de investigação, confirmava a versão do explorador polonês Jacek Palkiewicz, que, em 1996, localizou a nascente do Amazonas e afirmou que o rio sul-americano era mesmo o maior do mundo. Até a segunda metade do século XX, os geógrafos apontavam o Nilo como o maior. Desde que o Amazonas foi batizado, em 1500, foram identificadas nascentes em vários pontos do Peru, contudo a nascente verdadeira se encontra a 5.179 metros de altitude, próximo do monte nevado Quehuisha, na região sul de Arequipa, no Peru. 
O Amazonas foi chamado pelo navegador espanhol Vicente Yañez Pizón, em 1500, de Mar Doce; o também espanhol Francisco Orellana mudou-o para Amazonas, em 1542. O colosso marrom, que no estado do Amazonas recebe o nome de Solimões e nos estados do Pará e Amapá, de Amazonas, é a espinha dorsal da maior bacia hidrográfica do mundo, formada por 7 mil afluentes, abrangendo uma área, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), de 6,110 milhões de quilômetros quadrados, no norte da América do Sul, banhando Peru (17%), Equador (2,2%), Bolívia (11%), Brasil (63%), Colômbia (5,8%), Venezuela (0,7%) e Guiana (0,2%). Só a bacia do rio Negro, afluente da margem esquerda do Amazonas, contém mais água doce do que a Europa.

Da nascente até 1.900 quilômetros, o Amazonas desce 5.440 metros; desse ponto até o Atlântico, a queda é de apenas 60 metros. Suas águas correm a uma velocidade média de 2,5 quilômetros por hora, chegando a 8 quilômetros, em Óbidos, cidade paraense a mil quilômetros do mar e ponto da garganta mais estreita do Amazonas, com 1,8 quilômetro de largura e 50 metros de profundidade. 
Fora do estuário, a parte mais larga situa-se próxima à boca do rio Xingu, à margem direita, no Pará, com 20 quilômetros de largura, mas nas grandes cheias chega a mais de 50 quilômetros de largo, quando as águas sobem ao nível de até 16 metros. O Amazonas é navegável por navios de alto-mar da embocadura à cidade de Iquitos, no Peru, ao longo de 3.700 quilômetros. Seu talvegue, nesse curso, é sempre superior a 20 metros, e chega a meio quilômetro de profundidade próximo à foz. A bacia amazônica conta com 25 mil quilômetros de rios navegáveis.

A vazão média do rio-mar é de pelo menos 200 mil metros cúbicos de água por segundo, o suficiente para encher 8,6 baías da Guanabara em um dia. No Atlântico, despeja, em média, 400 mil metros cúbicos de água por segundo; chega, portanto, a despejar 600 mil metros cúbicos de água por segundo no mar. Num único dia, o Amazonas deságua no Atlântico mais do que a vazão de um ano do rio Tamisa, na Inglaterra. O colosso contém mais água do que os rios Nilo, na África; Mississipi, nos Estados Unidos; e Yangtzé, na China, juntos. 
O Amazonas despeja também no mar 3 milhões de toneladas de sedimento por dia, 1,095 bilhão de toneladas por ano. O resultado disso é que a costa do Amapá está crescendo. A boca do rio, se escancarando do arquipélago do Marajó, no Pará, até a costa do Amapá, mede 240 quilômetros, e sua água túrgida de húmus penetra 320 quilômetros no mar, atingindo o Caribe nas cheias e fertilizando o Atlântico com 20% da água doce do planeta. O húmus despejado pelo gigante no Atlântico torna a costa do Amapá uma explosão de vida marinha, o ponto mais rico da Amazônia Azul, no Brasil mais mal-guardado pela Marinha de Guerra e menos estudado pela academia. 
“O que me intriga, não apenas no conteúdo da educação fundamental brasileira, mas também na base de informações científicas e acadêmicas no Brasil, é a pobreza de informações ambientais e biológicas sobre essa região, batizada de Mar Dulce pelo navegador espanhol Vicente Yañez Pinzón, em 1500, mesmo ano em que Cabral achava o Brasil” – comenta o oceanógrafo Frederico Brandini. 
Ele lembra que, no Amapá, as autoridades estão pouco preocupadas com o estudo da Amazônia Atlântica, e as costas do Amapá e do Pará são um inacreditável banco de vidas marinhas, coalhado de piratas, que vão lá pegar, de arrastão, pescados, lagostas, camarão e outros frutos do mar. Tenho notícia de que pescadores paraenses já capturaram na altura da Vila de Sucuriju, no município de Amapá, um marlim azul de meia tonelada. Nem Ernest Hemingway conseguia espadarte desse porte no Gulf Strean.


