Todos pela Natureza!

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Onças vivem na copa das árvores durante cheia de rios, aponta estudo na Amazônia.



Comportamento inédito para grandes felinos é observado há uma semana na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. Durante o período da cheia, as onças-pintadas (Panthera onca) permanecem em cima das árvores durante aproximadamente três meses do ano

Uma pesquisa do Instituto Mamirauá revela que nas florestas inundáveis da Amazônia as onças-pintadas (Panthera onca) permanecem na copa das árvores durante o período da cheia dos rios, que duram cerca de três meses. De acordo com o instituto, desde a semana passada, onças estão sendo avistadas diariamente na copa das árvores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Amazonas.

Segundo os pesquisadores, não há registros de que este tipo de comportamento ocorra em outras partes do mundo. “Esse é um comportamento inédito para grandes felinos, que precisam de grandes quantidades de alimento todos os dias para sobreviver e que até agora eram considerados terrestres”, afirmou o pesquisador Emiliano Esterci Ramalho, responsável pelo Projeto Iauaretê, desenvolvido desde 2004 pelo Instituto Mamirauá, com o objetivo de estudar a ecologia e promover a conservação da onça-pintada na várzea Amazônica.


Em 2013, os pesquisadores já haviam avistado os espécimes nas árvores. “Achamos uma das nossas onças-pintadas encoleiradas com o seu filhote de seis meses vivendo numa árvore a 12 quilômetros de distância do solo seco mais próximo”, relatou Ramalho. “Isso implica que as onças-pintadas fêmeas estão vivendo nas árvores e nadando diariamente para outras árvores para conseguir caçar presas.”

Segundo o pesquisador, o comum seria que esses animais terrestres se deslocassem para áreas não inundadas. “Mas a Reserva Mamirauá é uma ilha, então uma espécie que vive aqui dentro, vai ter que necessariamente cruzar o rio Amazonas toda vez que encher, ou seja, não é a melhor ideia. A alternativa é subir muito bem em árvores.”

Também conhecida como jaguar, a onça-pintada é o terceiro maior felino do mundo, atrás do tigre e do leão. Ela tem mandíbulas tão fortes que suas mordidas podem quebrar até mesmo ossos e cascos de tartaruga – a mordida da onça-pintada é duas vezes mais poderosa do que a de um leão


Na opinião do pesquisador, a descoberta tem sérias implicações para a conservação da onça-pintada e levanta outras questões sobre o comportamento e a ecologia de grandes carnívoros. “As florestas de Várzea, que foram esquecidas em propostas de conservação para a onça-pintada no passado, são áreas extremamente importantes para esses animais porque abrigam um grande número de espécimes, são áreas de reprodução e também porque os animais que vivem nessa região da Amazônia tem uma ecologia única. Aumentar o número de áreas protegidas na várzea pode ser crucial para a sobrevivência das onças-pintadas na Amazônia”, afirmou.


Turismo científico

Com a comprovação científica de que as onças de Mamirauá permanecem na copa das árvores, a Pousada Flutuante Uacari, em parceria com a equipe de pesquisa do Projeto Iauaretê, iniciou a operacionalização de expedições científicas para turistas avistarem esses animais. O recurso será usado para gerar benefícios econômicos para as comunidades locais e para apoiar a continuidade do projeto de pesquisa com onças-pintadas visando reduzir o conflito entre onças e comunidades locais.

A Pousada Uacari é um projeto de turismo de base comunitária, cuja gestão é compartilhada entre o Instituto Mamirauá e comunidades da Reserva Mamirauá.

Sobre o instituto

O Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá é uma organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Desenvolve suas atividades por meio de programas de pesquisa, manejo e assessoria técnica na região do Médio Solimões, estado do Amazonas.

Fonte:
Instituto Mamirauá
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Fósseis oceânicos contam história das mudanças climáticas


Microfósseis permitem avaliar a evolução dos oceanos

A evolução dos oceanos, em especial o Atlântico Sul, é um mistério que pouco a pouco vai sendo elucidado com a contribuição do Laboratório de Paleoceanografia do Atlântico Sul. Sediado no Instituto Oceanográfico (IO) da USP, o LaPAS, debruça-se sobre o passado que vai dos últimos 20 mil até 25 milhões de anos. O foco fica nas mudanças climáticas — os professores Felipe Antonio de Lima Toledo e Karen Badaraco Costa querem entender como elas afetaram os oceanos e, consequentemente, toda a vida no planeta Terra.

Os estudos são feitos com base em microfósseis marinhos coletados do fundo do oceano, em especial nanofósseis calcáreos de algas microscópicas e foraminíferos (organismo protozoários, que podem ser, tanto bentônicos — do fundo dos mares —, quanto planctônicos — da coluna de água), que secretam uma testa carbonática.

