Todos pela Natureza!

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Novo Código Florestal. É ilegal e desmata.


No final de agosto, o senador Luiz Henrique (PMDB-SC) entregou à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado seu relatório sobre o projeto do Código Florestal. Não surpreendeu.

Manteve todos os vícios de origem, que agridem a Constituição, trazem insegurança jurídica e incentivam novos desmatamentos. Poderia ter melhorado, agregando contribuições dos cientistas e especialistas ouvidos no Congresso.

Poderia ter esperado a reunião com juristas. Mas não. Passou recibo e assinou embaixo.

Já se esboça operação política para que, rapidamente, esses retrocessos sejam legitimados. No Senado, parece haver articulação entre governo e ruralistas para que se aprove o projeto com rito sumário na CCJ. É o que se depreende da manifestação pública da ministra de Meio Ambiente, sinalizando aprovação ao relatório, e das declarações da presidente da Confederação Nacional da Agricultura à imprensa sobre um suposto acordo com o relator na Comissão de Meio Ambiente, Jorge Viana (PT-AC), para votá-lo até outubro.

As coisas começam a ficar mais claras. Senão, como entender a lamentável decisão de entregar a relatoria de três das quatro comissões que analisam o Código no Senado para um mesmo senador, aquele que fez uma lei estadual flagrantemente inconstitucional, reduzindo a proteção das florestas em Santa Catarina, equívoco que, agora, está propondo para todo o país?

Repete-se o distanciamento entre a posição do Congresso e a vontade da sociedade, acrescido da tentativa de criar a falsa sensação de que o projeto é equilibrado e bom para as florestas. Isto não é verdade.

Nenhuma das sugestões dos ex-ministros de Meio Ambiente foram consideradas.

Tampouco as dos cientistas.

Segundo uma primeira avaliação do Comitê em Defesa das Florestas, integrado por CNBB, OAB, ABI, entidades ambientalistas, sindicais e empresariais, o relatório não só não corrige os retrocessos, como os consolida e aprofunda (ver minhamarina.org.br).

Transferir competências da União para os Estados vai promover uma guerra ambiental e gerar legislações permissivas, antiambientais e irresponsáveis. Juristas de renome, como o ministro Herman Benjamin, do Superior Tribunal de Justiça, têm alertado para a necessidade de observância do princípio jurídico da “proibição de retrocessos”.

Ele entende que o projeto reduz a proteção das florestas, em vez de ampliá-la.

O debate no Senado pode ser mais amplo, profundo e sem pressa. Todos os argumentos e questionamentos devem ser analisados com isenção. É inaceitável que a manobra rural-governista em curso coloque por terra a esperança depositada no Senado e nos compromissos de não retrocesso assumidos pela presidente Dilma.

* Marina Silva é ex-ministra de Meio Ambiente.

** Publicado originalmente pelo jornal Folha de S.Paulo e retirado do site IHU On-Line.

Autor: Marina Silva - Fonte: Folha de S. Paulo

Restauração florestal é o foco do programa Florestas do Futuro


A ONG SOS Mata Atlântica trabalha com o sequestro de carbono, a manutenção da biodiversidade e a preservação de nossos recursos hídricos

Ludmila Pugliese trabalha com o projeto Florestas do Futuro 

No Globo Ecologia cujo tema é Florestas do Futuro, a gerente de restauração florestal da SOS Mata Atlântica, Ludmila Pugliese, explica como funciona o programa que vem reunindo, há sete anos, a sociedade civil organizada, a iniciativa privada, os proprietários de terras e o poder público em um projeto de restauração florestal. O nome é Florestas do Futuro e a idealização é da organização não governamental na qual a bióloga atua. Ludmila falou ao site um pouco mais sobre o assunto.


“O projeto Florestas do Futuro foi criado em 2004, a partir de uma outra iniciativa de restauração que tínhamos. A gente viu que havia alguns gargalos nos programas porque os proprietários não conseguiam fazer eles mesmos a restauração”, conta Ludmila.

Através da restauração de áreas degradadas, feita com espécies nativas, o Florestas do Futuro atua em três frentes importantes para a preservação e recuperação do meio ambiente: o seqüestro de carbono, a manutenção da biodiversidade e a preservação de recursos hídricos.

“Além da doação da muda, a SOS Mata Atlântica é responsável pela manutenção por dois anos. Os proprietários viram parceiros e são treinados por uma equipe formada pela ONG”, explica Ludmila.

Os objetivos são: a promoção e a recuperação das bacias e sub-bacias hidrográficas, através da recomposição das matas ciliares (nas margens dos rios) e das áreas de preservação permanente, bem como as de reserva legal; a conscientização dos públicos de interesse sobre a importância da conservação das florestas, em especial da Mata Atlântica; a criação de um modelo de programa de reflorestamento com espécies nativas, que envolva a iniciativa privada, a sociedade civil e o poder público e possa ser multiplicado; o fortalecimento da relação entre água e floresta através de um programa participativo de educação ambiental e cidadania, associado a recomposição das matas ciliares e reserva legal.

“A gente fala que tem participação de todos porque temos os proprietários de terra e a empresa de reflorestamento e a pessoa física pode patrocinar a compra de mudas”, diz Ludmila.

O projeto visa também apoiar ações sócio-ambientais e capacitação técnica por meio de atividades sustentáveis que auxiliem na conservação da Mata Atlântica:

“Temos um trabalho forte, de aproximação e metodologia. A gente tem o link com o proprietário da terra e patrocínio de empresas que têm interesse na conservação ambiental ou na compensação das emissões de carbono”.

