Todos pela Natureza!

sábado, 9 de junho de 2012

Aquariofilia - Vidrados por Peixes




Vidrados por Peixes  - Introdução

Nossa maior busca, como aquaristas, está em tentar reproduzir o meio ambiente natural para os futuros habitantes de nossos aquários. 

Esse texto tem como principal finalidade ajudar a desmistificar os segredos e macetes, na montagem de um aquário natural, ou melhor dizendo, um tanque com peixes, plantas e invertebrados em equilíbrio e harmonia. 

Para fazer isso dependemos de parâmetros que devem ser respeitados.





Localização 

Deve-se ter cuidado para ficar longe de outras fontes luminosas, para não interferir no crescimento das plantas e muito menos ajudar na proliferação de algas. A luz do sol não é a única causadora das algas, pois na verdade elas sempre estão lá, mas com a falta de manutenção (sifonagem - mensal, limpeza do vidro - quinzenal, troca de elementos filtrantes), água de má qualidade, alimentação exagerada (quantidade para ser consumida em um minuto) e peixes em demasia, há uma grande concentração de nutrientes, principalmente fosfatos e nitratos. E estes sim beneficiam o crescimento exagerado de algas. 

O tamanho do aquário 


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1º lugar CBAP 2011 (60 lts. acima)

Deve estar de acordo com a disponibilidade de espaço e/ou financeira. Não devemos esquecer que aquários maiores tendem a ser mais estáveis e fáceis de manter. Dê preferência também a aquários retangulares e mais compridos do que altos (altura máxima de 60cm) e quanto a altura e largura podem ser proporcionais. Como 50x25x35cm, 100x50x50cm ou 150x60x60cm. 

O aquário deve estar bem apoiado, sobre uma superfície plana e firme, com isopor embaixo. Este suporte pode ser um móvel próprio com armário e tampa para embutir a iluminação e esconder filtros. Obs.: se o aquário tiver algum lado ocultado por uma parede ou móvel, procure colocar um papel adesivo preto, pois inibe crescimento de algas, facilita a manutenção e deixa o aquário com um visual mais limpo.


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2º lugar

Substrato

O melhor é utilizar um areião lavado de rio, com diâmetro médio de 2 a 6mm e uma camada de 6 a 10cm. Isto serve para as plantas terem uma boa fixação de suas raízes. Abaixo dele misturamos um fertilizante (Floradepot) e mais no meio laterita, rica em ferro, para um melhor desenvolvimento inicial das plantas.


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3º lugar

Iluminação 

A instalação das lâmpadas pode ser feita em uma tampa de madeira ou uma calha plástica ou de alumínio embutida ou suspensa, os reatores devem ficar distante da água, preferencialmente por fora e para trás. A potência necessária como regra geral é de 0,5 a 1W/l, ligadas por um temporizador digital (ou timer analógico) de 8 a 12 horas por dia. As lâmpadas utilizadas devem ter uma temperatura de cor na faixa de 5500 a 20000K, isto é, lâmpadas brancas até azuis. As mais usuais são as fluorescentes: Aqua-Glo (tom rosado 18000K), Power-Glo (tom azulado 18000K) e Life-Glo (luz branca de alto brilho 6700K), da Hagen; Aqua Relle (luz branca de alto brilho 10000K) e Aqua Sky (luz branca 6500K) da Philips. Também existem as compactas tipo PL. E ainda as HQI, lâmpadas de vapor metálico de 5200K a 14000K. Se houver problemas para manter a temperatura na faixa dos 26°C, podemos utilizar ventiladores ou até mesmo um refrigerador. 

Na verdade o que temos que fazer é uma mistura, homogeinização, de faixas de espectro luminoso, utilizando lâmpadas variadas para otimizar o crescimento das plantas. A luz rosada (Aqua-Glo) faz a planta crescer na longitudinal, para cima; a luz branca (Life-glo ou Aqua Relle) é mais uniforme e dá um brilho maior; a luz azulada (Power-Glo) faz um crescimento na transversal, na largura da planta.

O ideal é deixar o aquário sem tampas de vidro para melhor penetração da luz e crescimento de algumas plantas flutuantes - muito benéficas na absorção de fosfatos e nitratos. 