Os testemunhos — amostras de sedimento retiradas do fundo do mar com um cano de comprimento variável — podem trazer o registro de milhares ou milhões de anos. Por meio deles é possível analisar os fósseis dessa fauna marinha que, ao morrer, se precipita e sedimenta, sendo sobreposta, com a passagem do tempo, pelos fósseis dos organismos mais recentes. Destes fósseis se obtêm, além da classificação e da quantificação, os seus parâmetros químicos e geoquímicos, como o teor de carbono, os isótopos de oxigênio e os isótopos de carbono, além de outros elementos-traço. Assim se tem um indicativo das características químicas da água no período, uma vez que os elementos mantêm a mesma proporção. “É um retrato de como era a água naquele momento. E, assim, se consegue tirar disso, a paleotemperatura da água, a paleosalinidade da água, os compostos orgânicos, a quantidade de nutrientes”, explica a professora Karen.

As mudanças climáticas sofridas pelos oceanos, segundo a professora, são bem conhecidas pelos testemunhos de gelo da Antártida e da Groenlândia, que são registros climáticos importantes por serem globais. Apesar disso, os registros de sedimentos do Atlântico Sul, por estarem entre os dois polos do planeta, acrescentam mais informações ao estudo, indicando qual dos dois hemisférios estaria influenciando de forma mais determinante a área estudada.

Mil anos de inverno
Apresentado em 2013 à comunidade cientifica em Salamanca, na Espanha, um estudo do laboratório identificou sinais do imenso Vulcão Toba, que ocorreu há cerca de 70 mil anos e que teve fundamental importância na história evolutiva do ser humano. Localizado na região da Indonésia, o Toba interferiu no planeta inteiro justamente por estar localizado em uma zona de baixa latitude, permitindo a distribuição das cinzas pela atmosfera aos dois hemisférios — o que teria resultado em um inverno de cerca de mil anos no planeta.

Para se ter uma base de comparação do quão tenebroso pode ter sido este inverno, o professor Toledo citou o Vulcão Tambora, que explodiu em 1815, deixando em suspensão na atmosfera as suas cinzas e impedindo a entrada dos raios solares. O resultado foi um inverno de dois anos no planeta — este, por sua vez, bem relatado. “Da paleoceanografia, chegamos no vulcanismo, e, do vulcanismo, na história. Os livros Frankstein e Drácula foram escritos sob influência desse período frio. A Europa ficou sob cinzas, sem sol, as pessoas começaram a morrer de fome, a praticar canibalismo. Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, foi fundada por suíços, autorizados a virem para cá pelo Infante Dom João”.

Para chegar ao Vulcão Toba, Edmundo Camillo Júnior, pesquisador do LaPAS, explica que os organismos utilizam os isótopos 16 e 18 do oxigênio. Quando presentes na água em uma dada proporção, eles são incorporados pelos organismos na mesma razão. A incidência desses isótopos, entretanto, varia de acordo com a temperatura, e o registro dela é expresso na testa carbonática do organismo.

Por meio de análises, foi possível perceber uma discrepância entre os fósseis planctônicos e bentônicos, ficando a alteração muito marcada nos planctônicos. Além disso, a abundância das espécies de clima frio contribuiu para intrigar os pesquisadores que, ao confrontarem os resultados com o modelo de idade, perceberam a coincidência das datas.

Diante de tantas incógnitas, a pergunta que o cientista se faz é: “seria possível a um vulcão tão distante do Atlântico Sul interferir e impactar de tal forma as condições desse oceano?” Mais um mistério para, quem sabe, anos de pesquisa solucionarem.

agenusp@usp.br

Mata Atlântica perdeu 235 km² de vegetação em um ano



A Mata Atlântica perdeu 235 quilômetros quadrados (km²) de vegetação de 2012 para 2013, o que representa um aumento de 9% no ritmo da devastação em relação ao último período avaliado (2011-2012), de acordo com o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, elaborado pela organização não governamental (ONG) SOS Mata Atlântica, em parceria com Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgado hoje (27). A área equivale a 24 mil campos de futebol. Esta é a nona edição do estudo.

“A Mata Atlântica é um patrimônio nacional, um bioma extremamente ameaçado, porque uma parte da população brasileira vive nessa área e depende de seus recursos, então o esforço e a participação da sociedade são importantes para que preservemos essas florestas e tenhamos a garantia de serviços ambientais que beneficiam boa parte da população brasileira”, disse a diretora executiva da Fundação SOS Mata Atlântica e coordenadora do atlas, Marcia Hirota.