 POR RAY CUNHA

“O que vai salvar a Amazônia é o desenvolvimento”, diz general do Exército

Vice-chefe do Estado-Maior de Brasília, general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, enfatiza que o Brasil ainda não completou sua expansão interna, e que o vazio de poder é o maior problema da Amazônia 
Para Villas Bôas, “não adianta congelar áreas para preservá-las”, e enquanto não houver projetos que ofereçam alternativas sustentáveis, não há como controlar a entrada de migrantes na Amazônia apenas por meio de proibições. 
“O Estado brasileiro mais desenvolvido da Amazônia é o Amazonas. Ao mesmo tempo, o Amazonas também é o Estado com a maior quantidade de floresta preservada”. Com esse argumento, o general do Exército Eduardo Dias da Costa Villas Bôas levanta a posição de que é, sim, possível, criar uma Amazônia desenvolvida e correta nos padrões ecológicos. 
“Há que se encontrar um meio termo. Hoje em dia, ninguém mais sobrevive extraindo látex”, ataca o general. Segundo ele, planos de manejo, recurso humano e infraestrutura são os primeiros passos para uma Amazônia desenvolvida. Tudo isso, claro, simultaneamente, sem guerra e rápido, já que o Brasil está no centro das atenções do mundo e deseja se desenvolver para ser, em breve, a quinta maior economia do planeta. 
A geopolítica interna da Amazônia, porém, dá dor de cabeça a muitos especialistas. Enquanto sua parte central está totalmente preservada, suas áreas periféricas já sofreram uma degradação irreversível. Ao mesmo tempo, a região se torna alvo para grandes construções como a usina hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, além de uma rodovia interoceânica que irá até o Oceano Pacífico, ligando a Amazônia – e, consequentemente, o Brasil – à Ásia. Porém, tudo isso acontece sem que haja infraestrutura e recurso humano para manter esses projetos em pé e em busca por mais desenvolvimento.
Uma das maiores preocupações do general – e do Exército Brasileiro – é o fato de o Brasil, com mais de meio milênio de vida, ainda não ter completado sua expansão interna. “Ainda não integramos todo o nosso território. Ainda há metade dele ‘por fazer’”, diz Villas Bôas. A situação preocupa o vice-chefe do Estado-Maior de Brasília porque a região menos ocupada é a Amazônia, que está cercada de ameaças iminentes, como instabilidade dos países vizinhos, problemas fundiários, internacionalização, questões indígenas e ambientais e, principalmente, o vazio de poder na região, que atua como causador e potencializador de todos os outros problemas. 
Segundo dados apresentados por Villas Bôas, a dificuldade em expandir o Brasil até onde seu território, de fato, delimita, traz problemas nas identidades dos povos também: há povos indígenas que ocupam o território brasileiro, mas ao recorrerem à ajuda em cidades vizinhas fronteiriças, nem sempre têm fácil acesso a cidades do próprio Brasil. Nessa questão, o Exército é o principal responsável por levar recursos e serviços para essa população, o que ajuda na delimitação de fronteiras e na busca dos povos mais isolados por uma identidade frente ao restante da sociedade.

Fonte: amazonia.org
Por Rafaela Carvalho estudante de jornalismo da USP

Matas tropicais não são manejadas sustentavelmente



Estudo da Organização Internacional de Madeiras Tropicais indica que menos de 10% de todas as florestas são manejadas de forma inteligente, mas reconhece que a proteção aumentou nos últimos anos e que o REDD é uma grande promessa