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1º lugar (60 lts. abaixo)


Filtragem biológica, mecânica e química 

Chegamos a parte principal, o coração, pulmão e rins do aquário. Deve-se ter cuidado no dimensionamento da vazão dos equipamentos, para não haver circulação e filtragem demasiada ou escassa, pode-se utilizar uma regra de 3 a 6 vezes o volume do aquário por hora. Ou seja para um aquário de 200 litros, um filtro com vazão de 600 a 1200 l/h é suficiente. Devemos dar preferência aos filtros do tipo canister (Fluval ou Eheim Classic ou até um Eheim Professionel) mas também podemos utilizar filtros externos como: AquaClear, Millennium ou Whisper. Dentro de qualquer filtro desses deve conter ao menos um elemento filtrante biológico, cuidando para lavá-lo somente na água que for retirada do aquário. O canister e o filtro externo, também devem fazer filtragem mecânica e química, com limpeza e trocas regulares. O uso de carvão ativado fica restrito devido ao fato de retirar da água nutrientes e CO2, mas deve-se levar em conta a periodicidade das trocas parciais. Mas podemos utilizar resinas removedoras de fosfato, para manter níveis de fosfatos baixos e evitando assim a proliferação de algas, principalmente as filamentosas e "petecas". 

Quanto a circulação, deve ser feita somente pelos filtros, sem a necessidade de bombas específicas e muito menos bolhas, que fariam eliminar o CO2 mais rapidamente. Todo esse aparato pode ficar pendurado no aquário atrás, ao lado ou embaixo para facilitar a manutenção.
Obs.: não use filtro biológico de placa, devido ao fato de dificultar o crescimento das plantas e principalmente por reter dejeto orgânico excessivamente. O dry-wet (filtro feito com bio-balls) faz uma ótima filtragem, mas tem o inconveniente de fazer uma oxigenação excessiva, retirando o CO2 da água e consequentemente afetando os parâmetros necessário para o pleno desenvolvimento das plantas. E nada de utilizar compressores de ar. 


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2º lugar


Aquecimento 

Deve ser feito por meio de um bom termostato com aquecedor, seguindo a seguinte regra de 1 a 1,5W/l. Deve-se manter a temperatura na faixa de 25o a 27oC. 

Decoração 

Pode ser feita com pedras de rio maiores e troncos previamente lavados e tratados. Para os troncos pode-se deixar em um balde com água e sal sem iodo (sal marinho na dose de 1 colher de sobremesa para 50 litros) por uma semana, depois mais uma semana no sol e de volta a um balde, somente com água doce, por mais uma semana. Isto faz eliminar boa parte do "tanino" (componente orgânico da madeira) que deixa a água com cor de chá. Mas também se isso ocorrer na montagem do aquário, basta fazer algumas trocas parciais de 20% semanais e colocar carvão ativado por um mês. O "tanino" é alimento de alguns cascudos. Para melhor visualização do aquário, esconder fios, bombas e bugigangas e até mesmo para facilitar a manutenção, podemos colocar papel contact preto, pintar de preto ou ainda utilizar um painel na parte traseira e laterais. O mais importante é a harmonia dos materiais empregados, dê preferência a peças mais escuras.


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3º lugar

Água 

Depois de equipar todo o aquário, vem a sua colocação. A mais usual é a de torneira, mas temos que tomar cuidado com alguns fatores: cloro, metais pesados, fosfatos e abrasividade. Seu uso é destinado ao consumo humano, por ser potável, mas para o aquário não é uma água ideal. Devemos pelo menos usar algum tipo de condicionante, como o AquaSafe.

Podemos eliminar o problema da qualidade da água que utilizaremos, usando um deionizador ou um filtro de osmose reversa. O primeiro é um filtro que utiliza a pressão da rede distribuidora, forçando a passagem de água por um tubo contendo carvão ativado e uma resina catiônica e aniônica, eliminando assim os sais minerais, metais pesados, nitratos, fosfatos, entre outros elementos prejudiciais, deixando a água pura, somente H2O. O outro, é um filtro que também necessita da pressão da rede, mas sua filtragem é simplesmente por pressão, passando por filtros com uma micro malha, bem fina, retendo assim a maior parte dos sais minerais e outros elementos contaminantes, essa filtragem é até mais eficiente que o deionizador. Após a filtragem ajustamos para o pH desejado com corretivo e adicionamos eletrólitos ou um tamponador (pH Stabilizer ou Target).