A Mata Atlântica é um dos biomas mais ricos em biodiversidade, com até 60% de suas espécies existindo apenas nessa área. Segundo a SOS Mata Atlântica, a taxa anual de desmatamento registrada neste período é a maior desde 2008, quando foi apontada a perda de 343,1 km² de floresta. Entre 2008 e 2010 a taxa média anual de destruição foi de 151,8 km². Atualmente, restam apenas 8,5% de remanescentes florestais acima de 100 hectares. Somados todos os fragmentos de floresta nativa acima de 3 hectares, restam 12,5% da área original do bioma, que tinha 1,3 milhão de km² quando o Brasil foi descoberto.

Ao todo, 17 Estados são abrangidos oficialmente pela Mata Atlântica, e, pelo quinto ano seguido, Minas Gerais foi um dos estados que mais destruíram o bioma, com perda de 84,3 km² de floresta. “Nas edições anteriores, Minas Gerais ocupou o segundo lugar, então o estado sempre esteve no topo do desmatamento da Mata Atlântica. Desde os últimos anos temos feito alertas tanto ao governo do Estado quanto aos diferentes setores para que possamos tirar Minas Gerais do topo da lista, porque é o estado que possui maior área de floresta preservada”.

O Piauí aparece em seguida no ranking do desmatamento no período, com menos 66,3 km² de floresta. A Bahia foi o terceiro estado que mais desmatou, com 47,7 km² a menos de vegetação no intervalo avaliado. Em São Paulo, houve queda de 51% no desmate na comparação com o último período. Mesmo assim, o estudo mostra que quase 1 km² de floresta desapareceu entre 2012 e 2013. Nesse período, o Rio de Janeiro registrou perda de 0,1 km².

O pesquisador e coordenador técnico do estudo pelo Inpe, Flávio Jorge Ponzoni, explicou que o objetivo do atlas é fazer um diagnóstico e não o trabalho de fiscal ou de polícia. “Fazemos um mapeamento global do bioma como um todo. Antes fazíamos a atualização de cinco em cinco anos, depois passamos a fazer a cada dois anos e agora anualmente. Isso torna o Atlas mais eficaz na identificação de áreas desflorestadas”.

O diretor de Políticas Públicas da ONG, Mario Mantovani, ressaltou que há exatos 26 anos a Mata Atlântica foi incluída na Constituição como o único bioma que tem uma regulamentação. Entretanto, continua sofrendo pressão do desmatamento.

Segundo Mantovani, há uma contradição entre o cumprimento da lei federal e o crescimento do desmatamento em Minas Gerais e no Piauí porque esses estados não reconhecem a Mata Atlântica como área a ser preservada. “Outro ponto que percebemos foi a expansão urbana. Mas conseguimos uma forma de mobilização prevista na lei, que são os planos municipais. Se o município fizer sua regularização pode identificar como usar cada área”, disse.

Agência Brasil

terça-feira, 3 de junho de 2014

Para que serve o Dia do Meio Ambiente?



Passado o dia da Mata Atlântica (27 de maio), chegamos ao dia (05 de junho) e à semana do meio ambiente, que não têm servido para muita coisa no nosso país a não ser tornar público, de forma sempre oportuna, e também oportunista, reportagens e relatórios sobre o leite derramado. Lamentavelmente, sem muitas consequências. A falta d’água em São Paulo e os riscos de apagões devido aos baixos níveis dos reservatórios, além de algumas opções governamentais polêmicas nos campos de infraestrutura e desenvolvimento sócio-econômico parecem ser a tônica da vez. Mas este é daqueles anos que, como os bissextos que acontecem a cada quatro, teremos eleições gerais, e com sorte será possível influenciar programas de governo. Independentemente desta casualidade, como em termos práticos as empresas têm mais impacto sobre o meio-ambiente e a sustentabilidade que os governos, quer negativa como positivamente, escrevo também com um olho nelas.

Recebi de amigos mato-grossenses link para notícia sobre o “agro-paisagismo” cuiabano . A administração municipal da desordenada, mal cuidada, não ou mal saneada Cuiabá, através de projeto da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos, dentre tantas outras questões urbanas relevantes e urgentes, resolveu usar o espaço urbano para apresentar publicamente sua “ode” política ao ruralismo patrimonialista. Aquele mesmo que comandou décadas de desmatamento do território estadual, muito dele irresponsável e ilegal, além de recentemente ter sido peça-chave no tabuleiro que levou às danosas alterações do código florestal brasileiro – tudo em prol do lucro fácil, imediato e para poucos além do injusto efeito colateral da permanente repartição do prejuízo ambiental com toda a sociedade. É como se ainda estivéssemos nas décadas de 50, 60 e mesmo 70 do século passado, quando arrasamos o Paraná, o Espírito Santo e o Sul da Bahia e voltamos as baterias para a Amazônia, situação que sugere que todo o conhecimento e aprendizado acumulado nas décadas recentes tenham sido simplesmente ignorados. Ou mesmo, como se nem existissem. Será esse o rumo do futuro? 

