Todos pela Natureza!

sábado, 30 de junho de 2012

O meu olhar é nítido como um girassol - Fernando Pessoa



O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...


Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos", 8-3-1914





sexta-feira, 29 de junho de 2012

Contador de Árvores da Mata Atlântica volta a funcionar no Rio


Um dos biomas mais devastados do País, 92% já foi perdido, a Mata Atlântica, ganhará novamente o acompanhamento da recuperação no Rio de Janeiro. O estado irá reativar o Contador de Árvores da Mata Atlântica, sistema de acompanhamento dos programas de reflorestamento do Estado do Rio em tempo real, desativado há dois anos.

O Contador, coodernado pelo Instituto Terra de Preservação Ambiental, deve ser retomado ainda este ano. Iniciado em 2008, a ideia do Contador era não somente contabilizar o reflorestamento, como estimular o plantio de novas espécies.


O projeto inicial previa o reflorestamento do bioma por meio do plantio de 20 milhões de árvores até 2010. No entanto, o contador parou de girar em setembro deste mesmo ano, tendo atingindo apenas 3.389.560 árvores plantadas.

Há um mês, a Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou novos dados sombrios sobre a Mata Atlântica. Em todo o país, restam apenas 7,9% da cobertura de vegetação no bioma. Somente em Minas Gerais foram desmatados 6.339 hectares entre maio de 2010 e maio de 2011. No entanto, o Rio de Janeiro foi um dos estados que devastou menos o bioma no período, com apenas 92 hectares desmatados.

O bioma perdeu 311 quilômetros quadrados de floresta em dois anos

Quando o Padre Anchieta assinou, há exatos 451 anos, a "Carta de São Vicente", onde descrevia a biodiversidade das florestas tropicais da Mata Atlântica, ele dificilmente imaginava o quanto a devastação se faria presente no bioma com o passar do tempo. Esta sexta-feira, 27 de maio, marca o Dia Nacional da Mata Atlântica, mas a data inspira mais motivos para alerta do que comemoração.

Segundo dados do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, o bioma perdeu 311 quilômetros quadrados de floresta em dois anos, uma área maior que 30 mil campos de futebol. Os números referentes ao documento foram divulgados na quinta-feira (26) pela Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).


O atlas avaliou a situação de remanescentes da vegetação original em 16 estados que fazem parte do bioma: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo. Só o Piauí ficou de fora, por causa da indefinição das formações florestais naturais no estado.

Entre 2008 e 2010, a maior parte do desmatamento na Mata Atlântica foi registrado em Minas Gerais. No estado, foram derrubados 124 quilômetros quadrados de vegetação nativa. Bahia e Santa Catarina aparecem em seguida, com 77 quilômetros quadrados e 37 quilômetros quadrados a menos de florestas no período.

Os dados do Inpe e da SOS Mata Atlântica mostram que em todos os estados houve queda no ritmo do desmate nos últimos anos. Na comparação com o período avaliado pelo levantamento anterior, de 2005 a 2008, houve queda de 55% no ritmo da derrubada. No entanto, de acordo com a diretora de gestão do conhecimento da ONG, Márcia Hirota, é preciso manter os esforços para conservação do bioma, que atualmente só tem 7,9% da área que ocupava originalmente.

“Quase acabamos com a Mata Atlântica, o que ainda existe precisa ser preservado a qualquer custo. É preciso ficar alerta, porque, apesar da queda, as ameaças ainda são grandes. Ainda observamos desmates para reflorestamento [com espécies não nativas], para pastagens e para transformação em carvão”, explicou Hirota à Agência Brasil.

O atlas também aponta os municípios que mais desmataram a Mata Atlântica no biênio 2008-2010. Quatro dos cinco primeiros municípios do ranking são mineiros: Ponto dos Volantes e Jequitinhonha, na região do Vale do Jequitinhonha, e Pedra Azul e Águas Vermelhas, no Norte do estado. Andaraí, na Bahia, completa o rol dos campeões de desmate.

“Nessa região, a mata foi derrubada para exploração de carvão, e agora as árvores estão sendo substituídas por eucaliptos”, denunciou Márcia Hirota.

O bioma

Uma das ecorregiões mais ricas do mundo em biodiversidade, a Mata Atlântica possui importância vital para 128 milhões de brasileiros espalhados por 17 estados, do Ceará ao Rio Grande do Sul. O bioma, cujas áreas naturais regulam o fluxo dos mananciais hídricos, asseguram a fertilidade do solo, controlam o equilíbrio climático e protegem as encostas.

A Semana Nacional da Mata Atlântica, que terminou na sexta-feira passada, foi criada para valorizar a ecorregião, considerada Patrimônio Nacional pela Constituição Federal de 1988. Em 21 de setembro de 1999, um decreto presidencial instituiu a data de 27 de maio como o Dia da Mata Atlântica.

O dia foi escolhido porque, em 27 de maio de 1560, o Padre Anchieta assinou a "Carta de São Vicente", onde descreveu a biodiversidade das florestas tropicais. Desde 2002, o evento é realizado em distintas cidades onde há ocorrência da Mata Atlântica - neste ano, Curitiba, capital do Paraná, abrigou as principais atividades.



Saiba mais do Contador de Árvores:

Em 2008, o governo do estado do Rio de Janeiro, por meio de sua Secretaria de Estado do Ambiente (SEA), criou o projeto “Contador de Árvores da Mata Atlântica”. À época apenas um relógio digital instalado no Instituto de Pesquisas Jardim Botânico (JBRJ, que ainda abriga esta verdadeira escultura viva, feita com espécies originais do bioma), ele tinha a função de contabilizar as árvores nativas plantadas em todo o território Fluminense, pelos diferentes setores da sociedade, a partir do primeiro dia de 2007.

Em 2009, porém, o ITPA foi convidado a ser parceiro na iniciativa e ajudou a transformá-la em uma ferramenta de mobilização da sociedade para a importância do plantio e da manutenção das florestas de pé. Além de seqüestrar carbono, elas prestam uma série de serviços ambientais, como administração da água e a preservação da biodiversidade. A meta é chegar aos 24 milhões de árvores em 2016, data dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

Uma das ações é o Dia do Clima (Dia C), realizado sempre em 21 de setembro, Dia da Árvore. Na ocasião, todos são convocados a plantar o maior número possível de mudas nativas em 24 horas.


Resultados

Um dos trabalhos efetuados pelo ITPA no âmbito do Contador, em parceria com a Secretaria de Estado do Ambiente e o Instituto BioAtlântica, foi o “Diagnóstico da Rede de Viveiros e Coletores de Sementes do Estado do RJ”, uma vez que não se sabia qual era o verdadeiro potencial e a forma como as mudas estavam sendo produzidas. Isto gerava muita insegurança, não apenas para o governo, mas também para as indústrias que possuem grandes metas de restauração. O mapeamento resultou em mais de 70 viveiros com capacidade de produzir até 10 milhões de árvores/ano e que empregam cerca de 400 pessoas. A análise é fundamental para que os projetos de restauração previstos nos próximos anos na região tenham qualidade e gerem trabalho e renda, característica básica da dupla: preservação da natureza/desenvolvimento econômico.