Plantas 

Após alguns dias da água colocada (nesses primeiros dias não há necessidade de iluminação), com os filtros funcionando e os parâmetros de pH (6,8 a 7,2), KH (3 a 6) e temperatura em torno de 26°C, podemos habitar o aquário com as plantas, com o cuidado no posicionamento delas. Para isso podemos fazer antecipadamente um layout da disposição de plantas, troncos e pedras maiores (num croqui). Plantas baixas na frente e no comprimento (Riccia fluitans amarradas em pedrinhas com fio de nylon,Glossotigma elatinoides, Samolus sp., Echinodorus tennelus, Sagitaria subulata,Cryptocorynes nevillii e C. beckettii, entre outras), medianas no meio (Hygrofila sps.,Cabomba sp., Bacopa sp., Ludwigia sp., Hygrofila polysperma, Echinodorus amazonicus,E. portoalegrensis, E. horizontalis, Cryptocoryne wendtii, C. ciliata, Lobelia cardinalis,Nymphoides aquatica - bananinha, Nymphea sp., Nuphar japonica, Anubias lanceolata, Rotala macrandra, Rotala walichii, Ludwigia repens, L. arcuata, Althernathera reinickii -Lilacina, entre outras), altas atrás e nas laterais (Aponogeton undulatus, A. crispus,Cryptocoryne pontederifolia, Vallisneria gigantea, Lagenandra lancifolia, entre outras). Plantas como a Cardamine lyrata - avenca d'água ou Vesicularia dubyana - musgo de java, podem simplesmente serem colocadas em cima de um tronco ou pedra, soltas ou amarradas com fio de costura. Microsorum pteropus, Anubias nana, entre outras devem ser fixadas num pedaço de madeira ou diretamente no tronco amarradas com fio de costura. Podemos também colocar algumas plantas flutuantes como Eichhornia crassipes- aguapé, Lemna sp. - lentilha d'água, Pistia stratiotes - alface d'água, Salvinia sp.,Ceratopteris cornuta - samambaia d'água, pois ajudam a retirar o excesso de nutrientes, principalmente fosfatos e nitratos.





pH, KH e CO2 

Se houver necessidade, devemos utilizar um Injetor de CO2. Segue abaixo um gráfico com os três parâmetros fundamentais: 


Fonte: Kaspar Horst.

A partir do gráfico podemos visualizar as condições ótimas de pH, KH e CO2. Então se tivermos estáveis - fazendo testes semanais, por exemplo, um pH 6.8 e um KH em torno de 4, não haverá a necessidade de se injetar CO2, pois estaremos dentro da faixa "optimal", isto ocorre quando o consumo de CO2 necessário para o pleno desenvolvimento das plantas é fornecido naturalmente, ou seja, a circulação, filtragem e características físico-químicas da água estão de acordo com as necessidades das plantas e dos peixes. Mas se estiver um pH 7.2 e um KH 3, provavelemente estará havendo algum desequilíbrio (Descalcificação Biogênica). Inicialmente devemos fazer uma correção ajustando o pH para o nível desejado, com corretivos, água deionizada ou de RO e até mesmo usando turfa dentro do filtro externo. Após ajustado o pH, devemos corrigir o KH com tamponador (pH Stabilizer ou Target) para que fique de acordo com o nível ótimo do gráfico. Se mesmo assim não for possível uma estabilização do pH e do KH, devemos então partir para a injeção de CO2, que pode ser do tipo caseira, com difusores da Red Sea, Hagen ou da Sera (esses para aquários de até 120 litros) ou ainda um Injetor com cilindro (para aquários maiores). E daí então corrigir juntos o KH e o pH.

Obs.: sempre que formos utilizar um sistema de injeção de dióxido de carbono (CO2), devemos ter um controle dos parâmetros acima, isso para se ter uma ótima fotossíntese das plantas naturais e uma boa estabilidade do *pH. 