Em “It's simple. If we can't change our economic system, our number's up” (em tradução livre “É simples. Se não podemos mudar nosso sistema econômico, nosso número sobe”), publicado no jornal britânico The Guardian dia 27 de maio passado, o número a que se refere o autor, George Monbiot, está associado ao acúmulo de carbono na atmosfera, e o artigo trata dos problemas das mudanças climáticas associados ao nosso macro modelo econômico. Nele autor sugere que o colapso total será a salvação possível. Ainda, que se falharmos destruiremos a nós mesmos, o que dá na mesma, e paradoxalmente remete à ideia de que o colapso é a solução possível, afinal o crescimento contínuo é impossível num planeta limitado e já ultrapassamos todos os limites. Para Monbiot, o crescimento econômico é simplesmente um artefato e uma resultante do uso de combustíveis fósseis, não tendo sido o capitalismo, nem o comunismo, o responsável por tanto progresso e todas patologias dele decorrentes, como a concentração de riquezas sem precedentes, os conflitos e a destruição planetária da era moderna, mas sim o carvão, seguido pelo petróleo e depois pelo gás. Para ele, na meta-tendência da expansão movida a carbono, nossas ideologias são meras tramas secundárias, e seguiremos vasculhando os mais remotos cantos do planeta em busca de óleo e gás para sustentar uma proposição impossível. Catastrófico, mas matemática real!

Cerca de um quarto de século atrás, em resposta ao derramamento de óleo no acidente do superpetroleiro Exxon Valdez (2403/1984) no Alasca, um pequeno grupo de investidores fundou a ONG Ceres com o propósito de juntar capitalistas e ambientalistas para orientar uma nova forma de fazer negócios que levasse em conta tanto a saúde do planeta como a prosperidade da população no longo prazo, ou seja, com sustentabilidade! A missão: mobilizar investidores e negócios de ponta para construir uma economia global próspera e sustentável. Hoje, sem quaisquer exageros, essa organização influencia investimentos de trilhões de dólares, sendo que só um dos seus associados, o fundo de pensão americano CalPERS, maneja uma carteira superior a US$ 250 bilhões em investimentos. Entre suas diversas ações está uma influente conferêcia anual, tendo a deste ano ocorrida nos dias 13 e 14 de maio passado. Na lista de participantes, executivos dos maiores bancos do planeta, entre eles o próprio Banco Mundial, e das maiores e mais importantes fundações e fundos de pensão americanos, além das maiores e mais importantes universidades americanas (que contam com bilionários fundos de manutenção), bem como de grandes corporações transnacionais dos mais diferentes setores de atividades. Na agenda, além da fundamental boa governança corporativa, as principais tendências em sustentabilidade, entre elas: resiliência urbana frente às mudanças climáticas; esgotamento das fontes de água subterrânea e seus impactos sócio-econômicos; escala para soluções em energia limpa, destravando processos inovadores; avanços da sustentabilidade na agricultura via cadeias de suprimentos; e construção de um século 21 de corporações sustentáveis.

Mas não são só investidores e ambientalistas que estão de fato preocupados com a temática da sustentabilidade e dão atenção ao tema. A super-banca americana de advogados Baker & Mackenzie, com escritórios próprios ou de associados em mais de quatro dezenas de países, organiza sua própria conferência anual sobre direito ambiental internacional. A edição deste ano, em Chicago, será dias 12 e 13 de junho e na agenda, interessante e provocadora, há temas como: conflitos e colaboração com ONGs ambientais; respostas corporativas a acidentes ambientais de escala; efetiva aplicação da legislação internacional num mundo pós-acidente em águas profundas (leia-se BP); e novas tendências, como a proliferação de certificações baseadas em novos e mais rígidos padrões de verificação e os cada vez mais necessários relatórios corporativos de sustentabilidade, auditáveis. Em síntese, direito, transparência e governança caminhando juntos para a sustentabilidade.

Nesse contexto, não obstante algumas honrosas e conhecidas exceções, nossas empresas avançam pouco rumo à sustentabilidade, e em geral o fazem empurradas por demandas de mercado. Comandadas por executivos que enxergam pouco além dos resultados financeiros de curto prazo e dos seus próprios bônus anuais, elas limitam suas análises aos seus entornos imediatos sem considerar o legado que estão construindo. Muitos desses executivos miram Miami num futuro próximo para escapar do plantio que fazem aqui hoje. Céticos que são, não percebem que a capital latino-américa dos Estados Unidos não passará ilesa pelas mudanças climáticas em curso que ajudam a acelerar.