Projeto tenta recuperar o palmito da Mata Atlântica


Fundação Boticário promove semeadura de palmeira-juçara


Um helicóptero da Polícia Militar foi utilizado na ação

Duas toneladas e meia de sementes de palmeira-juçara (ou de palmiteiro-juçara) foram espalhadas em junho na Reserva Natural Salto Morato, em Guaraqueçaba-PR, de propriedade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.

A iniciativa foi realizada em dois momentos, um pelo ar, com um helicóptero da Polícia Militar, que foi disponibilizado para a ação por meio de uma parceria entre a Fundação Grupo Boticário e o Batalhão da Polícia Ambiental do Paraná. No outro momento, um grupo de voluntários efetuou a semeadura por terra.

A ação de semeadura tem por objetivo contribuir para recuperar a população de palmeira-juçara (Euterpe edulis – Arecaceae) na Reserva. A região de Guaraqueçaba, no litoral do Paraná, é área natural de ocorrência da espécie, mas, assim como ocorre em toda a Mata Atlântica, o extrativismo predatório da palmeira para venda do seu principal produto, o palmito, levou a espécie a ser praticamente dizimada e incluída na lista oficial de espécies ameaçadas de extinção do Ministério do Meio Ambiente. Em 2011, foi realizado um estudo que confirmou a baixa densidade dessa planta também na área da Reserva Natural Salto Morato. “Por isso, a nossa intenção é recuperar parte do ecossistema da região, de acordo com o plano de manejo da Reserva”, explica o coordenador de Áreas Protegidas da Fundação Grupo Boticário, Gustavo Gatti.

Na ação por terra, as sementes foram semeadas por um grupo de aproximadamente 20 pessoas, das quais 14 foram voluntários. “Essa é uma iniciativa que também contribui para formar agentes multiplicadores em prol da causa da conservação”, diz Philipp Stumpe, analista de projetos ambientais da Fundação Grupo Boticário e responsável pela organização da ação de semeadura.

Sobre o lançamento aéreo, comandante do Batalhão da Polícia Ambiental, tenente coronel Chehade Elias Geha, afirma que é com muita satisfação que o Batalhão participa da ação como parceira da Fundação Grupo Boticário. “Durante muitos anos o homem vem degradando de forma acentuada o meio ambiente e hoje chegamos a um ponto em que a união de esforços para a preservação dos recursos naturais é fundamental para a manutenção de condições de vida saudáveis”, diz. Para ele, essa ação de semeadura é, literalmente, “uma semente que foi plantada visando à conscientização de toda a população do litoral do Estado para a importância do uso sustentável dos recursos naturais", destaca.

Fiscalização

Todos os locais onde foram lançadas as sementes ficam dentro da Reserva Natural Salto Morato e eles serão mapeados e monitorados nos próximos anos, de modo que o crescimento das palmeiras possa ser acompanhado. Paralelamente a isso, a Fundação Grupo Boticário está reforçando a fiscalização da Reserva, para garantir a conservação da biodiversidade.

“Nessas ações de fiscalização, a Reserva Natural Salto Morato e outras unidades de conservação da região contam com o apoio do Batalhão de Polícia Ambiental, que é responsável por zelar pelo cumprimento da lei. O trabalho do batalhão é indispensável para a proteção da natureza“, ressalta Gatti.

Palmeira-juçara

A palmeira-juçara é uma espécie de extrema importância para a biodiversidade da Mata Atlântica porque seus frutos servem de alimento para mais de 70 espécies da fauna que vivem na região, entre elas a jacutinga, que também está ameaça de extinção.

Além disso, a palmeira-juçara promove a preservação e ampliação das florestas e ecossistemas associados à Mata Atlântica ao atrair animais que se alimentam dos seus frutos e dispersam essas e outras sementes, promovendo a regeneração da Mata Atlântica.Com isso, contribui para a regulação do fluxo dos mananciais, manutenção da fertilidade do solo, fixação do carbono e a proteção das encostas das serras e morros.

O alto valor comercial do palmito faz dele um dos produtos florestais mais explorados há séculos, e para sua obtenção é necessário o corte da palmeira, levando-a à morte. Devido ao extrativismo predatório e ilegal do palmito, a planta é cortada antes mesmo de se reproduzir, causando um grande impacto na regeneração natural. Hoje, a espécie passa por um momento crítico pela expressiva redução de suas populações naturais.

Você pode não perceber quando come palmito na salada, pizza ou pastel, mas a árvore que produz o palmito, a palmeira-juçara, é uma das espécies ameaçadas de extinção da Mata Atlântica.

Devemos nos certificar da procedência do palmito consumido para evitar a sua exploração ilegal. Isso fez com que a palmeira-juçara fosse considerada como “Em perigo” na lista de espécies ameaçadas do Ministério do Meio Ambiente. Evitando indiretamente aumentar ainda mais o risco de extinção de outras espécies da Mata Atlântica, como o macuco, a jacutinga, e aves que se alimentam do palmito. 

Espécies-bandeira

A ação de semeadura também faz parte do Projeto Fauna e Flora em Risco, iniciado em 2010 na Reserva Natural Salto Morato. O projeto tem como objetivo a conservação de três emblemáticos habitantes da Mata Atlântica e que são utilizados como bandeira para as ações de conservação da Reserva: palmeira-juçara, jacutinga e macuco. Tanto o macuco como a jacutinga necessitam de ambientes preservados para viver, por isso são consideradas boas indicadoras ecológicas e estão intimamente relacionadas a essa palmeira em função do consumo de seus frutos.

sábado, 23 de junho de 2012

Edgar Morin, cacique Raoni e Marina Silva se unem para defender as florestas

Quando a fraternidade é real, os espíritos se confraternizam


Filósofo francês participou de debate organizado pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável ao lado do cacique Raoni e da ex-ministra Marina Silva

O filósofo francês Edgar Morin pediu a proteção dos povos e comunidades tradicionais, especialmente na Amazônia, durante o workshop “A Terra está inquieta”, organizada por professores do Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS) da Universidade de Brasília. “O humanismo reservado aos conquistadores não é humanismo. Tem que estar relacionado à diversidade de pessoas no mundo. Sem isso, é uma visão mutilada”, disse, em português.

“Todos os humanos formam uma comunidade de destino, uma Terra pátria, e nós somos filhos da Terra, de uma evolução biológica. Filhos do sol, porque sem os raios de sol não existe nenhuma possibilidade de vida. A humanidade é a diversidade de todas as culturas”, refletiu, endossando o coro do cacique Raoni, também presente à mesa de debate, ao lado de Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente.