A divulgação é feita através do portal SOS Mata Atlântica e também de palestras que Ludmila e outros profissionais fazem pelo Brasil. “fazemos o corpo a corpo no dia a dia para tentar convencer proprietários de terra”, diz Ludmila.

Desde o início, o Florestas do Futuro já plantou 2,5 milhões de mudas em 2 mil hectares de Mata Atlântica espalhados por São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro, Paraná e Minas Gerais.

“A idéia é que no futuro essas áreas tenham florestas, melhor qualidade de ar e de água, e que melhorem a qualidade de vida das pessoas. O projeto está sendo feita agora, mas o impacto maior é mais pra frente.”


Reflorestamento: 'A floresta provê serviços ecológicos para sociedade'

De acordo com coordenador do Programa da Amazônia do WWF-Brasil, Mauro Armelin, maior obstáculo para o replantio é a falta de incentivo

Mauro Armelin fala sobre reflorestamento

Houve uma época em que não se falava sobre os perigos para o meio ambiente de se extrair madeira, plantar culturas como o café e a cana-de-açúcar e abrir pastos sem antes se fazer um estudo sobre a região, ou melhor, sobre o bioma no qual se desejava atuar. Com a popularização do termo, ou melhor, do processo chamado Reflorestamento, muitos hectares de áreas devastadas estão sendo recuperadas em todo o Brasil. De acordo com coordenador do Programa da Amazônia do WWF-Brasil, Mauro Armelin, o maior obstáculo ainda é a falta de incentivo do Governo Federal:

“Um dos maiores obstáculos é o licenciamento. Para fazer a revegetação, não dá para plantar qualquer coisa em qualquer pedaço de terra. Tem que ter um projeto para fazer uma recuperação baseada no que existia antes naquela área. Por isso é necessário um processo, que custa caro. Também não é fácil encontrar disponibilidade de mudas de espécies nativas. E o maior problema é a falta de incentivo. Não vejo políticas governamentais que apóiem ou iniciativas”, afirma Mauro.

O reflorestamento nada mais é do que recuperar florestas que foram desmatadas ou inserir espécies para que a área de onde a floresta foi retirada fique parecida com a original. Isso pode levar meses ou anos, dependendo da área, da quantidade de pessoas atuando nela e do tempo de trabalho dedicado por cada um.

“A floresta provê serviços ecológicos para sociedade como a produção de água, por exemplo. Áreas prioritárias para fazer reflorestamento são as margens dos rios e os morros desmatados. E há também o reflorestamento que tem como objetivo aumentar a população de algum animal, como foi feito no litoral do Rio de Janeiro, com a intenção de aumentar o número de mico-leão-dourado, que estava em extinção”, diz Mauro.

A recuperação da vegetação é feita em fases. Primeiro, são plantadas árvores pioneiras, aquelas que crescem sob o sol e protegem as árvores secundárias, as segundas a serem inseridas na floresta que está no processo. É necessário estudar as espécies típicas da região e seguir a vontade de proprietário da terra que está sendo reflorestada. Com elas, é possível recuperar a biodiversidade que existia no local.

“Pode ser que ele queira ambiente mais fresco em sua fazenda ou uma floresta que ofereça produtos, como borracha, palmito ou frutas. O sistema de vegetação é selecionado de acordo com o gosto, mas com base na sucessão florestal”, comenta Mauro.

Apesar da experiência na área, a WWF-Brasil não trabalha atualmente em nenhum projeto de reflorestamento. A organização não-governamental vem trabalhando em políticas, tentando encorajar a recuperação de áreas e brigando pelas áreas protegidas e pela precaução com elas.

“Nosso objetivo hoje não é reflorestar, mas criar formas para que isso seja possível. E também para que não seja necessário. Estamos trabalhando junto ao governo do Estado do Acre no projeto Conservando Um Bilhão de Árvores, um processo de certificação das propriedades agrícolas para que as famílias tenham produção agrícola ou melhorem a pastagem sem destruir a vegetação. O objetivo é que aqueles 80% de área que não são de Reserva Legal sejam utilizados, porém, conservados como florestas. Assim, os donos daquela propriedade podem tirar renda da floresta e melhorar sua própria qualidade de vida”.

SOS Mata Atlântica: da preocupação com o meio ambiente aos projetos

ONG tem como missão promover a conservação da biodiversidade do bioma e capacitar pessoas para o exercício da cidadania socioambiental
                                         
Márcia Hirota, uma das fundadoras da SOS Mata Atlântica  

Na década de 80, pouco se ouvia falar sobre Reflorestamento, Corredor Ecológico, Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) e Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Mas a Mata Atlântica já sofria com a ação do homem e a falta de conhecimento sobre o bioma, que a população comum chamava de “floresta atlântica” ou “serra do mar”. Conectados ao que estava acontecendo e antenados com as consequências que o meio ambiente sofreria, um grupo de ambientalistas criou, em 1986, a Fundação Mata Atlântica. A organização não-governamental tem como missão promover a conservação da biodiversidade do bioma presente na maior parte no território brasileiro e capacitar o exercício da cidadania socioambiental.

“A SOS Mata Atlântica nasceu de um desejo de um grupo de pessoas que já tinha preocupação com questões ambientais, com a questão da degradação aqui na nossa região. O berço foi o litoral sul de São Paulo. Todo o nosso trabalho foi para lutar em defesa da Mata Atlântica”, diz Márcia Hirota, diretora de Gestão do Conhecimento da SOS Mata Atlântica e uma das fundadoras da ONG.