Na pauta, portanto, a urgência de sistemas de governança que melhorem o desempenho das empresas em sustentabilidade e tragam a transparência necessária para a redução de risco aos investidores, contexto no qual as certificações com verificação de terceiras partes têm se mostrado efetivas e essenciais. Os grandes atores globais que operam negócios que impactam diretamente territórios e natureza, notadamente as megacorporações dependentes de commodities agrícolas e minerais, já impõem condições cada vez mais duras a seus fornecedores, tais como: redução ou neutralização de emissões; desmatamento zero; perda de biodiversidade zero; trabalho infantil, forçado ao análogo ao trabalho escravo zero! Tudo comprovado através de auditorias, onde se inserem as certificações, que por sua vez forçam a transparência voluntária da realidade das empresas. É a sociedade acessando, sem WikiLeaks, muitos aspectos da gestão das empresas numa tendência que parece não ter volta, pelo menos no curto prazo e ainda que simplesmente como mecanismo de autodefesa mercadológica.

O que se vê é que o processo civilizatório num planeta com países cada vez mais populosos, socialmente complexos, e economicamente integrados globalmente, vai se reinventando para suprir lacunas estruturais e conjunturais que os estados nacionais, os tratados internacionais e os organismos multilaterais não dão conta de cobrir. Está evidente que já não bastam leis e políticas públicas, sendo necessárias intervenções coletivas e individuais através de políticas e práticas privadas na esfera das empresas e das pessoas e suas famílias para que, em vez de catástrofes, tenhamos perspectivas de prosperidade econômica com estabilidade ambiental e equidade social. E para isso, como em tudo onde desejamos avanços, necessitamos de educação de qualidade, que tem de ser forjada mais em ciência e menos em ideologia.

*Miguel Serediuk Milano (58 anos) é engenheiro florestal, com mestrado e doutorado em ciências florestais. Foi professor da Universidade Federal do Paraná, professor visitante da Colorado State University, diretor da Fundação O Boticário e do Grupo O Boticário, e diretor do Ibama. Hoje é consultor na temática da sustentabilidade e realizador do Fórum Sustentabilidade & Governança.

Fonte: Época

domingo, 1 de junho de 2014

Projeto avalia impacto de humanos em florestas tropicais



  • Mais de 40 pesquisadores brasileiros e britânicos se unem em força-tarefa para estudar áreas alteradas pelo homem na Mata Atlântica e na Amazônia

Entender como a crescente ocupação da floresta tropical pelo homem poderá impactar a biodiversidade, os serviços ecossistêmicos e o clima local e global é o principal objetivo do Projeto Temático “ECOFOR: Biodiversidade e funcionamento de ecossistemas em áreas alteradas pelo homem nas Florestas Amazônica e Atlântica”, que reúne mais de 40 pesquisadores brasileiros e britânicos.

A pesquisa é realizada no âmbito do programa de pesquisa colaborativa “Human Modified Tropical Forests (Florestas Tropicais Modificadas pelo Homem)”, lançado em 2012 pela FAPESP e pelo Natural Environment Research Council (NERC), um dos Conselhos de Pesquisa do Reino Unido (RCUK, na sigla em inglês).

 Serra da Mantiqueira

A equipe, formada por 16 pesquisadores seniores, seis pós-doutorandos, 12 colaboradores e nove estudantes, esteve reunida pela primeira vez entre os dias 26 e 29 de março na cidade de São Luiz do Paraitinga, no Vale do Paraíba (SP).

“Nessa primeira reunião, definimos detalhadamente os protocolos de trabalho. A ideia é que todos os dados sejam gerados com a mesma metodologia, de forma que seja possível integrá-los em um modelo do impacto da fragmentação sobre a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos.

Foi o grande pontapé inicial do projeto”, contou Carlos Alfredo Joly, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador do Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade (BIOTA-FAPESP).

De acordo com Joly, toda a coleta de dados será realizada no Brasil. A equipe brasileira estará concentrada principalmente em regiões de Mata Atlântica situadas na Serra do Mar e na Serra da Mantiqueira, enquanto a equipe britânica centrará seu foco na Floresta Amazônica. Já a análise e a interpretação dos dados serão feitas de forma compartilhada tanto no Brasil como no Reino Unido.

Serra do Mar

“A ideia é ampliar significativamente a participação de estudantes brasileiros na pesquisa, que abre um leque de opções para trabalhos de mestrado e doutorado com alta possibilidade de realização de estágios no Reino Unido”, avaliou.

Segundo Jos Barlow, pesquisador da Lancaster University (Reino Unido) e coordenador do projeto ao lado de Joly, alguns estudantes britânicos também planejam fazer pós-doutorado em instituições paulistas.