Uma das lideranças indígenas de maior notoriedade internacional, Raoni apelou diretamente à presidente Dilma Rousseff para proteger as florestas. “Os jovens têm que falar para a Dilma respeitar floresta, rio, terra, senão teremos muito frio, muito sol, pouca sombra, muito vento”, afirmou. Em seguida, Raoni divertiu a plateia ao revelar que tivera um dia cansativo e que terminaria sua fala. Já passava das 21h.

Mariana Silva defendeu diretrizes claras para o desenvolvimento sustentável, independentemente dos governos. “É preciso que a gente tenha uma ferramenta política. Sustentabilidade tem de ser cultural e o termo de referência é: energia limpa e segura, diminuição da intensidade do uso de materiais a partir dos quais produzimos os nossos bens. Não dá para ter a mesma quantidade de emissão de CO²”, exemplificou.


A ex-ministra afirmou que a humanidade vive múltiplas crises: econômica, social, ambiental e política. “Quando uma crise é constituída de múltiplas crises, é uma crise civilizatória. Não tem como ser enfrentada por uma pessoa, um partido, uma universidade, mas por uma humanidade. Em uma crise civilizatória, não há uma liderança, há várias”, pontuou.

Sobre o aspecto político da crise, Marina não poupou críticas ao novo Código Florestal. “É uma ética de circunstâncias, o poder pelo poder, o dinheiro pelo dinheiro. Estamos sacrificando recursos de milhares de anos por lucros de algumas décadas, quando destruímos a base legal que sustenta a proteção de nossa biodiversidade”, disparou.


Pedro Rafael Ferreira - Da Secretaria de Comunicação da UnB

Especialistas propõem Declaração Universal dos Direitos da Natureza



"O bem viver diz que o melhor não é acumular mais, o melhor é viver melhor"
Constituição do Equador



A atual crise ambiental exige esforço e compromisso global de todos os povos. Partindo dessa avaliação, especialistas sugeriram a adoção de uma Declaração Universal dos Direitos da Natureza e até mesmo um Tribunal Internacional para julgar crimes ambientais. O tema foi discutido no workshop internacional A Terra está inquieta, parte da programação oficial da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, no dia 19 de junho de 2012.

Segundo a ministra do Patrimônio do Equador, Maria Fernanda Espinosa, para que haja transformação efetiva, é preciso mudar o sentido das denominações usadas pelos governos. "Temos que fazer uma mudança de linguagem. Não basta desenvolvimento, o mesmo de sempre, só que agora tingido de verde. Não basta economia, a mesma de sempre, mas agora tingida de verde. Não basta mudar os adjetivos das mesmas palavras de antes, temos que mudar os substantivos", analisou.

Para o senador chileno Guido Girardi, do Partido para a Democracia (PPD), é preciso pensar o planeta como um sistema vivo interdependente, que não exclua o ser humano. "Nós somos a natureza. Essa separação do homem em relação ao natural foi uma motivação religiosa", criticou.

BEM-VIVER

Maria Fernanda comentou sobre o conceito do bem-viver (buen vivir, em espanhol), incorporado à Constituição equatoriana de 2008, em contraposição à ideia de desenvolvimento. "A palavra desenvolvimento, com qualquer adjetivo, sempre estará fincada à noção de máximo lucro, consumo, interesse privado sobre o coletivo e desrespeito aos limites biofísicos da Terra. Essa mudança de substantivo implica mudanças de políticas públicas. O consumo não pode ser mais parâmetro de felicidade", completou.

"O Equador trouxe na sua Constituição a natureza como sujeito de direito. O bem viver diz que o melhor não é acumular mais, o melhor é viver melhor", comentou Rogério Portanova, professor de Direito naUniversidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O docente acredita na construção um direito planetário para preservação da natureza. "Há constatações científicas de que estamos chegando aos limites aceitáveis do planeta. A economia verde vai tratar os bens da natureza com bens de capital. A água terá um valor e quem consumir terá de pagar. O que os cientistas tem que dizer é que são bens comuns da humanidade", apontou.

DECLARAÇÃO

"Necessitamos de um pacto global para cuidar dos bens públicos globais. Esses bens necessitam de proteção especial", propôs a ministra do Patrimônio do Equador. Em seguida, Maria Fernanda comentou o esforço da diplomacia equatoriana em incluir no rascunho preparado pelos negociadores da Rio+20 alguma referência aos direitos da natureza, inclusive a instalação de um tribunal internacional para julgar delitos contra o meio ambiente. "Isso vai requerer um marco normativo que poderia ser uma Declaração Universal dos Direitos da Natureza", observou.

"O direito tem a responsabilidade e a obrigação de normatizar a vontade de fazer com que todos nós nos mantenhamos vivos", concordou Portanova, da UFSC. Ao comentar a atuação dos partidos políticos, o senador Girardi, do Chile, disse que é preciso superar o esquema "linear" de organização. "A natureza é um sistema, se organiza como em rede. Os jovens de hoje se organizam em rede, mas os partidos insistem na separação em núcleos. Também é preciso enfrentar essa crise de pensamento", finalizou.

FONTE

UnB Agência
Pedro Rafael Ferreira - Jornalista

A questão hidrelétrica no Brasil



                Réplica do gerador da usina de Marmelos, em Juiz de Fora, Minas Gerais


Um país que precisa de mais energia elétrica para crescer pode abrir mão da água como sua principal fonte de geração?

Itaipu é responsável por gerar 17% da energia consumida no Brasil. Durante sua construção, foram removidas mais de 40 mil pessoas e uma grande área foi alagada. Mas, hoje, a renda per capita da população de Foz do Iguaçu é 25% maior que a média nacional

Em 22 de agosto de 1889, a água do rio Paraibuna girou pela primeira vez uma das duas turbinas importadas dos Estados Unidos compradas para a usina de Marmelos, na cidade mineira de Juiz de Fora. Naquele dia, eram gerados os primeiros watts-hora (Wh) de energia hidrelétrica da América Latina. A usina foi construída pelo industrial mineiro Bernardo Mascarenhas, que, ao visitar a Exposição Universal de 1878, em Paris, decidiu construir uma tecelagem que seria abastecida com energia de origem hidráulica. Meses depois de inaugurada, a primeira hidrelétrica brasileira passou a fornecer eletricidade para manter acesas 180 lâmpadas da iluminação pública de Juiz de Fora, antes alimentada a gás.

Dos primeiros 250 quilowatts de potência na usina Marmelos aos atuais 84.736 megawatts (MW) de capacidade hidrelétrica instalada no Brasil passaram-se mais de 120 anos e, apesar dos avanços tecnológicos e do tamanho das novas usinas, gerar eletricidade da água continua sendo basicamente igual: a força contida na correnteza dos rios movimenta uma turbina acoplada a um gerador, que transforma energia mecânica em elétrica.