O manejo sustentável das florestas tropicais cresceu, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido. Pelo menos essa é a conclusão de uma nova pesquisa realizada pela Organização Internacional de Madeiras Tropicais (ITTO em inglês), que entre 2005 e 2010 analisou a produção de madeira de 33 países, que juntos somam 85% das florestas tropicais de todo o mundo.
De acordo com o relatório, intitulado Condição do Manejo da Floresta Tropical 2011, durante esse período, alguns países como o Brasil, o Gabão e a Malásia fizeram um grade progresso em relação ao manejo sustentável, enquanto outros, como a Libéria, a Nigéria e a República Democrática do Congo tiveram problemas com suas metas de conservação florestal por causa da falta de recursos.
Segundo o documento, os ganhos mais rápidos foram na África, onde áreas florestais com planos de manejo aumentaram de 10 milhões de hectares para 28 milhões, ou 180%. Na seqüência, vêm a América Latina e o Caribe, onde as áreas florestais com planos de manejo tiveram um crescimento de 43%. Na Ásia, a extensão das florestas com manejo sustentável permaneceu praticamente a mesma. 
No total, os autores da pesquisa descobriram que a quantidade de terra que é designada ‘permanentemente florestada’, ou seja, que deve legalmente manter suas florestas, aumentou de cerca de 36 milhões de hectares para aproximadamente 53 milhões de hectares, ou 47%. No entanto, isso corresponde a somente 7% das propriedades florestais permanentes nos 33 países membros da ITTO, e a 3% do resto das florestas tropicais do mundo. 
“O relatório mostra que menos de 10% de todas as florestas são manejadas sustentavelmente e que a ITTO espera que o desmatamento continue”, disse Andy White, coordenador da Iniciativa para Direitos e Recursos, que não estava envolvido na realização do relatório.
“Estava esperando um pouco mais. A sustentabilidade faz muito mais parte da cultura florestal agora, mas ainda freqüentemente não está sendo posta em prática”, lamentou à New Scientist Duncan Poore, autor do estudo e ex-diretor da organização Nature Conservancy do Reino Unido e também da IUCN - União Internacional para Conservação da Natureza http://ec.europa.eu/homepage_pt.htm
No entanto, ele assegurou que “no meio dos anos 1980, provavelmente menos de um milhão de hectares de florestas tropicais estavam sendo manejadas sustentavelmente”. “É claro que estamos felizes por ver o progresso que ocorreu nos últimos cinco anos, mas isso ainda representa um avanço suplementar, e alguns países ainda estão ficando para trás”, declarou Emmanuel Ze Meka, diretor executivo da ITTO. 
Diversas estratégias 
Conforme a pesquisa, o manejo florestal sustentável sozinho não acabará ou reduzirá suficientemente o desmatamento ou a degradação florestal. Para isso, é necessário adotar outras estratégias e combiná-las com o manejo. 
Segundo o estudo, reduzir ou parar a degradação das florestas tropicais exigirá que a reivindicação de posse de muitas áreas florestadas, que está impedindo os esforços de implantar uma silvicultura sustentável, seja resolvida. “O manejo florestal sustentável provavelmente não acontecerá a menos que a floresta tenha garantia de propriedade que seja determinada transparentemente com base em negociações entre os demandantes”. 
“Nós apoiamos totalmente o surgimento de novos mercados de madeira ‘verde’ e o recente estímulo para incluir as florestas em um acordo de mudança climáticas, mas em muitos países esses desenvolvimentos sozinhos podem não ser transformacionais. A demanda por madeira certificada provavelmente afeta apenas uma pequena parte da propriedade da floresta tropical”, afirmou Meka. 
Poore acredita que “com a economia do uso da terra nos trópicos sendo desviada da preservação das florestas de qualquer propósito – conservação ou produção –, precisamos assegurar que estamos usando todas as ferramentas disponíveis para fornecer renda para manter em pé florestas, para que concorram com o uso da terra para a agricultura e os biocombustíveis”. 
Para ele, “o REDD é uma promessa considerável, mas é essencial que evolua para reconhecer e apoiar iniciativas que foquem na utilização sustentável de recursos de florestas tropicais, incluindo a produção de madeira sustentável, em vez de ser apenas um fundo para conservar florestas”. 
Controvérsias 
De acordo com Poore, a maior conquista da pesquisa é a sua abrangência. “Está muito melhor do que em 2005, e fornece uma linha de base para medir melhorias futuras”. Contudo, outros especialistas questionam as informações e a análise da pesquisa, argumentando que os dados são imprecisos. 
“Uma tabela mostra um decréscimo substancial na área global protegida, e a ITTO argumenta que isso ocorre devido à maior clareza dos dados, em vez de qualquer mudança na condição legal de tais áreas. Isso pode ser verdade, mas não se pode dizer a partir do que eles mostram”, alegou Doug Boucher, presidente da Iniciativa para Clima e Florestas Tropicais da União dos 
Cientistas Preocupados. 
“Se eles vão rejeitar uma tendência quando ela é negativa, deve-se perguntar por que eles não rejeitam algumas das tendências que parecem positivas. Algumas mudanças podem ser reais ou simplesmente parecerem por causa dos dados melhores. E se os dados anteriores não são fidedignos, não se pode dizer nada”, completou Boucher. 
Já Sam Lawson, diretor da Earthsight, ONG que investiga transgressões ambientais, acha que “em relação à Malásia, o relatório parece ficção. Não faz menção ao fato de que análises independentes recentes sugerem que a taxa de desmatamento em Sarawak (o maior estado da Malásia) é a pior do mundo. Suspeito que a cobertura de outros países seja igualmente imprecisa e enganosa”. 
Em relação às críticas, Poore alega que “temos que tratar essas informações com cautela, apesar do fato de que elas são as melhores disponíveis”, e sugere, por exemplo, que o REDD seja uma solução para encerrar a discussão dos dados. “Uma das coisas que o REDD realmente faz é monitorar, então se espera que esses países que estão comprometidos no processo de REDD possam estar aptos a melhorar a qualidade da informação que eles fornecem”.

 09/06/2011 - Autor: Jéssica Lipinski - Fonte: Instituto CarbonoBrasil/ITTO/Mongabay

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