“Os alunos e pós-doutorandos do Reino Unido vão precisar passar bastante tempo no Brasil, onde será feita toda a coleta de dados. Ou então focar seu trabalho na análise de dados de sensoriamento remoto e sistemas de informações geográficas (SIG). E, claro, os resultados serão publicados em conjunto, com a liderança vinda de ambos os países”, disse.

Malásia

Bornéu 


O trabalho de investigação na Floresta Amazônica e na Mata Atlântica correrá em paralelo a outro projeto financiado pelo NERC desde 2009 em Bornéu, na Malásia. Nesse caso, o objetivo é estudar e comparar áreas de floresta primária (bem conservadas), áreas com exploração seletiva de madeira e regiões que sofreram profunda fragmentação.

“Dentro do possível, os dados gerados aqui no Brasil deverão ser comparáveis aos dados gerados na Malásia. Para assegurar essa integração foi estabelecido um comitê que reúne pesquisadores dos dois projetos”, contou Joly.

“Não seguiremos exatamente o mesmo desenho da pesquisa desenvolvida na Malásia, pois aqui temos situações diferentes. Mas os dois projetos visam estudar como as mudanças no uso da terra, que inclui extração de madeira, queimadas e fragmentação do habitat, alteram o funcionamento da floresta tropical, principalmente no que se refere à ciclagem de matéria orgânica e de nutrientes. Também queremos avaliar como essas alterações estão relacionadas com os processos biofísicos, a biodiversidade e o clima”, explicou Simone Aparecida Vieira, pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam) da Unicamp.

De acordo com Vieira, a equipe brasileira adotou o Parque Estadual da Serra do Mar como uma espécie de “área controle” da pesquisa e os dados lá coletados pelo Projeto Temático Biota Gradiente Funcional serão comparados com as informações oriundas dos fragmentos e das florestas secundárias existentes na região que vai de São Luiz do Paraitinga até a cidade de Extrema, em Minas Gerais.



“Na Amazônia, temos um grande conjunto de áreas em estudo. Um dos focos é a região de Paragominas, que tem um histórico de extração madeireira. E inclui também Santarém, onde vem avançando a agricultura, principalmente a soja”, contou Vieira.

Cobertura benefícios econômicos livretoOs pesquisadores farão inventários florestais, coletando dados como quantidade de biomassa viva acima do solo, densidade da madeira, diâmetro e altura das árvores, quantidade de serapilheira (camada formada por matéria orgânica morta em diferentes estágios de decomposição) e diversidade de espécies vegetais e animais.

“Um dos objetivos é investigar o estoque de carbono nessas áreas e de que forma ele é alterado com os diferentes usos. Depois vamos relacionar esse dado com a mudança em relação à diversidade de espécies que ocorrem nessas áreas, trabalhando principalmente com um levantamento de espécies de árvores e de aves”, explicou Vieira.

A coleta de dados deve seguir pelos próximos quatro anos. Na avaliação de Vieira, está sendo criada uma estrutura que poderá ser mantida após o término do projeto, se houver novo financiamento. “O ideal é acompanhar os processos de mudança no longo prazo para entender de fato como essas áreas estão se comportando diante das pressões humanas e das mudanças climáticas”, disse.

Joly concorda. “O projeto vai estabelecer uma rede intensiva de monitoramento de áreas que vão desde florestas intactas até florestas altamente fragmentadas e alteradas pelo homem. Isso permitirá avaliar as correlações entre biodiversidade e funcionamento de ecossistemas, tanto na escala local como regional e global – quando estiverem integrados os dados da Mata Atlântica, da Floresta Amazônica e da Malásia”, disse.

Os resultados obtidos, acrescentou Joly, permitirão também o aperfeiçoamento de políticas públicas para promover o pagamento de serviços ambientais, como os de proteção a recursos hídricos e de estoques de carbono.

Entre as instituições envolvidas na pesquisa estão Lancaster University, University of Oxford, University of Leeds, Imperial College London, University of Edinburgh, Unicamp, Universidade de São Paulo (USP), Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Museu Paraense Emílio Goeldi, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Universidade de Taubaté e a Fundação Florestal da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.

Resumo:

ECOFOR: Biodiversidade e funcionamento de ecossistemas em áreas alteradas pelo homem nas Florestas Amazônica e Atlântica