Peixes 

Devemos levar em conta o volume do aquário e tipos de peixes adaptáveis, quanto ao tamanho e agressividade. Por exemplo, nada de kinguios ou carpas (peixes de água fria e para tanques) ou oscar (por ser muito agressivo com os demais peixes). A melhor opção são os peixes de pequeno porte, como caracídeos ou Tetras (Paracheirodon sp. - neons,Hypherossobrycon sp. - rosáceo, tetra limão, Hemigrammus sp. - rodostomos,Carnegiela sp. - borboleta, Nannostomus sp. - lápis, Moenckausia sp., entre outros), ciclídeos anão (Microgeophagus sp. - ramirezi, Apistograma sp.), Corydoras sp. (limpa fundo), Otocinclus sp. (limpa vidro). Também podemos habitar com peixes maiores comoPterophyllum sp. - bandeiras, Symphysodon sp. - discos, Hemiodopsis gracilis - cruzeiro do sul, Phenacogrammus interruptos - tetra do congo, Colisa sp., Trichogaster lery,Melanotaenia sp., Rasbora sp. 

As opções ficam a critério de cada um. Como regra geral podemos ter peixes pequenos com pequenos, médios com médios e assim por diante, numa proporção de 1cm por 2 litros. 



Manutenção 

Isso varia de aquário para aquário, pois depende de fatores como qualidade da água utilizada, quantidade de peixes e plantas, filtragem. Em nosso aquário temos em torno de 25 espécies de plantas e umas 40 espécies de peixes e ele tem 400 litros, utilizamos um canister (filtro externo tipo copo) com esponja, perlon e removedor de fosfato. Está montado faz dois anos. Toda semana fazemos trocas parciais de 20% com água deionizada, tamponador (pH Stabilizer) para manter estáveis pH 6.8 e KH 4 e temperatura próxima ao do aquário. A sifonagem (mais aspiração, sem introdução no cascalho) fica por conta de um mangueira simples, feita quinzenalmente. Tomo cuidado para não reter muito sujeira no musgo de java, abanado-o suavemente. Poda de folhas velhas ou com algas, periodicamente. Limpeza do vidro frontal semanalmente. Limpeza do perlon quinzenal e troca mensal, o removedor de fosfato é trocado a cada dois meses e as lâmpadas (utilizamos 2 HQI's 150W de 6500K com refletor Arcadia) são trocadas a cada 1,5 anos. 
Bem estas são algumas dicas de como faço com nosso aquário, espero que ajude. 

Resumo 

1. Localização: longe de luz direta ou indireta. A luz do sol ou uma claridade excessiva, pode ajudar a uma proliferação de algas indesejáveis. 
2. Tamanho do aquário: dê preferência para aquários retangulares ou quadrados e de volumes maiores, pois facilitam a manutenção e alocação de equipamentos. 
3. Suporte: estante firme ou móvel específico. 
4. Substrato: cascalho de rio fino, com diâmetro de 2 a 6mm, misturado com fertilizante e laterita. 
5. Iluminação: de 0,5 a 1W/l, utilizando lâmpadas específicas 
6. Filtragem biológica, mecânica e química: canister ou filtro externo 
7. Aquecimento: 1 a 1,5W/l 
8. Decoração: troncos, pedras e papel contact preto
9. Água: de boa qualidade, livre de fosfatos e metais pesados 
10. Injeção de CO2: caseira, com difusores ou cilindro 
11. Peixes: 1cm/2L, porte pequeno ou médio preferencialmente 
12. Manutenção: troca parcial, sifonagem e verificação do pH, KH e oC

DICAS

No caso de se utilizar somente o filtro externo, deve-se ter cuidado para não lavar o elemento filtrante biológico em outra água que não seja a do aquário. Isto para não eliminar as bactérias benéficas a ótima filtragem biológica do aquário. E talvez tenha necessidade de se utilizar uma bomba interna somente para circulação.

Não se esqueça, quando comprar um peixinho deixe o saco flutuando no aquário uns 10 minutos, daí então coloque água do aquário dentro do saco de 5 em 5 minutos até que o pH esteja semelhante. Então solte somente os peixes, sem a água e complete o aquário com água sem cloro. 