                Usina de Marmelos, a primeira hidrelétrica da América Latina, em Juiz de Fora, Minas Gerais

Mas nunca na história deste país as hidrelétricas causaram tanta polêmica como agora. O centro da atual discussão é a construção da usina de Belo Monte, no Pará, a ser erguida às margens do rio Xingu. A obra, cujo preço é estimado em 32 bilhões de reais, deverá ser a terceira maior hidrelétrica do mundo – atrás apenas das de Três Gargantas, na China, e Itaipu, no Brasil – e criou dois times que lutam em campos opostos. No grupo dos especialistas, dos analistas econômicos e do próprio governo, apenas grandes hidrelétricas serão capazes de fornecer energia limpa e barata em escala suficiente para satisfazer a demanda crescente por luz elétrica no país. No time dos ecologistas e dos ativistas sociais, os ganhos são bem menores em comparação ao rastro de destruição que elas deixam para o meio ambiente, para as populações indígenas e para as comunidades ribeirinhas. Entre os dois pontos de vista, há um fato e um dilema: o Brasil é o país com o maior potencial hidrelétrico do mundo, com mais de 260 mil megawatts já catalogados. Apenas um terço disso é explorado. A riqueza dos rios brasileiros para geração de eletricidade é uma bênção da natureza ou uma maldição, que nos acompanhará por todo o século 21?

Poucos países no mundo desfrutam de um sistema hídrico tão generoso quanto o nosso. Os livros escolares apontam que 55.455 quilômetros quadrados (do total de 8.514.876 quilômetros quadrados que compõem a área do território brasileiro) estão cobertos por água, distribuídos em rios, lagos e riachos. É a abundância de rios e quedas-d’água que produz o enorme potencial de energia hidráulica. Hoje, estão em operação mais de 180 grandes usinas, responsáveis por quase 70% da produção nacional de energia elétrica. Isso também faz do país o segundo maior produtor de energia hidrelétrica no mundo, com 12% da geração mundial, perdendo apenas da China. Segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão ligado ao Ministério de Minas e Energia, outros 73 projetos hidrelétricos estão em construção, incluindo as pequenas centrais. E mais 24 estão programados até 2020. A lista de projetos deve atender à crescente demanda. Estima-se que até aquele ano o consumo no Brasil deva atingir 730 mil gigawatts-hora (GWh) – 52% a mais do que consumimos em 2011.


A imensa necessidade de energia é explicada pela expectativa de fortalecimento da economia brasileira. Nos últimos cinco anos, o país cresceu em média 4% ao ano, o que nos posicionou como a sexta maior economia do planeta. Um dos aspectos mais visíveis desse bom momento foi a ascensão de mais de 30 milhões de brasileiros à chamada nova classe média. Os consumidores emergentes não hesitam em comprar televisores, geladeiras, freezers, computadores, celulares e toda a sorte de eletrodomésticos – e, com isso, aumentam o consumo de luz.

Até 2020, o Brasil terá de ampliar a capacidade de geração dos atuais 115 mil megawatts para 171 mil megawatts. Para cumprir essa meta, o governo federal aposta na expansão de diferentes matrizes de produção. A geração de energia nuclear, que, no passado, era o alvo preferencial dos ecologistas, deverá crescer 70% com a entrada em operação da usina Angra 3, prevista para 2016. Os investimentos também serão generosos na promissora alternativa eólica. Mas, mesmo com essa diversificação e o aumento de capacidade de outras fontes, mais da metade da expansão energética se dará por meio das grandes hidrelétricas. Serão acrescidos ao sistema mais 30 mil megawatts – potência suficiente para abastecer as regiões Norte e Nordeste juntas. Para pânico dos ambientalistas, quase toda a nova capacidade instalada deverá ocorrer na região amazônica.



por Fabiane Stefano
Fonte: NATIONAL GEOGRAPHIC BRASIL

XTerra Brasil começou hoje em plena Floresta Amazônica





O percurso de Manaus do XTerra é considerado muito técnico e difícil


Sábado é dia de adrenalina. Hoje, dia 23 de junho, tem início a etapa brasileira do XTerra World Tour, em Manaus. A competição, que acontece em meio à Floresta Amazônica, leva os 40 melhores colocados do triathlon para a grande final mundial no circuito XTerra no Havaí, em outubro.

Os atletas enfrentam, a partir das 8h, o percurso de 1,5 quilômetro de natação, 30 quilômetros de mountain bike e mais nove quilômetros de corrida realizados na Base de Instrução 4 (BI-4) do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) do Exército Brasileiro. O local é destinado a qualificar militares como guerreiros da selva, aptos a cumprir missões em áreas mais inóspitas da Floresta Amazônica.


Entre os favoritos para a disputa estão a santista Luzia Bello, campeã das últimas três etapas do XTerra no Brasil este ano, em Natal, Ilhabela e Teresópolis, e Felipe Moletta, vice-campeão do XTerra Manaus em 2011.

Luzia busca o tricampeonato brasileiro de triathlon cross country e, sobretudo, a vaga para o mundial. “2012 vem sendo bom para mim. Resultados a gente não espera, corre atrás. O mais importante é estar sempre focada nos objetivos”, comenta.

E a etapa que estás prestes a encarar promete grandes emoções. “O circuito é bem técnico. Nadamos no rio, onde você não enxerga um palmo à sua frente e já começa a adrenalina. Depois, pedalamos por estradas e trilhas do ‘Quadrado Maldito’, bem difícil. Já na corrida, os primeiros cinco quilômetros são dentro de uma mata fechada, com muitos obstáculos naturais”, analisa a triatleta. “A natureza nesse local é incrível”.


O melhor brasileiro de 2011, Felipe Moletta, também garante um bom desempenho nesta edição, já que para este ano intensificou seus treinos de mountain bike. “Priorizei os treinos de bicicleta, pois Manaus tem um circuito muito difícil e técnico de mountain bike, com muitas subidas e tracks”, conta.

Além da tradicional competição de triathlon, o XTerra Manaus conta com uma corrida noturna em trilhas, nas distâncias de cinco e dez quilômetros, e também uma corrida infantil para as crianças começarem a se envolver no esporte. As duas provas serão realizadas na Praia de Ponta Negra.



Acompanhe a cobertura completa do XTerra este fim de semana no:



quarta-feira, 20 de junho de 2012

BBC HD chega ao Brasil e aposta na vida selvagem


Recém-lançado, canal também prevê a série sobre a fauna brasileira 'The Wild Brasil' para 2014


A série "Planet Earth Live"


Jana Benett, presidente da BBC Worldwide Networks, braço comercial da rede britânica: 'Esse é o momento de investir no Brasil'

O fato de o Brasil ter mais domicílios com TV do que com geladeira foi o que mais impressionou a equipe da BBC na pesquisa sobre o País, contou, em entrevista ao Estado, a presidente da BBC Worldwide Networks, Jana Bennett, que há 20 anos visita o País a trabalho. “Vocês têm uma cultura televisiva incrível e há uma tremenda projeção do crescimento do HD. Esse é o melhor momento para investir.”

O BBC HD conseguirá se adequar à nova lei da TV paga (que prevê conteúdo nacional em horário nobre) já em setembro?