Quando a Constituição Federal de 1988 conferiu à Mata Atlântica o status de Patrimônio Nacional, a definição das áreas que compõe o domínio da Mata Atlântica passou a ser preponderante para a política de conservação. Até 1990, considerava-se Mata Atlântica apenas a Floresta Ombrófila Densa. Depois de um seminário organizado pela SOS Mata Atlântica, o conceito de Domínio da Mata Atlântica também passou a designar as áreas que originalmente formavam uma cobertura vegetal contínua. Depois de algumas reformulações, a definição foi reconhecida pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) em 1992, incorporado ao Decreto 750 de 1993 e reconhecido pela Lei 11.428, de 2006, e regulamentada pelo Decreto 6660 de 21 de 2008.

“Conceituar a Mata Atlântica foi a primeira ação para que ela se tornasse conhecida. Contribuímos para que o termo entrasse no vocabulário. Foi um trabalho de militância pela conservação, com muito voluntariado, diversos projetos, captação de recursos. Fazíamos a mobilização para que as pessoas defendessem a causa e elaborávamos projetos”, lembra Márcia Hirota.

Logo no início, a SOS Mata Atlântica inovou ao implantar um sistema de profissionalização de técnicos para atuarem nos projetos da ONG: “Na época, não existiam muitas instituições que profissionalizassem técnicos. A WWF era uma delas.”

Vieram então os projetos de conservação ambiental, produção de dados, mapeamento e monitoramento da cobertura florestal da Mata Atlântica, campanhas, estratégias de ação na área de políticas públicas, programas de educação ambiental e restauração florestal, desenvolvimento sustentável e proteção e manejo de ecossistemas.

“Hoje, nós temos 250 mil filiados, que contribuem financeiramente e garantem que a gente desenvolva os projetos. Também recebemos vários patrocínios, doações de empresas e pessoas.

Multiverso - Os universos paralelos realmente existem?



Em 1954, Hugh Everett III, um jovem candidato ao doutorado da Universidade de Princeton, apareceu com uma idéia radical: a existência de universos paralelos, exatamente como o nosso. Esses universos estariam todos relacionados ao nosso. Na verdade, eles derivariam do nosso, que, por sua vez, seria derivado de outros. Nesses universos paralelos, nossas guerras surtiriam outros efeitos dos conhecidos por nós. Espécies já extintas no nosso universo se desenvolveriam e se adaptariam em outros e nós, humanos, poderíamos estar extintos nesses outros lugares.

Algumas teorias matemáticas e físicas dão base para tal possibilidade.

Isso é enlouquecedor e, mesmo assim, compreensível. Noções de universos ou dimensões paralelos, que se assemelham aos nossos, apareceram em trabalhos de ficção científica e foram usadas como explicações na metafísica, mas por que um jovem físico em ascensão arriscaria o futuro de sua carreira propondo uma teoria sobre universos paralelos?

Com sua teoria dos Muitos Mundos, Everett precisou responder uma questão muito difícil relacionada à física quântica: por que a matéria quântica se comporta irregularmente? O nível quântico é o menor já detectado pela ciência. O estudo da física quântica começou em 1900, quando o físico Max Planck apresentou o conceito para o mundo científico. Seu estudo sobre a radiação trouxe algumas descobertas que contradiziam as leis da física clássica. Essas descobertas sugeriram que existem outras leis operando no universo de forma mais profunda do que as que conhecemos.

Em um curto espaço de tempo, os físicos que estudavam o nível quântico perceberam algumas coisas peculiares nesse mundo minúsculo. Uma delas é que as partículas que existem nesse nível conseguem tomar diferentes formas arbitrariamente. Por exemplo: os cientistas observaram fótons - minúsculos pacotes de luz - atuando como partículas e ondas. Até mesmo um único fóton tem esse desvio de forma [fonte: Brown University (em inglês)]. Imagine que você fosse um ser humano sólido quando um amigo olhasse você e, quando ele olhasse de novo, você tivesse assumido a forma gasosa.

Isso ficou conhecido como o Princípio da Incerteza de Heisenberg. O físico Werner Heisenberg sugeriu que, apenas observando a matéria quântica, afetamos seu comportamento; sendo assim, nunca podemos estar totalmente certos sobre a natureza de um objeto quântico ou seus atributos, como velocidade e localização.

A interpretação de Copenhague da mecânica quântica apóia essa idéia. Apresentada primeiramente pelo físico dinamarquês Niels Bohr, essa interpretação afirma que todas as partículas quânticas não existem em um ou outro estado, mas em todos os estados possíveis de uma só vez. A soma total dos possíveis estados de um objeto quântico é chamada de sua função de onda. A condição de um objeto existir em todos seus possíveis estados, de uma só vez, é chamada de superposição.

Segundo Bohr, quando observamos um objeto quântico, afetamos seu comportamento. A observação quebra a superposição de um objeto e o força a escolher um estado de sua função de onda. Essa teoria explica por que os físicos obtiveram medidas opostas em relação ao mesmo objeto quântico: o objeto "escolheu" estados diferentes durante diferentes medidas.

A interpretação de Bohr foi amplamente aceita e ainda o é por grande parte da comunidade que estuda física quântica, mas ultimamente a teoria de Everett dos Muitos Mundos tem recebido muita atenção.