Fonte bibliográfica
Revistas Aquamagazine.


*O pH refere-se à qualidade da água ser ácida ou alcalina. Um pH igual a 7.0 é considerado neutro, enquanto que valores abaixo de 7.0 são ácidos e acima alcalinos. Nos aquários de água doce cada espécie de peixe ou planta vive melhor em um determinado pH, que é referente ao pH do local de origem desta espécie.

No entanto a maioria das espécies aceitam valores de pH um pouco diferente do seu habitat natural. É importante lembrar que a escala do pH é logarítmica, ou seja, um pH de 6.2 é dez vezes mais ácido do que um de 7.2, daí a importância dos décimos, então quando dizemos que os peixes aceitam pequenas variações, estas variações são de aproximadamente 0.2.

No aquário, duas características tornam o pH um valor importante. Primeiro, como já foi dito anteriormente, cada espécie está adaptada a uma faixa de pH, podendo inclusive morrer se o pH não atender as suas necessidades, para este problema podemos alterar o pH para obtermos os níveis desejados. Segundo, a maioria das espécies (espécie se refere a toda forma de vida do aquário, e não apenas aos peixes) é extremamente sensível à variações rápidas de pH. Uma variação maior que 0.3 por dia já é prejudicial à saúde do aquário (a expressão "saúde do aquário" se refere aos peixes, plantas, bactérias, algas, etc.). Torna-se necessário então que consigamos duas coisas:

  • Ajustar o pH, ao nível desejado;
  • Estabilizar o pH, impedindo variações indesejáveis.

A longo prazo, principalmente em aquários mal cuidados ou com filtragem inadequada (falaremos sobre filtragem em um outro artigo), o pH tende a baixar devido ao aumento do ácido nítrico (nitratos) e outros ácidos orgânicos. Em outros casos, dependendo do tipo de cascalho utilizado e da origem da água, o pH tende a ficar elevado.

Existem nas lojas diversos acidificantes e alcalinizantes, porém mesmo com o uso destes produtos é muito difícil ajustar o pH, por que depois de algum tempo o pH tende a voltar aos valores antigos. Isto porque na maioria das vezes é ignorada a dureza carbonatada da água (KH).

A dureza carbonatada também é conhecida como alcalinidade (alkalinity), potencial alcalino, ou capacidade de tamponamento. Mas na realidade a dureza carbonatada se refere apenas aos carbonatos e bicarbonatos dissolvidos na água, pois existem outros compostos, inclusive alguns fosfatos, silicatos e outros que também possuem o efeito tampão. Os testes de KH existentes no mercado também medem a alcalinidade total, e não apenas os carbonatos e bicarbonatos dissolvidos na água. Mas o termo KH não deixa de ser correto, pois nos aquários os principais compostos alcalinos são os bicarbonatos e os carbonatos.

O KH é o responsável pelo "efeito tampão", que é a capacidade de manter o pH estável, mesmo com a adição de ácidos ou bases (compostos alcalinos). Deste modo o pH está intimamente relacionado com o KH. Se um aquário está com o KH alto, será muito difícil alterar o seu pH, enquanto que se estiver com o KH baixo é muito difícil manter o pH estável, estando a água sujeita à grandes variações de pH. Algumas pessoas acham que, tendo um KH elevado, o pH também será elevado, mas isto não é verdade, pois se tivermos uma quantidade de compostos ácidos superior à capacidade de absorção do KH, o pH pode ser extremamente baixo (já vi um aquário com KH 7° e pH 6.5). O contrário também é possível pois podemos ter compostos alcalinos com poucos carbonatos, ou seja pH alto e KH baixo.Então se você está tendo problemas com o pH é bom verificar o KH.

Muitas vezes o KH (dureza carbonatada) é confundido com o GH (dureza geral). O GH refere-se à concentração de magnésio e cálcio dissolvidos na água. A relação do GH com o pH é muito pequena, mas ele é importante para algumas espécies de peixes e plantas mais exigentes. Pergunte para o vendedor as exigências das espécies que você pretende comprar, se ele não souber informar, e nem se preocupar em descobrir, é bom mudar de loja, afinal já pensou como vivem, ou sobrevivem os peixes e plantas em uma loja destas? Apenas cuidado para não confundir GH com KH.