Sim. Vamos começar com a série Recortes do Brasil, do Canal Futura, sobre meio ambiente, história e cultura. Depois, queremos investir em música brasileira, em uma série sobre a selva da América do Sul, e na série The Wild Brasil, já em produção. Já a dramaturgia é um plano para quando o canal estiver estabelecido.

O que você achou dessa lei?

Acho que essa lei pode nos beneficiar, porque permite que canais estrangeiros se conectem mais com a cultura brasileira, aumentando a atratividade e importância do canal no País. E vamos produzir conteúdo que poderá ser exportado, o que é ótimo, ainda mais agora, com os olhos do mundo voltados ao País, por causa da Copa e da Olimpíada. Temos é que ser criativos, com abordagens de relevância e apelo mundiais, mas que falem diretamente com o povo brasileiro.

Vocês vão continuar a vender conteúdo para outros canais?

O número de produções da BBC não cabe num único canal. E é bom que nossos programas fiquem conhecidos do grande público. Então, sim, continuaremos a vender programas. Mas claro que precisamos fortalecer o canal BBC HD no Brasil. O que pode acontecer é o Fantástico, da Globo, agora exibir nossos documentários editados, e a íntegra ficar reservada para o canal pago.

Que conteúdo vocês acham que os brasileiros preferem?

Só com o canal no ar veremos o que funciona. Música britânica tem público aqui, vide o Rock in Rio. Sherlock é uma trama universal e foi bem recebida em muitos países. Mas aposto em Top Gear (programa automobilístico). Aqui é o país do Ayrton Senna, vocês amam carros. E, ainda que não tenhamos data para levar ao ar, acho que shows como oDancing with the Stars podem dar certo.

Presente no Brasil, via rádio, desde 1938, a rede britânica BBC demorou a ter no País um canal próprio para escoar suas milhares de produções de entretenimento, entre documentários, séries de ficção e reality shows, comercializados pelo mundo todo. Mas agora, com o recém-lançado BBC HD - canal presente nos pacotes mais caros da Net (e, ao menos nos próximos quatro meses, exclusivo da operadora), pretende recuperar o tempo perdido. Pelo menos nesse início em terras brasileiras, o canal terá a maior parte da grade voltada à vida selvagem e documentários sobre ciência e culturas. E há uma razão para isso. "Nossa audiência, em qualquer parte do mundo, é aficionada pelos documentários", disse o produtor executivo Tim Scoones.

Há 20 anos dedicado a programas de vida selvagem, Scoones é também responsável pela maior aposta do canal para capturar a audiência brasileira neste primeiro mês de vida: a série Planet Earth Live, um docu-reality que demandou custos da ordem de US$ 7 milhões, para uma produção de apenas um mês - e que aqui estreia hoje, às 20 horas.

Ideia que demorou dez anos para sair do papel e 18 meses para ser preparada, Planet Earth Live mostra a rotina pela sobrevivência de seis filhotes de diferentes espécies, em maio passado, tido como mês crítico em vários continentes, pelos eventos climáticos e biológicos associados à primavera no Hemisfério Norte e ao outono no Sul. São famílias de elefantes e de leões, no Quênia; de ursos-negros, em Minessota, nos EUA; de macacos, no Sri Lanka; de suricatos na África do Sul; e de baleias-cinza no Pacífico.

A audácia da série está no fato de que, no Reino Unido, ela foi exibida quase ao vivo, com cinegrafistas e apresentadores interagindo com alguns dos animais. Lá, porém, esse "quase ao vivo" gerou críticas, já que a propaganda anunciava "imagens em tempo real de criaturas magníficas" e pouco tempo foi dedicado a imagens realmente ao vivo.

Aqui, porém, a série já chega devidamente editada, em seis episódios (no ar às terças e quintas), com belas imagens e muito apelo dos reality shows. "Não é o Big Brother, mas também parece uma novela, com drama e cenas de bastante emoção", explica Scoones. "Contamos um mês de história na vida desses animais, mas o roteiro foi a natureza quem escreveu. É um reality show sem celebridades fake."

The Wild Brasil. Com apenas três semanas de existência, o BBC HD já entra no País com a obrigação de cumprir a nova lei da TV paga (Lei n.º 12.485/11), que prevê exibição de conteúdo nacional feito por produtora independente em horário nobre a partir de setembro. Por enquanto, a BBC conversa com as produtoras Mixer e Bossa Nova Films, mas segundo executivos do canal, nos últimos meses aumentou a procura por produtoras brasileiras interessadas em firmar parcerias com a rede.

O único projeto fechado até agora é com a Bossa Nova, na série The Wild Brasil, prevista para janeiro de 2014, com três episódios de uma hora. "Já estamos gravando na caatinga do Piauí e, em breve, vamos para o Cerrado, para o Pantanal e Amazônia", conta o produtor da Unidade de História natural da BBC, Joe Stevens, que mora no Brasil.

Segundo Tim Scoones, não se trata de um reality, mas de uma série selvagem tradicional e, apesar de retratar a natureza de locais batidos, a produção vai fugir dos clichês. "Jacarés do Pantanal, todo mundo já viu aos montes. Mas estamos investindo em qualidadade, em câmeras que ficam estáveis na proa dos botes, aviões e helicópteros. Vamos poder segui-los rio abaixo e nos aprofundar em espécies que nem mesmo os braileiros conhecem direito, além de poder divulgar o trabalho dos cientistas do País", garante Scoones.

ALLINE DAUROIZ - O Estado de S.Paulo

"Faltou decisão", diz FHC sobre texto final da Rio+20



"Faltou mais decisão". O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criticou nesta quarta-feira, no Forte de Copacabana, o documento final da Rio+20. Ele classificou o texto como "um pouco decepcionante" e também disparou contra os chefes de estado e de governo reunidos no Riocentro. FHC disse que, aparentemente, eles "querem escapar desse compromisso".

Esta é a opinião do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso acerca do texto final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que foi encaminhado aos chefes de Estado para o início das discussões nesta quarta, dia 20.

"Acho que a ideia de desenvolvimento sustentável tem que incluir não só o combate à pobreza e às injustiças, mas também respeito aos limites da natureza. Não é que a Terra vai acabar, é a humanidade que vai acabar", afirmou FHC em encontro com os presidentes da Fiesp, Paulo Skaf, e da Firjam, Eduardo Eugênio Gouveia, no mesmo hotel em que o também ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou com o chefe de Estado francês, François Hollande. "Não vim para encontrar nenhum dos dois", deixou claro.

Para FHC, os governos dos mais de 190 países que participam da Rio+20 deveriam ser mais efetivos em busca de soluções práticas para o planeta. "Participei de uma reunião dos The Elders (grupo de líderes globais, com prêmios Nobel de química e física) e eles são claros em dizer que a partir de 2015 é irreversível. Os governos, a meu ver, deveriam ser mais afirmativos nas conclusões", afirmou, citando também que o texto "poderia ter sido mais agressivo no sentido de tratar das causas do aquecimento global".