Universos paralelos: separados ou unidos?

parallel universesA teoria dos Muitos Mundos e a interpretação de Copenhague não são as únicas concorrentes que tentam explicar o nível básico do universo. Na verdade, a mecânica quântica nem é o único campo dentro da física que procura essa explicação. As teorias que surgiram do estudo da física subatômica ainda são teorias, o que divide o campo de estudo de forma semelhante ao mundo da psicologia. As teorias têm partidários e críticos, assim como as estruturas psicológicas propostas por Carl Jung, Albert Ellis e Sigmund Freud.

Desde que sua ciência foi desenvolvida, os físicos estão empenhados em desmontar o universo - eles estudaram o que poderiam observar e trabalharam sobre níveis cada vez menores do mundo da física. Ao fazer isso, os físicos tentam atingir o nível final e mais básico e é esse nível, eles esperam, que servirá como base para compreender todo o resto.

Seguindo sua famosa Teoria da Relatividade, Albert Einstein ficou o resto de sua vida procurando pelo nível final, que responderia todas as questões da física. Os físicos se referem a essa teoria ilusória como a Teoria do Tudo. Os físicos que estudam física quântica acreditam estar no caminho para encontrar a teoria final, mas outro campo da física acredita que o nível quântico não é o menor nível, portanto não poderia fornecer a Teoria do Tudo. 

Esses físicos se voltaram para um nível subquântico teórico, chamado teoria das cordas, como sendo a resposta para tudo na vida. O que é incrível é que durante sua investigação teórica esses físicos, como Everett, também concluíram que existem universos paralelos.

Dr. Michio Kaku, o criador
da "Teoria das cordas"
A teoria das cordas foi criada pelo físico nipo-americano Michio Kaku. Sua teoria afirma que os blocos de construção essenciais de todas as matérias, bem como de todas as forças físicas do universo - como a gravidade - existem em um nível subquântico. Esses blocos de construção lembrariam pequenas tiras de borracha - ou cordas - que formam os quarks (partículas quânticas) e, por vezes, os elétrons, átomos, células e assim por diante. O tipo de matéria que é criada pelas cordas e como tal matéria se comporta depende da vibração dessas cordas. É dessa forma que todo nosso universo é composto e, segundo a teoria das cordas, essa composição acontece por meio de 11 dimensões separadas.

Assim como a teoria dos Muitos Mundos, a teoria das cordas demonstra que existem universos paralelos. Segundo essa teoria, nosso próprio universo é como uma bolha que existe lado a lado de universos paralelos semelhantes. Ao contrário da teoria dos Muitos Mundos, a teoria das cordas supõe que esses universos podem entrar em contato entre si. Ela afirma que a gravidade pode fluir entre esses universos paralelos. Quando esses universos interagem, acontece um Big Bang semelhante ao que criou nosso universo.

Enquanto os físicos têm criado máquinas capazes de detectar a matéria quântica, as cordas subquânticas ainda precisam ser observadas, o que as torna - e a teoria da qual elas vêm - totalmente teóricas. Alguns não acreditam nela, ao passo que outros pensam que ela está correta.

Então, os universos paralelos realmente existem? Segundo a teoria dos Muitos Mundos, não podemos ter certeza, uma vez que não podemos vê-los ou senti-los de alguma forma. A teoria das cordas já foi testada pelo menos uma vez e com resultados negativos. O Dr. Kaku, contudo, ainda acredita que existam dimensões paralelas [fonte: The Guardian (em inglês)].

Einstein não viveu o bastante para ver sua busca pela Teoria do Tudo ser adotada por outros. Então, se a teoria dos Muitos Mundos estiver certa, Einstein ainda está vivo em um universo paralelo. Talvez, nesse universo, os físicos já tenham encontrado a Teoria do Tudo.

 Buracos negros e pulsares podem nos ajudar a descobrir 


Um buraco negro tecnicamente suga tudo ao seu redor – deixar escapar qualquer coisa não é algo que se vê todo dia. Mas a sua força pode enfraquecer lentamente, se o universo tiver dimensões extras, não conhecidas, algo que os pulsares poderiam nos ajudar a descobrir.

A teoria das cordas, que tenta unificar todas as forças conhecidas, diz que existem dimensões espaciais extras, além das três que conhecemos. Porém, testar essa teoria não é nada fácil.

Agora, pesquisadores dizem que buracos negros orbitando estrelas de nêutrons, conhecidas como pulsares, poderiam provar a teoria, se pesquisas cósmicas conseguissem localizar tais pares.

Os cientistas acreditam que buracos negros perdem massa ao longo do tempo por causa das partículas que emitem, um fenômeno chamado radiação Hawking.

Sem dimensões extras, este processo está previsto para ser dolorosamente lento para buracos negros gigantes, que pesam algumas vezes mais do que o sol, tornando qualquer medição impossível.

Dimensões extras ofereciam as partículas mais formas de escapar, acelerando o processo. Esta perda de peso rápida afrouxaria a força (puxo) gravitacional de um buraco negro sobre todos os objetos em órbita, levando-os a “espiralar” para fora alguns metros por ano

Um pulsar em órbita de um buraco negro poderia revelar essa distância. Isso porque o tipo de radiação que os buracos negros emitem variaria um pouco, dependendo do tamanho da estrela em órbita.

Se o distanciamento puder ser provado, muito provavelmente a teoria das cordas também.[NewScientist]


Universos Paralelos


Parte1


Partes 2/3




Fontes:
O jornal inovacao
Hype Science
History Channel

O que são microcosmos experimentais para projeção de futuros ambientes


Pesquisa é feita de acordo com o Painel de Mudanças Climáticas da ONU


Microcosmos Experimentais

Simula condições atmosféricas distintas, a fim de saber como será o comportamento dos organismos - Esta pesquisa se refere aos existentes na Amazônia nas condições climáticas previstas para 2100. Para isso, foi criado um conjunto de ambientes especiais, denominado pelos pesquisadores de microcosmos, que reproduzem temperaturas consideradas extremas.