O método mais simples de diminuir o KH e o GH é realizar trocas parciais com água de dureza carbonatada e geral mais baixas. Mas lembre-se que toda alteração deve ser feita lentamente, pois mudanças bruscas estressam os peixes, podendo causar diversas doenças e até mesmo a morte. Outro método é colocar turfa ou xaxim na água, turfa podemos encontrar em lojas de aquário, e xaxim em floriculturas. O xaxim é mais barato, mas menos eficiente. Se for utilizar xaxim cuide para que ele seja "puro", pois como é utilizado para o plantio de flores e folhagens, muitos contém fertilizantes e outros compostos (fungicidas, bactericidas, inseticidas, etc.) que podem causar um grande estrago no seu aquário.

Se você pretende aumentar o KH, pode adicionar bicarbonato de sódio, encontrado em farmácias. Se você pretende elevar o GH e o KH, pode adicionar carbonato de cálcio (CaCO3). Toda adição deve ser feita lentamente e sempre devemos medir os valores algumas horas depois da adição, para verificar o quanto foi alterado.

Também existem alguns produtos, por enquanto apenas importados e por conseqüência caros, que ajustam automaticamente o pH. Estes produtos são conhecidos como tamponadores. Se você tiver dificuldade em ajustar o pH, estes produtos podem ser muito úteis, pois além de ajustar o pH automaticamente, ajustam também o KH evitando variações de pH.

Não existe um valor ideal de KH para manter o pH estável, pois isto depende de quais outros compostos existem dissolvidos no aquário e em qual quantidade. Geralmente um KH de 4° é suficiente para manter o pH estável (geralmente, mas não sempre).

Tanto o KH como o GH são medidos em diferentes unidades, as mais utilizadas são graus (escala alemã), ppm (partes por milhão) ou mg/l (miligramas por litro).

1 grau = 17.8 ppm CaCO3

1 mol/L alcalinidade = 2.8 graus

1 ppm = 1 mg/L

Outra maneira de controlar o pH é através da injeção de CO2, este método é muito utilizado em aquários densamente plantados para atender a demanda de gás carbônico das plantas. As plantas utilizam CO2 no processo de realização da fotossíntese.

O CO2 dissolvido está diretamente ligado ao pH e ao KH, pois as reações químicas que ocorrem entre a água entre os carbonatos e bicarbonatos e o CO2 geram ácido carbônico, que faz o pH diminuir.

Podemos resumir a relação pH x KH x CO2 na seguinte tabela:




KH
¯
pH
®
6.0
6.2
6.4
6.6
6.8
7.0
7.2
7.4
 8.0 
0.5
15
9.3
5.9
3.7
2.4
1.5
0.9
0.6
0.2
1.0
30
19
12
7
5
3
1.9
1.2
0.3
1.5
44
28
18
11
7
4
2.8
1.8
0.4
2.0
59
37
24
15
9
6
4
2.4
0.6
2.5
73
46
30
19
12
7
5
3
0.7
3.0
87
56
35
22
14
9
6
4
0.9
3.5
103
65
41
26
16
10
7
4
1.0
4.0
118
75
47
30
19
12
6
5
1.2
5.0
147
93
59
37
23
15
9
6
1.5
6.0
177
112
71
45
28
18
11
7
1.8
8.0
240
149
94
59
37
24
15
9
2.4
10
300
186
118
74
47
30
19
12
3
15
440
280
176
111
70
44
28
18
4
CO2 milligramas/litro


Analisando a tabela é possível concluir que conhecendo os valores da dureza carbonatada e pH podemos inferir a quantidade de CO2 dissolvido na água, e aumentando ou diminuindo a injeção de CO2 podemos alterar os valores de pH. Porém índices muito altos de CO2 podem ser prejudiciais aos peixes, mas também são difíceis de serem atingidos. Mesmo assim é bom evitar índices acima de 30 mg/l, principalmente em aquários com poucas plantas, pois as plantas convertem o gás carbônico em oxigênio.