O documento final da Rio+20

O documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, aponta que os temas polêmicos e sem consenso ficarão para uma próxima cúpula. O documento, concluído na madrugada de terça-feira, tenta apaziguar o impasse com uma redação generalista sobre investimentos e metas.

No texto amplo, os aspectos sociais são destacados, ressaltando o esforço conjunto para a erradicação da pobreza, a melhoria na qualidade de vida e o ser humano no centro das preocupações. O documento tem 49 páginas, uma a menos que o texto anterior concluído no sábado. Inicialmente, o material chegou a ter 200 páginas, depois foi reduzido a 80, em seguida para 50 e agora para 49.

O documento está dividido em seis capítulos e 283 itens (o anterior tinha quatro a mais). Os capítulos mais relevantes são os que tratam de financiamentos e meios de implementação (relacionados às metas e compromissos que devem ser cumpridos).

De um total de 193 delegações, apenas os representantes dos países desenvolvidos, liderados pelos Estados Unidos e pela União Europeia, resistiam a fechar o rascunho em nível técnico. Os europeus insistiam em levar a discussão para os ministros de Estado.

Financiamentos e Tecnologia

Exatamente como queriam os países ricos, foram excluídos os detalhes sobre repasses financeiros, a imposição de cifras, a criação do fundo para o desenvolvimento sustentável, especificações sobre economia verde e transferência de tecnologia limpa. O Brasil e vários países em desenvolvimento defendiam a criação do fundo anual de US$ 30 bilhões, a partir de 2013, e que alcançaria US$ 100 bilhões, em 2018. Mas os países desenvolvidos rejeitaram a proposta.

A proposta do fundo foi substituída por vários parágrafos, nos quais são estabelecidos compromissos conjuntos, como a criação de um fórum para apreciar o tema a partir de nomeações da Assembleia Geral e da parceria com as agências da Organização das Nações Unidas (ONU).

No texto há, ainda, seis itens com recomendações para os países fortalecerem as parcerias para a transferência de tecnologia limpa. Mas sem impor normas, pois a questão divide os países desenvolvidos e os em desenvolvimento. Em situações de impasse, o documento sugere que os ricos colaborem para o desenvolvimento sustentável, ação que vale também para as questões relativas à capacitação e ao comércio.

Preocupação Social

Em praticamente todo o texto, há uma preocupação clara e explícita com as questões sociais o que, para os negociadores brasileiros, indica um avanço. Ao longo do documento, há a recomendação pelo esforço de erradicar a pobreza e garantir o desenvolvimento sustentável com inclusão social. No primeiro capítulo a ordem é explícita.

"Reafirmamos também a necessidade de se alcançar o desenvolvimento sustentável: a promoção sustentada, inclusiva e justa do crescimento econômico, criando maiores oportunidades para todos, reduzindo as desigualdades, elevar os padrões básicos de vida, promoção do desenvolvimento social equitativo e inclusão, e promover a gestão integrada e sustentável dos recursos naturais recursos e dos ecossistemas que suportam nomeadamente econômico, desenvolvimento social e humano, facilitando a conservação do ecossistema, regeneração e recuperação e resistência em face de novos desafios e emergentes", diz o texto.

Exatamente como no rascunho anterior, concluído no fim de semana, o texto dá atenção privilegiada à África. A recomendação é que todos se unam na tentativa de ajudar os países africanos, embora ressalte que isso já ocorre. "Notamos que a ajuda à África tem aumentado nos últimos anos. No entanto, ela ainda está aquém em compromissos que foram feitos anteriormente. Ressaltamos a prioridade fundamental para a comunidade internacional de apoiar os esforços sustentáveis de desenvolvimento de África", diz o documento.

Economia Verde

Um dos itens mais polêmicos debatidos ao longo dos últimos dias foi o conceito de economia verde. Há divergências de interpretação e compreensão entre países desenvolvidos e os em desenvolvimento. No caso dos países ricos, a preocupação está relacionada com as questões relativas à produção, ao consumo e à comercialização de mercadorias. Para evitar controvérsias, foram colocadas recomendações gerais.

"Afirmamos que existem diferentes abordagens, visões, modelos e ferramentas disponíveis para cada país, de acordo com suas circunstâncias e prioridades nacionais, para alcançar o desenvolvimento sustentável nas suas três dimensões que é o nosso objetivo primordial", diz o texto. Em seguida, há 16 recomendações (antes eram 15) sobre como inserir o conceito de economia verde nos esforços pelo desenvolvimento sustentável e pela inclusão social, respeitando a soberania nacional.

Há menções para os esforços conjuntos para transformar o mundo em uma sociedade equitativa e com oportunidades para todos, assim como aumentar o "bem-estar dos povos indígenas em suas comunidades", assim como para mulheres, crianças, jovens e pessoas com deficiência.

No capítulo sobre temas específicos, são mencionados erradicação da pobreza; segurança alimentar e nutricional e agricultura sustentável; energia; turismo sustentável; transporte sustentável; cidades sustentáveis e assentamentos humanos; saúde e população; promoção de emprego pleno e produtivo e do trabalho digno para todos com garantias de proteções sociais e oceanos, além de estados insulares.

Na parte final do documento, há recomendações sobre os esforços para reduzir os riscos de desastres que se refere a medidas que devem ser adotadas para alertar sobre perdas de vidas e os danos econômicos e sociais causados por essas situações. No ano passado, o Japão viveu um dos piores terremotos da sua história, enquanto Haiti e Chile ainda tentam se recuperar dos tremores de terra recentes.

No capítulo sobre mudança climática, a preocupação é evidente, mas não há recomendações pontuais sobre o mínimo e o máximo, por exemplo, permitidos de emissão de gases de efeito estufa. "Estamos profundamente preocupados que todos os países, particularmente os países em desenvolvimento, que são vulneráveis aos impactos adversos das alterações climáticas e estão experimentando os impactos aumento incluindo a seca persistente e eventos climáticos extremos, elevação do nível do mar, erosão costeira e acidificação dos oceanos, ameaçando ainda mais a segurança alimentar e os esforços para erradicar a pobreza e alcançar o desenvolvimento sustentável", diz o documento.

Greenpeace e WWF advertem sobre fracasso da Rio+20




Balão da ONG World Wildlife Fund (WWF) é montado do lado de fora do Riocentro, onde acontece a Rio 20

As ONGs Greenpeace e WWF condenaram duramente o projeto do acordo individual discutido nesta terça-feira na conferência da ONU Rio+20, e advertiram que a cúpula pode se converter em um fracasso se os líderes mundiais não vierem "ao resgate".

"A Rio+20 se transformou em um fracasso épico. A conferência falhou em termos de equidade, ecologia e economia", considerou Daniel Mittler, diretor de Políticas Públicas do Greenpeace em um comunicado divulgado nesta terça-feira, ao avaliar o projeto entregue nesta terça-feira pelo Brasil às delegações. "Eles nos prometeram o 'futuro que queremos' (nome que a declaração final terá), mas agora seremos reconhecidos apenas como uma máquina contaminadora que vai cozinhar o planeta, esvaziar os oceanos e destruir as florestas tropicais", seguiu Mittler, sem esperanças de que o debate desta terça-feira consiga "apenas um pequeno progresso".