Para descobrir como animais e plantas vão se virar diante do desafio do aquecimento global, cientistas do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) estão recriando artificialmente o ambiente aquático amazônico num clima mais quente.

A ideia é ter cenários baseados em três projeções do IPCC (painel do clima da ONU) para 2100, da mais branda à mais catastrófica.

O projeto, diz seu coordenador, Adalberto Val, diretor do Inpa, é inédito no mundo. "Muitos pesquisadores olham para os animais terrestres quando fazem projeções, mas se esquecem da vida aquática", afirma o biólogo.

No caso da Amazônia, há mais de 3.000 espécies de peixes conhecidas --boa parte delas endêmica (ou seja, só existem naquela região).

Essas pesquisas buscam entender as adaptações dos organismos a mudanças ambientais em dois âmbitos: as causadas naturalmente e as originárias de ações humanas. Para fazer esses testes, foram criados quatro microcosmos experimentais, de 25 metros cúbicos cada, equipados para reproduzir diferentes níveis de CO2, temperatura, umidade e luminosidade, todos previstas pelo IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change ou Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) para o ano de 2100.


Nesses ambientes, os pesquisadores estão incubando diferentes organismos aquáticos, entre eles algumas espécies de plantas. No caso delas, o interesse é saber como essas plantas se adaptam aos chamados novos desafios ambientais. Há quatro salas, sendo uma de controle, com as condições climáticas de hoje, e otras três que simulam os seguintes cenários: brando, intermediário e drástico.

O cenário brando é classificado pelos pesquisadores para o caso de que nós, humanos, conseguíssemos reduzir o lançamento de CO2 na atmosfera. No intermediário é calculado o mesmo grau de lançamento de CO2 atual e no drástico, se aumentássemos esta emissão.

O CO2 é um gás de efeito estufa, e o aumento de seu lançamento no ambiente significa o aumento de temperatura da terra.

Estudos do projeto Adapta simulam condições atmosféricas de 2100

Essas pesquisas se iniciaram há um ano e se restringiram ao trabalho de campo enquanto os ambientes estavam sendo construídos. Atualmente, os ambientes estão em fase de teste e em dois meses os pesquisadores começarão a incubação dos organismos, que ficarão nesses microcosmos por um ano, quando será feita as avaliação dos resultados.


Os resultados das pesquisas são dados importantes para a conservação das espécies aquáticas de um modo geral. Determinar como as espécies vivem em seus ambientes, quais suas adaptações, em que estado estão suas capacidades adaptativas e quais os marcadores genéticos mais sensíveis às mudanças no ambiente, representa um avanço no conhecimento para medidas de conservação e manejo das espécies em geral.

FORA D'ÁGUA
Plantas aquáticas no Lago Caruru, 10 anos após
derramamento de petróleo (Foto: Divulgação/
Aline Lopes)

O impacto do aquecimento sobre a vida aquática começa fora d'água. Com a redução das árvores em volta dos rios (elas podem morrer com o clima mais quente), a radiação solar que atinge o ambiente aquático aumenta.

Além disso, os bichos tendem a nadar mais superficialmente para respirar diante da redução de oxigênio nas águas, que têm aumento de carbono e ficam mais ácidas com o aquecimento global.

Mais expostos à luz solar, os peixes correm mais risco de sofrer mutações por causa da radiação, e isso pode prejudicar sua saúde.

A ideia do Inpa é avaliar todas essas variáveis nos ambientes artificiais.

"Os cenários não corresponderão exatamente à realidade, mas queremos investigar se esses animais conseguirão se adaptar às [novas]condições", afirma ele.

A hipótese dos cientistas é que os truques para sobreviver ao aquecimento estão no DNA dos animais desde o período Jurássico, há cerca de 200 milhões de anos, quando o clima era mais quente.

Val também lembrou que, diante de condições climáticas adversas, os peixes tendem a migrar para outros ambientes. Em geral, os que ficam nas condições mais quentes tendem a ser os peixes ósseos. Os cartilaginosos (como as arraias) procuram outras águas, menos tépidas.

Isso traz desequilíbrios ambientais, como disputa acirrada por alimentos.

Hoje, de acordo com Val, há 20 modelos sobre mudanças climáticas que não consideram a adaptabilidade dos organismos. "Precisamos considerar as características de cada lugar e olhar especificamente para os peixes."


Fontes: 
Folha Online
Globo Ecologia

Projeto ADAPTA - Aquecimento global, a Amazônia em 2100


Projeto simula clima de 2100 para estudar impacto nos seres da Amazônia

ADAPTA quer ver como peixes, insetos e plantas se adaptarão ao clima do final do século 

Muito se fala sobre o aquecimento global, mas como ele irá realmente afetar a vida de todos os organismos da Terra? Estudar todos os seres vivos de uma vez é impossível. Mas saber o que irá ocorrer com algumas espécies aquáticas da Amazônia já é um grande passo. É isso que propõe o projeto ADAPTA, que está sendo realizado pelo INPA (Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas) em Manaus. 