Entretanto é preciso ter alguns cuidados pois a tabela baseia-se apenas na dureza carbonatada, ou seja, na quantidade de carbonatos e bicarbonatos dissolvidos na água, mas os testes de KH existentes medem o potencial alcalino total, ou seja medem também o potencial alcalino de outros compostos, como já foi dito anteriormente. Deste modo, se você tiver outros tamponadores no seu aquário a tabela pode não funcionar adequadamente. Mas, como já foi dito, o que predominam são os carbonatos e bicarbonatos, sendo assim provavelmente você não tenha problemas deste tipo.

Através da tabela também é possível controlar a quantidade de CO2 para as plantas.

REFERÊNCIAS:
Anotações pessoais.


O AGA 2012 – International Aquascaping Contest, está com inscrições abertas até o dia 08 de setembro. Não há custo para cadastrar seu aquário na competição. Devem ser enviadas de 1 a 5 fotos de cada aquário com a maior resolução possível. Só é possível realizar correção de cores e brilho. Acesse AQUI o formulário de inscrição.

2012


O maior Concurso de Aqua-paisagismo da América Latina! Em sua nona edição, o CBAP traz algumas novidades, entre elas a possibilidade de inscrições estrangeiras, agora de forma oficial! Nos anos anteriores tivemos participações especiais por aquaristas de outras partes do mundo interessados em mostrar seu trabalho aqui no CBAP, porém eles não competiam ou eram premiados.

Com a visibilidade alcançada pelo CBAP em diversas partes do planeta e a maturidade que o aqua-paisagismo brasileiro atingiu ao longo dos últimos anos, chegou a hora dos aqua-paisagistas estrangeiros também poderem participar de uma forma mais ativa do concurso e é por esse motivo que à partir da edição 2012 o Concurso Brasileiro de Aqua-Paisagismo premiará o melhor aquário estrangeiro, em uma categoria à parte. Então, você aqua-paisagistas brasileiro, não perca tempo, ajude a divulgar o CBAP em outros países, poste essa novidade no forum estrangeiro que você participa, avise seus amigos, faça parte!


Concurso Mundial! Participe!

The World's Largest Nature Aquarium and Aquatic Plants Layout Contest


The major annual event, planted aquarium (en.iaplc.com) hobbyists all around the world gather.

Países ricos e falta de metas claras ameaçam Rio+20


Especialistas comparam conferência com Eco 92 e apontam novo fracasso

Há duas décadas, cerca de 180 chefes de Estado desembarcavam no Rio de Janeiro para a mais importante conferência sobre o meio ambiente da história. Visando equilibrar crescimento econômico e conservação de recursos naturais, a Eco 92 – ou Rio 92 – estabeleceu e globalizou o conceito de desenvolvimento sustentável. Muito tempo se passou, mas quase nada saiu do papel. Com a Rio+20 batendo à porta, os problemas e possíveis soluções para o futuro da Terra voltam a ecoar, mas as perspectivas não animam. Segundo especialistas que vivenciaram e estudaram a fundo a Eco 92, a pouca objetividade das propostas atuais e a falta de boa vontade dos países ricos apontam para um novo fracasso.

Membro do grupo de análise em clima e relações internacionais da UnB (Universidade de Brasília), o pesquisador Matías Franchini considera que os resultados práticos da Rio+20 serão ainda menos significativos do que os registrados após a Eco 92.

— As propostas não são sólidas, não são bem definidas. A perspectiva da Rio+20 é ser ainda pior que a Eco 92, quando as pessoas chegaram com um sentimento bom impregnado por causa do fim da Guerra Fria [disputa política entre a extinta União Soviética e os EUA pela hegemonia mundial]. A Rio+20 não conseguirá concretizar seus objetivos, como definição a respeito da economia verde ou a criação de um instrumento global voltado para o desenvolvimento sustentável.