O Brasil, que conduz a negociação, havia indicado sua intenção de fechar o acordo na segunda-feira, antes que uma centena de chefes de Estado e de governo começassem a chegar ao Rio. Mas diante da falta de acordo, as negociações foram adiadas para terça-feira, e as delegações debatem atualmente um texto consolidado apresentado pelo Brasil em uma reunião plenária. "Depois de dois anos de negociações, temos um texto que só gera mais processos. Isto é significativamente decepcionante. A linguagem é fraca e o resultado não se aproxima do que as pessoas e o planeta precisam", disse Lasse Gustavsson, chefe da delegação do Fundo Mundial da Natureza (WWF) na Rio+20.

Os líderes mundiais começam a chegar nesta terça-feira ao Rio, na véspera da cúpula Rio+20, que começa na quarta-feira. "Precisamos agora que os líderes mundiais venham ao resgate das negociações ou veremos mais pobreza, mais conflito e mais destruição ambiental", acrescentou Gustavsson.

domingo, 17 de junho de 2012

Seleção nada natural




Mico-leão-dourado - Mata Atlântica - Foto/Araquém Alcântara


O risco de extinção das espécies brasileiras é evidente e aumenta a cada dia. Mas o problema pode ter começado muito antes da chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil

No fim de 2000, uma ararinha-azul macho que vivia livre na natureza sumiu de Curaçá, no sertão baiano. Foi o ato derradeiro de uma luta que ecoou muito além dos limites do semiárido nordestino. A menor entre as araras brasileiras, de nome científico Cyanopsitta spixii, era uma sertaneja forte, de asas longas, com voo sofisticado e econômico de energia, adaptada ao ralo alimento encontrado no semiárido. No entanto, essa espécie evoluída em termos adaptativos era bela demais, e não forte o bastante, para resistir à predação humana.

Extinções sempre existiram, pelo menos há 3 bilhões de anos quando teve início a vida no planeta. A grande maioria das espécies que surgiram não está mais aqui. E a biodiversidade que conhecemos é resultado de complexa teia de seleção de espécies mais bem adaptadas a cada condição natural. O ser humano provocou mudanças sem precedentes na trajetória da vida. Em alguns milhares de anos, ele conquistou todos os continentes, dotado de um poder destrutivo comparável aos fenômenos responsáveis pelas extinções em massa no passado remoto - a exemplo do súbito desaparecimento dos dinossauros.

Quanto já extinguimos? "Os biólogos acham difícil apresentar sequer uma estimativa aproximada da hemorragia, porque, para começar, sabemos pouquíssimo sobre diversidade. Extinção é o processo biológico mais obscuro e localizado", explica o naturalista americano Edward Wilson. E arrisca: "A atividade humana aumentou a extinção em mil e 10 mil vezes além desse nível [o nível natural] nas florestas tropicais apenas pela redução de sua área. Claramente estamos vivendo um dos grandes espasmos de extinção da história geológica".

A ararinha-azul foi dizimada pela avidez dos traficantes de pássaros, estimulados por colecionadores que chegavam a pagar até 40 000 dólares por um único espécime. Como no processo econômico de oferta e demanda, o valor inflacionou à medida que a ave rareava. Em 1995, pesquisadores chegaram a soltar no sertão uma fêmea nascida em cativeiro. Mas o tão esperado acasalamento nunca aconteceu.

Após o sumiço do macho de Curaçá, a guerra passou a ser travada em cativeiro. O objetivo é parear os cerca de 70 exemplares existentes mundo afora, "contemplando o máximo de diversidade genética possível", informa a bióloga Yara Barros, coordenadora de cativeiro do Comitê Permanente para Recuperação da Ararinha-Azul, vinculado ao Instituto Chico Mendes. "O desafio para os próximos anos é aumentar a população em cativeiro para, no futuro, tentar a soltura na natureza." Uma questão crucial é se as matrizes existentes ainda poderão dar conta de manter uma população viável. "Infelizmente, isso é o que temos", resigna-se Yara. Além da herança genética, há os aspectos de conhecimento e aprendizagem que passam de pai para filho, como busca por alimento e técnicas de proteção contra predadores. Se a espécie retornar de fato ao ambiente, esses hábitos deverão ser reaprendidos.

O impacto da ação humana no Brasil pode ser bem mais antigo que o desembarque da esquadra de Cabral há 500 anos. Na realidade, o ser humano chegou à América do Sul há pelo menos 12 mil anos, e os primeiros grupos que povoaram os campos no continente conviveram com uma fauna estranha aos dias atuais. Os caçadores nômades foram atraídos pela fartura de grandes mamíferos, como preguiças, tatus gigantes, e outros animais, como elefantoide, toxodonte e esmilodonte - alguns maiores que bois. A chegada do ser humano coincidiu com a súbita extinção dessa megafauna, o que sugere uma associação entre os dois eventos. Os homens teriam se fartado tanto com a abundância quanto com a facilidade de caça, sem dar conta do extermínio. É apenas uma hipótese, mas pode ter sido o prenúncio do que estava por vir.

Até os portugueses aportarem, não há indícios de nenhum evento de impacto tão profundo como o extermínio da megafauna - várias espécies teriam sido extintas logo no começo da colonização. Segundo relata o historiador Warren Dean, o cronista Fernão Cardim havia descrito uma ave de penas de "quase todas as cores em grande perfeição, a saber, vermelho, amarelo, preto, azul, pardo, cor de rosmaninho, e de todas estas cores tem o corpo salpicado e espargido", que não corresponderia a nenhuma espécie encontrada nos dias atuais.

O resultado é que o Brasil é hoje o segundo país em número de espécies ameaçadas. Está atrás apenas da Indonésia, de acordo com a Fundação Biodiversitas - entidade encarregada da lista vermelha de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção que segue metodologia da União Mundial para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). De acordo com o último levantamento, existem 627 bichos ameaçados no Brasil, contra os 207 relacionados em 1989. Há sete espécies extintas definitivamente e duas extintas na natureza. "Em 1989, participaram do levantamento 22 especialistas; já em 2003 [data da última pesquisa realizada] foram 227 pessoas", explica Rafael Thiago, da Biodiversitas. "As descobertas de novas espécies e as pesquisas aumentaram; porém, ainda conhecemos bem pouco sobre nossa fauna. Mas as pressões também se tornaram mais agudas", diz. Embora imperfeitas, as listas ajudam a subsidiar políticas públicas de conservação, a fomentar a pesquisa e o manejo, e até estimulam a criação de unidades de conservação.