O ADAPTA é um projeto abrangente, uma de suas frentes de pesquisas mais interessantes são os microcosmos. Trata-se de um ambiente no qual os pesquisadores irão controlar temperatura, nível de gás carbônico e umidade. O objetivo é simular o clima da Amazônia no ano de 2100, segundo previsões do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). Nos microcosmos serão colocados peixes, plantas, insetos e microrganismos que vivem nas águas da Amazônia. 

A previsão é que em 15 dias o experimento comece para valer. O processo de análise da reação desses organismos ao novo clima vai durar um ano. Para saber mais sobre o projeto, conversamos com o Dr. Adalberto Vaz, um dos responsáveis pela experiência única realizada em Manaus.


Dr. Adalberto VAz em um dos microcosmos, mexendo nos tanques com os peixes que serão estudados// Crédito: Eduardo Gomes/Divulgação

Qual o objetivo do projeto? 
O projeto se propõe a responder duas perguntas fundamentais. Como é que diferentes espécies de plantas, peixes, insetos e microorganismos aquáticos respondem a um mesmo desafio ambiental? Como é que uma espécie responde a diferentes desafios ambientais? O que nós queremos é aprender com as respostas biológicas que esses organismos dão a esses desafios. Um deles é a questão climática. Para isso, construímos aqui no INPA quatro salas, que denominamos microcosmos, onde estamos reproduzindo as condições climáticas de 2100, segundo o IPCC, no que se refere às concentrações de CO2, temperatura e umidade. Vamos encubar algumas espécies selecionadas para viverem lá por um ano, e vamos acompanhar as mudanças biológicas e moleculares. 

A experiência começou? 
As espécies não estão encubadas ainda, tivemos um contratempo com um microcosmo e tivemos que importar um equipamento para manter mais constante o nível de CO2. Estamos com 15 dias de testes e, acho que, em mais 15, vamos começar a experiência. 

Um dos objetivos é saber quais espécies vão se adaptar e quais não vão e assim precisarão da ajuda do homem? E daí agir para começar essa preservação? 
É um dos caminhos, mas o que queremos é chegar a essas respostas. Com elas nas mãos, vamos entregar as autoridades responsáveis pela preservação e elas poderão agir. Estamos interessados em responder, o que irá acontecer com as espécies de peixes usados na alimentação humana. Elas vão crescer mais ou menos? Isso mexe com processo de produção de proteína? Queremos saber o que vai acontecer com as populações de insetos que transmitem doenças. Microorganismos importantes para a indústria vão continuar com a mesma rota metabólica? 

E quais vocês esperam que sejam os efeitos das mudanças climáticas nesses organismos? 
Queremos saber como a expressão gênica será regulada nesses cenários. Não há tempo para mudanças genéticas profundas nesses organismos, mas haveria tempo para mudanças na expressão dos genes desses seres. 

O que é regulação gênica? 
Regulação gênica é aquilo que no fundo nos torna singulares. Nós somos possuidores das mesmas informações genéticas. No entanto, quando eu estou correndo, tenho que fazer uma regulação dos genes que controlam o consumo de oxigênio e a produção de ácido lático. É bom dizer que mesmo se você correr a vida toda, essas características não vão passar para o seu filho. Para isso seria necessário uma mudança na informação gênica. E não se trata de mudança, mas de uma adaptação àquilo que você já tem. Nesse processo, alguns organismos vão morrer, porque não conseguem se regular para as novas condições. 

O projeto vai além das experiências nos microcosmos? 
Temos vários estudos. Temos um sobre a expressão do ômega 3 nos peixes da amazônica. Estamos estudando os processos de adaptação dos peixes de água doce às mudanças ambientais de maneira geral. O que nós aprendemos ao longo de 20 anos de pesquisas, é que há uma quantidade grande de espécies que desenvolveram adaptações interessantes para mudanças ambientais. Um exemplo são os organismos que ajustam sua respiração conforme a disponibilidade de oxigênio. Essa disponibilidade pode estar relacionada à variações naturais ou a ações do homem. Sabemos também que algumas espécies são capazes de reduzir os efeitos dos ambientes ácidos, como os peixes do Rio Negro, que é muito ácido. Também percebemos que algumas espécies podem reduzir os efeitos da poluição sobre sua fisiologia. 

Qual foi a inspiração inicial para começar esse projeto? 
Quando fizemos um estudo sobre o que aconteceu no passado com essas espécies, notamos que várias delas já tinham sido submetidas a ações ambientais muitos fortes. Você pega a grande maioria dos nossos peixes, eles surgiram em momentos em que a Terra tinha altas tensões de dióxido de carbono na atmosfera, baixa disponibilidade de oxigênio e altas temperaturas. Foi um passo para chegar a esse trabalho que estamos desenvolvendo no âmbito do ADAPTA.

por Fernando Martines - Galileu

Saiba como o aquecimento global afeta a vida marinha

Pesquisadores simulam o ambiente oceânico para determinar como a temperatura afeta a cadeia alimentar marinha.



Oceanos com temperaturas elevadas afetarão a vida marinha
Experiências mostram que plantas e animais microscópicos do oceano – a base da cadeia alimentar – sofrerão impactos pelo aquecimento global

Em junho de 2009 os oceanos atingiram 17 graus Celsius, a maior média desde o primeiro registro, no início do século 19. Uma nova experiência sugere que essas águas de temperaturas elevadas poderão causar grandes alterações na cadeia alimentar.

A ecologista marinha Mary O\\'Connor, do Centro Nacional de Análise e Síntese Ecológica, da University of California, Santa Barbara, e seus colegas da University of North Carolina, Chapel Hill, armaram cinco “microcosmos”, contendo quatro litros de água do mar, com microrganismos do estuário Bogue Sound, da costa da Carolina do Norte. Na última primavera, durante oito dias, os cientistas expuseram os microcosmos a diferentes níveis de aquecimento e nutrientes, simulando o fluxo de uma tempestade em um estuário.