Elaborado e assinado por autoridades de todo o planeta, o Rascunho Zero — ou texto base — da Rio+20 revela trechos como “Nós, os chefes de Estado e governo, após nos reunirmos no Rio de Janeiro, Brasil, de 20 a 22 de junho de 2012 (data da Rio+20), decidimos trabalhar com conjunto em busca de um futuro próspero, seguro e sustentável para nossos povos e nosso planeta”. O documento também traz promessas como “Nós reafirmamos nossa determinação em libertar a humanidade da fome e da carência através da erradicação de todas as formas de pobreza e conflito para que as sociedades sejam justas, igualitárias e inclusivas, e para uma estabilidade econômica”.

Leonardo Boff, integrante da Comissão Central da Carta da Terra — elaborada paralelamente à Eco 92 com o objetivo de ressaltar maneiras sustentáveis de vida — considera uma “vergonha” o texto base da Rio+20. Em entrevista à ONG WWF Brasil, Boff critica a falta de objetividade do chamado Rascunho Zero.

— O documento é uma vergonha para a inteligência mundial. (…) É um documento comovedor em termos de boa vontade, mas ingênuo quanto à autocrítica e na apresentação de mediações para as propostas que faz. Os três temas centrais, a sustentabilidade, a governança global e a economia verde, nunca são claramente definidos, dando a impressão de quererem ocupar as mentes pensantes mundiais para não se ocuparem dos verdadeiros problemas: modo de produção avassalador da natureza, desigualdades [injustiças sociais] e urgência de modelos alternativos.

Participante ativo da Eco 92, Boff lamenta o fato de a maior conferência sobre o meio ambiente da história não ter significado uma real mudança na forma de pensar e agir dos governantes mundiais.

— Não espero nada dos chefes de Estado. A maioria não vem [entre eles Barack Obama, presidente dos EUA, a chanceler Alemã, Angela Merkel, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron]. (…) Tudo termina no gargalo: quem financiará as medidas eventualmente a serem tomadas? Todos alegam não ter dinheiro, que estão em crise econômico-financeira e que não podem ajudar. Por detrás, está a visão perversa capitalista e neoliberal: o que conta são os mercados, as moedas, o sistema econômico-financeiro e não a vida, a humanidade, o futuro de nossa civilização e a preservação da vitalidade da Terra.

Um pouco mais otimista, o economista e ecologista Sérgio Besserman tem esperança de que a Rio+20 renda algum fruto à Terra. Contudo, ele reforça a sensação de fracasso quando o assunto é o legado da Eco 92.

— Do ponto de vista físico a Rio 92 deixou um legado irrisório. Agora, para a Rio+20 as discussões parecem mais substantivas para que haja um legado maior. Muito pouco do que foi discutido há 20 anos foi implementado. O que ficou de mais importante, na verdade, foi o número de pessoas, redes, empresas, enfim, o número de atores sociais e políticos que passaram a compreender o tema do desenvolvimento sustentável.

Planeta em decadência

De acordo com pesquisa divulgada no último dia 6 pelo Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), apenas quatro das 90 principais metas mais importantes traçadas nos últimos 40 anos, incluindo os documentos assinados na Eco 92, tiveram avanços significativos. São eles: eliminação da produção e uso de substâncias que destroem a camada de ozônio, eliminação do uso de chumbo em combustíveis, acesso a fontes melhoradas de água e pesquisas para reduzir a poluição no meio ambiente marinho.

A noção de que quase todo o cardápio de ideias discutido há 20 anos se manteve no plano conceitual é reforçada por dados recentes sobre pobreza. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), 925 milhões de pessoas passam fome em um mundo que vive espremido por uma população superior a sete bilhões de habitantes. Em 1992, quando a Terra tinha cerca de 1 bilhão a menos de pessoas, aproximadamente 830 milhões não tinham o que comer.

Segundo o pesquisador Matías Franchini, o planeta entrou em uma decadência ambiental ao longo dos últimos 20 anos. Para ele, a Agenda 21, principal documento resultante da conferência de 1992, foi ignorado.

— Os instrumentos formulados na Eco 92 não se desenvolveram. Os países não assimilaram os tópicos da Agenda 21. Notou-se um avanço mínimo a respeito de melhorias governamentais sobre sustentabilidade. Mas, em contrapartida, houve um avanço enorme dos problemas, como agressão à atmosfera, emissão de gases, pobreza… O planeta piorou muito. 

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