Não fosse uma espécie vistosa, o desaparecimento da ararinha-azul sequer teria sido registrado. As araras fascinam. Foram os bichos mais perseguidos durante a formação do Brasil, e serviam de símbolo para identificar a colônia nos mapas, com diz a legenda: "Brasilia sive terra papagallorum". Espécies exuberantes tanto atraem a cobiça de caçadores, como são capazes de sensibilizar as pessoas sobre a importância de conservá-las na natureza. E a bandeira levantada em favor de sua proteção, quando bem articulada, ajuda a proteger o bioma em que ela está inserida. É uma estratégia conservacionistas. É assim com a onça-pintada, com as baleias franca e jubarte, com outras araras; com o peixe-boi, com os primatas de forma geral e com as tartarugas-marinhas: são bichos que representam a natureza brasileira e catapultam os esforços para conservá-la.

É o caso do mico-leão-dourado, diminuto primata endêmico das florestas de baixada da Mata Atlântica no estado do Rio de Janeiro. A ação de traficantes de animais, associada ao desmatamento, reduziu a população a cerca de 250 indivíduos, em meados da década de 1960. Foi quando o alarme soou, graças à voz quase solitária do primatólogo Adelmar Faria Coimbra Filho, integrante da pioneira Fundação Brasileira da Conservação da Natureza (FBCN), cujos estudos culminaram na criação da primeira reserva biológica no país, a de Poço das Antas, em 1974. Mas a área da reserva não era suficiente para abrigar uma população viável de micos, que precisariam de fragmentos da floresta dos arredores em propriedades particulares. Sem áreas conectadas, as populações se isolariam.

Avançar as áreas florestadas para dentro das fazendas implicava romper paradigmas, como lembra a atual coordenadora do projeto Denise Rambaldi, laureada no ano passado com o Prêmio Liderança em Conservação na América Latina, da National Geographic Society. "A primeira pergunta que o fazendeiro faz é sobre o custo de oportunidade: 'Quanto eu vou perder de pasto?' Mas nós procuramos pegar pelo lado emocional, embora hoje em dia já tentamos remunerá-los, pondo as terras nos mecanismos de compensação com créditos de carbono", explica ela. Foram longos processos de negociação, e os fazendeiros envolveram-se a tal ponto que a Associação Mico-Leão-Dourado, criada em 1992 para gerir o projeto, tem hoje um como presidente. E Poço das Antas ganhou em seu entorno 17 áreas protegidas na modalidade Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), criadas por iniciativa dos próprios fazendeiros.

Sob os auspícios do pequeno mico, cuja população na natureza, no fim de 2007, somava 1,6 mil indivíduos, a Mata Atlântica como um todo se beneficiou. "O mico-leão-dourado mudou de status na lista global de espécies ameaçadas, passou de 'criticamente ameaçado' para 'ameaçado'", diz Denise. Para se ver livre do risco de extinção, deverá haver, segundo modelos matemáticos, pelo menos 2 mil indivíduos na natureza até 2025, em uma área contínua de 25 mil hectares.

Transformações culturais estão na espinha dorsal de qualquer plano para salvar espécies, mas, quando o imperativo econômico fala alto, se erguem barreiras espinhosas. O drama da onça-pintada é emblemático. Segundo o biólogo Tadeu Gomes de Oliveira, no fim dos anos de 1960, matavam-se 15 mil onças por ano - somente pelos dados oficiais de exportação de peles. Apesar da proibição, em 1967, de se comercializar essas peles, matar onça ainda faz parte do cotidiano em muitos grotões no Brasil.

O Pantanal Mato-Grossense é um dos últimos refúgios desse grande mamífero. Mas por onde o gado de corte se espalha o embate é feroz. Algumas iniciativas tentam conciliar a atividade de pecuária com a sobrevivência do bicho. É o caso do projeto comandado pelo biólogo Peter Crawshaw nos arredores de Corumbá. "Iniciamos o pastoreio noturno com trator. Quando o tratorista percebe que o gado está inquieto, ele solta rojões na direção do mato", explica. "Isso tem diminuído muito a predação. O próprio gado se dá conta de que o trator é uma proteção, e fica próximo a ele." Os rojões afugentam a onça. Um alerta de que ali é o território do bicho homem. Pantaneiros forjam assim um acordo de boa convivência com as onças. Bom para ambos. Pois bichos e gente, como estamos aprendendo a duras penas, são partes do mesmo todo.

Como todas as espécies de animais, as aves que vivem no bioma mais devastado são as mais ameaçadas de desaparecer. E a Mata Atlântica, em que sobrou apenas 7% de sua composição original, é o hábitat de bichos em maior perigo de extinção. Principalmente os endêmicos, como a jacutinga, que sofre também por se alimentar do coco do palmito juçara, uma planta igualmente ameaçada em razão da ação de palmiteiros ilegais. A destruição do hábitat também é a ameaça ao pato-mergulhão - antes visto facilmente em rios da serra da Canastra e regiões montanhosas de Minas Gerais. O mesmo ocorre com animais endêmicos de regiões da Amazônia, como o cada vez mais raro mutum-de-penacho. A ave vive nas regiões do leste do Pará e Maranhão, justamente uma das partes mais ameaçadas do bioma, situada no arco do desmatamento.

O desaparecimento de espécies que constituem a base da cadeia alimentar desequilibra todo o ecossistema. O sumiço de um anfíbio, por exemplo, pode ter um efeito dominó devastador na alimentação de várias espécies de vertebrados. O mesmo ocorre com os insetos e a flora, como briófitas, pteridófitas e bromélias. As mudanças climáticas e a poluição atingem primeiro esses seres mais sensíveis, que são indicadores das mudanças que ocorrem no planeta. Por isso tem sido verificado o desaparecimento de sapos e anfíbios, mas que agora está sendo agravado pela ação do fungo quitrídia. Já os peixes, no país que possui a maior quantidade de água doce do mundo, equilibriam os rios, que por sua vez hidratam as matas. Mas a cadeia de pesca desregulada coloca em risco a fauna aquática. E o equilíbrio advindo dela, como o controle da proliferação de pragas e insetos na beira de rios.

Encontrar hoje um cachorro-do-mato-vinagre na natureza é como ganhar na loteria - ao menos para um fotógrafo de natureza. Mas trata-se de um prêmio a ser comemorado com parcimônia, tal é a vulnerabilidade da existência dessa espécie. Ele nunca foi caçado por interesse econômico, em razão de sua bela pelagem, como ocorreu até os anos 1960 com a jaguatirica e outros felinos. No entanto, é a destruição do hábitat a maior ameaça a sua existência. O mesmo ocorre com a maioria dos mamíferos que habitam o território brasileiro.

Constar nas listas de espécies ameaçadas é o primeiro passo que dá início a uma série de ações que visam impedir a extinção do animal. Para isso, o Ibama e a Fundação Biodiversitas produzem um documento técnico sobre a situação de perigo de desaparecimento de cada animal. Foi dessa forma que o peixe-boi começou a receber proteção especial de pesquisas e recursos no litoral do Nordeste e na Amazônia para sobreviver.





Marcelo Delduque
Fonte: National Geographic Brasil

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