Teoricamente, o aumento de nutrientes e calor deveria estimular o crescimento de pequenas plantas flutuantes, conhecidas como fitoplâncton – fato evidenciado pelas zonas mortas sazonais que se formam na foz dos rios quando as plantas afloram, morrem e, ao se decomporem, sugam todo o oxigênio da água. Porém, os pesquisadores descobriram que ao aumentarem as temperaturas, embora estivessem inicialmente contribuindo para a proliferação do fitoplâncton, também permitiram um aumento do zooplâncton (animais microscópicos) e bactérias, de acordo com os resultados publicados na PLoS Biology.

“Na medida em que a temperatura sobe, o zooplâncton prolifera mais que o fitoplâncton”, explica O\\'Connor. “Os zooplâncton são mais abundantes e capazes de comer todo o fitoplâncton em águas de temperaturas mais elevadas. Isso cria um entupimento na cadeia alimentar que poderá gerar profundos impactos para a teia marinha.”

Além de abrigar menos fitoplâncton para absorver dióxido de carbono, o oceano também poderá ter menos alimentos para os outros animais. Mas isso não significa que os zooplâncton vão se empanturrar até a morte. Outras pesquisas apontam que teias alimentares com mais animais (consumidores) do que plantas (produtores) são sustentáveis por, pelo menos, cinco anos. O zooplâncton, como o micro-crustáceo conhecido por krill, é alimento exclusivo de muitos peixes e baleias.

Aumentando a quantidade de zooplâncton, porém, significa que a massa total da vida marinha recua: esses animais minúsculos queimam, metabolicamente, 90% do fitoplâncton que consomem, aproveitando apenas 10%. Dito isso, O\\'Connor relata que com um aumento de 6 graus Celsius da água, a biomassa total no microcosmo mais quente encolheu 50%.

No entanto, esse efeito só é válido em áreas ricas em nutrientes. Nos microcosmos experimentais onde os níveis de nitrogênio e fósforo dos nutrientes foram mantidos baixos, houve uma relativa abundância de plantas e animais. E outros fatores – acidez ou salinidade do oceano – também poderiam desempenhar papéis importantes. “O principal efeito da temperatura no zooplâncton e nos consumidores mais elevados na cadeia alimentar vai depender de outras condições do oceano que afetam a abundância de recursos disponíveis”, conclui O\\'Connor.

Sendo assim, oceanos ricos em nutrientes, como o Ártico, começarão a sofrer dessa mudança na cadeia alimentar na medida em que suas águas continuarem a esquentar, consequentemente aumentando a quantidade de peixes presentes. “Nossas experiências e atual teoria sugerem que o aquecimento em áreas ricas em nutrientes deve aumentar a quantidade de peixes”, constata O\\'Connor. “Acho que podemos descobrir como e onde as mudanças climáticas poderão aumentar e reduzir a produtividade de peixes.”
Mesmo no Ártico, há um limite de nutrientes, revela o ecologista de fitoplâncton Michael Behrenfeld, da Oregon State University. “É uma idéia muito interessante”, comenta O\\'Connor. Mas um aumento na quantidade de peixes “pode ser infundado. Há outros fatores que precisam ser considerados”.

Por exemplo, a sua própria pesquisa de imagens por satélite dos fitoplâncton no Atlântico Norte revela que a floração começa no inverno, resultado de águas profundas e ricas em nutrientes que jorram até a superfície. O aquecimento marinho está diminuindo a quantidade de água que sobe e, portanto, a disponibilidade de nutrientes. “Há uma queda na proliferação”, afirma Behrenfeld. “Quão confiáveis são os quatro litros de microcosmos que simulam os sistemas naturais, principalmente durante longos períodos?”

De qualquer forma, ela permite vislumbrar como a cadeia alimentar marinha poderá ser alterada pelas mudanças climáticas. “Em todo o mundo, as águas oceânicas estão esquentando”, avisa O\\'Connor. "Ao compreender os efeitos da temperatura nestas condições ideais, podemos começar a aplicar esse modelo aos sistemas naturais.

por David Biello

Rios já são “prioridade absoluta” para Pequim


cerca de 200 rios e riachos de Pequim estão secando, ...

Simon Spooner faz parte da equipa da União Europeia que desde 2007 está nas bacias dos rios chineses a apoiar a criação de um sistema de gestão eficaz dos recursos hídricos. Diz que a tarefa estará concluída numa década.

Em 2005, a água de 59 por cento dos rios da China era considerada imprópria para consumo, de acordo com dados do Banco Mundial sobre a poluição na rede hidrográfica do país. As informações constam de um relatório publicado pouco depois do derrame de cerca de 100 toneladas de benzeno no rio Songhua, há seis anos, que levaram à interrupção do abastecimento da rede pública de água em várias cidades do país. Harbin, com 3,5 milhões de habitantes, foi uma das mais afectadas.

Este foi um dos piores incidentes relatados em termos de emergências ocorridas nas bacias dos rios da China. Desde então, Pequim tem procurado capacitar-se para dar resposta a desastres desta ordem e melhorar a gestão dos recursos hídricos – nomeadamente, através da cooperação com a União Europeia.