As Florestas Tropicais detêm metade do estoque de carbono na vegetação do mundo e produzem 34% da produtividade bruta primária em sistemas terrestres em todo o planeta, o que representa a maior contribuição para a produtividade da Terra de um único bioma e é representa quatro vezes a contribuição das florestas boreais e temperadas combinados. Ao mesmo tempo, as florestas tropicais detêm altos índices de biodiversidade, constituindo-se em hotspots para quase todos os grupos de plantas e de animais. Mesmo assim, são altamente ameaçadas por atividades humanas, apresentando taxas de desmatamento de 8 - 10 milhões de hectares/ano" de 2000 a 2010. As florestas remanescentes já foram degradadas pela sobre-exploração de madeira e de recursos não madeireiros, pela fragmentação e o consequente isolamento e efeitos de borda, e pelas mudanças climáticas globais. A degradação florestal resulta em um contínuo declínio nos serviços ambientais decorrentes dos níveis crescentes e insustentáveis dos impactos humanos. Entretanto, a maioria das pesquisas sobre a contribuição de Florestas Tropicais para o sistema Terra concentrou-se em habitats conservados, geralmente pouco alterados, sendo impossível extrapolar os resultados, por exemplo, de ciclagem de nutrientes e estoques de carbono, destas áreas pristinas para Florestas Tropicais modificadas pelo homem (HMTF).

Cinco áreas de pesquisa científica precisam, urgentemente, abordar as seguintes lacunas: i) Impactos das alterações humanas sobre o funcionamento do ecossistema, especialmente ciclagem de matéria orgânica, nutrientes e as relações entre os processos biofísicos, a biodiversidade, o solo e o clima; ii) conectar o funcionamento do ecossistema e caracteres biológicos, que podem fornecer pistas sobre a estabilidade e a resiliência das florestas degradadas; iii) compreender a capacidade de generalização dos dados, isto é, até que ponto resultados obtidos em uma dada Floresta Tropical podem ser extrapolados para florestas em outros continentes; iv) compreender o impacto e as consequências das alterações humanas a nível de paisagem e tempo, multi escalas espaciais e temporais; v) reduzir a distância e o tempo entre a ciência e a tomada de decisão política. Este projeto visa proporcionar uma mudança radical em nossa compreensão das consequências da degradação florestal para a biodiversidade e os processos ecológicos associados e serviços ambientais na Amazônia e na Mata Atlântica.

O Projeto visa: 1) estabelecer a primeira rede de sites de estudo intensivo e acompanhamento a longo prazo, ao longo de um gradiente de florestas intactas e alteradas na Amazônia, e melhorar significativamente a rede de sites de áreas alteradas e intactas na Mata Atlântica; 2) complementar este sites de estudo intensivo com uma rede de parcelas em diversas microbacias na Amazônia e na Mata Atlântica, quer permitirá extrapolar dados de biodiversidade, estoques de carbono e serviços ambientais para o nível da paisagem; 3) desenvolver uma visão integrada ao longo de gradientes de alteração humana, que permita uma abordagem multi-escalar espacial e temporal. O projeto focará quatro tipos de floresta ao longo de um gradiente de perturbação amplo, incluindo os dois processos predominantes de degradação: corte seletivo e incêndios. O estudo intensivo será realizado em dois conjuntos de parcelas: as parcelas Programa Biota no Parque Estadual da Serra do Mar da porção nordeste do estado de São Paulo, e parcelas na região de Santarém-Belterra na Amazônia. Os resultados esperados vão contribuir significativamente com o estabelecimento de hipóteses sobre as consequências funcionais de mudanças em comunidades de plantas e pássaros, aqui utilizados como indicadores de biodiversidade, após alterações humanas em florestas tropicais. O projeto vai deixar um legado importante, tanto em conhecimento como em e infraestrutura, que vai continuar contribuindo com o avanço de nossa compreensão das HMTFs após a conclusão deste estudo, uma vez que as parcelas estudadas passarão a ser utilizadas para o monitoramento de longo prazo na Amazônia e na Mata Atlântica. No âmbito desta chamada específica NERC-FAPESP HMTFs os dados e os resultados serão também comparados com os do Projeto SAFE, na Malásia. (AU)

beluga

As áreas preservadas do país, fardo ou riqueza?


Vista do Parque Nacional da Serra da Canastra, que pode perder um quarto de sua área protegida 


As inclinações conservacionistas do Congresso brasileiro foram alvo de debate nas últimas semanas. O tema ganhou evidência com a formação de uma frente parlamentar composta por 214 deputados federais. Segundo a ata de criação da frente, os objetivos são “divulgar os problemas causados pela criação de áreas protegidas” e defender populações residentes nessas terras. Em entrevista ao Blog do Planeta, o deputado Weverton Rocha (PDT-MA), relator da frente, afirmou: “Estamos atacando o fato de a política de ampliação (de áreas protegidas) ser equivocada, principalmente onde existem outras populações morando”. Mas disse: “não queremos atacar o meio ambiente ou os índios”.

A sensibilidade diante do tema tem suas razões. Em 2012, o governo federal reduziu os limites de três parques nacionais, três florestas e uma área de proteção ambiental na Amazônia para construção de hidrelétricas. Tramita no Congresso um projeto para cortar um quarto do Parque Nacional da Serra da Canastra, a sexta maior área do cerrado. Na Amazônia, cinco parques podem perder parte de seus limites por projetos que correm na Câmara. Nem o Parque Nacional do Iguaçu escapou. Continua a pressão de políticos locais para abrir uma estrada de 18 quilômetros cortando o parque.