O Programa de Gestão da Bacia dos Rios China-UE foi acordado em 2003, pelo então Presidente em exercício da União Europeia, Tony Blair, e pelo primeiro-ministro Wen Jiabao. As atividades tiveram início em 2007, com um horizonte de cinco anos para transmissão do know-how de Bruxelas, que está sendo dirigido para as bacias dos rios Yangtze e Amarelo.

Yangtze River

Para acionar a transmissão das técnicas e conhecimentos foram precisos fundos de 25 milhões de euros da delegação da União Europeia na China e do mesmo valor do Governo Central, com algumas achegas também do Banco Mundial.

A um ano do fim desde programa, o país faz progressos. Simon Spooner, especialista destacado por Bruxelas para auxiliar a comissão governamental que gere a bacia do Rio Amarelo entende que, “na maior parte das áreas, a situação da China está melhorando”.

O perito em qualidade da água foi ontem um dos oradores convidados da Cátedra Jean Monet da Faculdade de Direito da Universidade de Macau para um encontro em torno das perspectivas chinesa e europeia sobre a administração dos recursos hídricos.

Se os países da Europa acumulam a experiência de décadas de regulamentação da gestão dos rios do continente – mais recentemente com a Diretiva Quadro da Água, implementada em 2000 –, a China está  dando os primeiros passos em direção a um sistema mais eficaz de gestão da água.

“Passou de ter agradáveis rios naturais a uma industrialização sem contemplações para com as consequências ambientais, como todos os outros fizeram – é uma etapa natural. Agora, o país está se consciencializando dos problemas que isso causou, e que constituem obstáculos ao desenvolvimento econômico tal como um risco para a estabilidade social – os mais importantes objetivos da gestão governamental”, entende Spooner, que destaca o fato das questões ambientais terem sido incluídas no 12º plano quinquenal – “o principal documento politico do país”, frisa.

A missão macropolítica assumida, entende, “acelera o investimento nos recursos hídricos e instiga sistemas de gestão da poluição adequados”. “São prioridades absolutas atualmente”, considera.


Uma boa “motivação”

O trabalho da equipa de Bruxelas no Yangtze e no rio Amarelo passa por apoiar a gestão do controlo dos níveis de poluição, a criação de sistemas operacionais para gerir incidentes de poluição, a promoção de indústrias de tecnologias limpas, a conservação de água e de energia, e a redução das fontes poluidoras. “O trabalho também passa por introduzir métodos biológicos de avaliação da qualidade do rio, a partir da experiência de implementação da Diretiva Quadro da Água [da União Européia]”, descreve Simon Spooner.

O perito dá igualmente assistência técnica à implementação de um sistema de distribuição das cargas poluentes (Pollution Load Alocation, em inglês), que visa gerir a descarga de águas residuais pelas diversas actividades económicas do país. É, explica o perito da UE, “o principal instrumento para o controle da poluição” disponível actualmente.

Por outro lado, os técnicos de Bruxelas estão capacitando as autoridades chinesas para  resposder a situações de emergência relativas à contaminação dos aquíferos que abastecem a população de água potável.

“Está se a construindo a partir do grande incidente ocorrido no rio Songhua em 2005, que foi seguido de uma grande incerteza, sem qualquer conhecimento de como reagir. Houve uma falta de abertura, mesmo entre diferentes níveis do Governo. O objetivo é haver maior abertura no seio do próprio Governo Central, para que este esteja em condições de divulgar mensagens mais precisas ao público. Sabem quando devem agir e quando devem retirar-se, planeando para essas ocasiões”, defende Spooner.

Mas, dados os recentes incidentes – mesmo os de pequena escala, como o da contaminação com crómio do rio Oeste, que abastece Macau –, estará a China a ser bem-sucedida no propósito?

“Uma forma de responder é dizer que andamos [União Europeia] trabalhando para isso há muito tempo e ainda não chegamos lá, ainda há muitos buracos. Por um lado, a resposta é nunca – porque está sempre tudo a mudar, há sempre um problema atrás do outro”, admite o especialista.

Mas as projeções são apesar de tudo otimistas. Simon Spooner acredita que “dentro da próxima década será possível à China implementar um sistema eficaz de gestão” dos recursos hídricos.

Yangtze river dolphin

E, se a União Europeia possui a experiência e um quadro legal com menos omissões, Spooner assinala as vantagens de um regime centralizado que manifesta a intenção de vigiar com rigor o desempenho das bases da sua hierarquia. E que, em anteriores ocasiões, já tem sancionado com rigor dirigentes que fracassaram na gestão de desastres ambientais.

“É extremamente difícil fazer com que o sistema seja orientado em todos os níveis do governo. O que é diferente na China é que, devido à estrutura política existente, é possível fazê-lo através dos procedimentos de avaliação dos dirigentes”, assinala.

O perito europeu lembra que “o desempenho ambiental, o cumprimento dos padrões de qualidade da água e a ausência de grandes incidentes de poluição entram nas contas da avaliação dos dirigentes”.

“Subitamente, estes são aspetos que já não podem ser negligenciados e postos à parte – são críticos na carreira de cada um dos dirigentes”, diz, entendendo que “é algo que funciona muito bem como motivação”.

“Neste sentido, a China tem a capacidade de induzir mudanças rápidas, mais do que será possível com a abordagem estritamente legal na Europa”, defende.

bom para os inocentes...

by pontofinalmacau

Às Estrelas


The Most Astounding Fact
O Fato Mais Importante (Legendado)

PET



Medicamentos - Descarte Consciente


Google Street View - Dados cartográficos

A gigante de couro pode atingir dois metros de comprimento e pesar até 750 kg.