O resultado disso foi medido por um levantamento feito por uma equipe coordenada por Enrico Bernard, da Universidade Federal de Pernambuco. Segundo ele, entre 1981 e 2012, houve 93 alterações para pior na área ou no status de conservação de áreas protegidas no país. Isso atingiu 5,2 milhões de hectares, do total de 220 milhões do país. Segundo os pesquisadores, a frequência de eventos de redução nas áreas vem crescendo desde 2008.

Parte dos ajustes nos limites das áreas podem ser justificados por necessidades de explorar o potencial da região para geração de energia limpa como a hidrelétrica. Mesmo com eles o Brasil ainda tem o maior conjunto de reservas e parques do mundo. O que leva a uma questão: será que esse patrimônio natural é um fardo ou uma oportunidade para gerar lucros e empregos? “No Brasil, infelizmente ainda estamos longe de tratar nossas unidades de conservação com o devido respeito e obter delas os resultados sociais e econômicos que podem produzir”, diz a bióloga Angela Kuczach, diretora executiva da Rede Pró Unidades de Conservação.

Países desenvolvidos também abençoados com uma bela herança natural mostram como as áreas de conservação podem ser bem aproveitadas. Os Estados Unidos preservam 15% do seu território. Os parques nacionais recebem 280 milhões de visitantes por ano, que gastam cerca de US$ 14,7 bilhões nas imediações dos parques, gerando 240 mil empregos. Na Nova Zelândia, as áreas protegidas correspondem a 25% do território nacional. As atividades turísticas, baseadas nas paisagens exuberantes e nas aventuras ao ar livre, são responsáveis por 10% do PIB.

Para o Brasil aproveitar melhor seu patrimônio, seria preciso realizar algumas mudanças na forma como administramos essas áreas naturais. A primeira delas é usar mais da iniciativa privada. O modelo é parte do segredo do sucesso americano. Só os parques federais tem 575 contratos de concessão que geram US$ 1 bilhão e empregam 25 mil pessoas. No Brasil, o Parque Nacional do Iguaçu tem operadoras que oferecem desde passeios de barco sob as cataratas a trilhas de observação de aves. É uma exceção. Este ano, o governo mineiro está licitando para empresas privadas o direito de explorar o turismo na Rota das Grutas Peter Lund. São três unidades de conservação estaduais que somam 2,4 mil hectares com mais de 50 cavernas e 170 sítios arqueológicos. As empresas criarão serviços de visitação e serão responsáveis pela integridade ambiental e histórica das áreas. O governo espera conseguir um investimento inicial de R$ 25 milhões, nos dois primeiros anos de contrato. A expectativa é que o valor chegue a R$ 320 milhões, em um contrato de 30 anos. Mas o maior ganho será o aumento nos negócios de turismo da região.

Outra estratégia para melhorar as áreas protegidas é permitir que a comunidade do entorno ou pessoas simpáticas àquela região ajudem mais. Nos EUA, cerca de 220 mil voluntários por ano ajudam a manter as áreas de conservação, trabalhando diretamente nelas ou fazendo campanhas para arrecadação de recursos. No Brasil, a lei praticamente inviabiliza essa prática.

Um dos levantamentos mais extensos sobre o potencial não aproveitado das unidades de conservação do Brasil foi feito pelo professor Carlos Eduardo Frickmann Young da Universidae Federal do Rio de Janeiro para o Ministério do Meio Ambiente. O levantamento, de 2010, avaliou quanto o país ganharia se mudasse a gestão das áreas até 2016, a tempo das Olimpíadas do Rio. Segundo o estudo, a visitação nos 67 parques nacionais existentes no Brasil tem potencial gerar entre R$ 1,6 bilhão e R$ 1,8 bilhão por ano.

Outra forma de ver a questão é avaliar o papel dessas áreas de preservação para gerar as águas que alimentam as hidrelétricas (ironicamente, o principal pretexto para redução nos parques). Segundo Young, 80% da hidreletricidade do país vem de rios que nascem em unidades de conservação. Além disso, 9% da água para consumo humano é diretamente captada em unidades de conservação e 26% vem de rios que nascem em áreas preservadas.Gotas importantes para evitar crises hídricas como a de São Paulo.




Fonte: Época

Às Estrelas


The Most Astounding Fact
O Fato Mais Importante (Legendado)

PET



Medicamentos - Descarte Consciente


Google Street View - Dados cartográficos

A gigante de couro pode atingir dois metros de comprimento e pesar até 750 kg.