De acordo com coordenador do Programa da Amazônia do WWF-Brasil, Mauro Armelin, maior obstáculo para o replantio é a falta de incentivo
Houve uma época em que não se falava sobre os perigos para o meio ambiente de se extrair madeira, plantar culturas como o café e a cana-de-açúcar e abrir pastos sem antes se fazer um estudo sobre a região, ou melhor, sobre o bioma no qual se desejava atuar. Com a popularização do termo, ou melhor, do processo chamado Reflorestamento, muitos hectares de áreas devastadas estão sendo recuperadas em todo o Brasil. De acordo com coordenador do Programa da Amazônia do WWF-Brasil, Mauro Armelin, o maior obstáculo ainda é a falta de incentivo do Governo Federal:
“Um dos maiores obstáculos é o licenciamento. Para fazer a revegetação, não dá para plantar qualquer coisa em qualquer pedaço de terra. Tem que ter um projeto para fazer uma recuperação baseada no que existia antes naquela área. Por isso é necessário um processo, que custa caro. Também não é fácil encontrar disponibilidade de mudas de espécies nativas. E o maior problema é a falta de incentivo. Não vejo políticas governamentais que apóiem ou iniciativas”, afirma Mauro.
O reflorestamento nada mais é do que recuperar florestas que foram desmatadas ou inserir espécies para que a área de onde a floresta foi retirada fique parecida com a original. Isso pode levar meses ou anos, dependendo da área, da quantidade de pessoas atuando nela e do tempo de trabalho dedicado por cada um.
“A floresta provê serviços ecológicos para sociedade como a produção de água, por exemplo. Áreas prioritárias para fazer reflorestamento são as margens dos rios e os morros desmatados. E há também o reflorestamento que tem como objetivo aumentar a população de algum animal, como foi feito no litoral do Rio de Janeiro, com a intenção de aumentar o número de mico-leão-dourado, que estava em extinção”, diz Mauro.
A recuperação da vegetação é feita em fases. Primeiro, são plantadas árvores pioneiras, aquelas que crescem sob o sol e protegem as árvores secundárias, as segundas a serem inseridas na floresta que está no processo. É necessário estudar as espécies típicas da região e seguir a vontade de proprietário da terra que está sendo reflorestada. Com elas, é possível recuperar a biodiversidade que existia no local.
“Pode ser que ele queira ambiente mais fresco em sua fazenda ou uma floresta que ofereça produtos, como borracha, palmito ou frutas. O sistema de vegetação é selecionado de acordo com o gosto, mas com base na sucessão florestal”, comenta Mauro.
Apesar da experiência na área, a WWF-Brasil não trabalha atualmente em nenhum projeto de reflorestamento. A organização não-governamental vem trabalhando em políticas, tentando encorajar a recuperação de áreas e brigando pelas áreas protegidas e pela precaução com elas.
“Nosso objetivo hoje não é reflorestar, mas criar formas para que isso seja possível. E também para que não seja necessário. Estamos trabalhando junto ao governo do Estado do Acre no projeto Conservando Um Bilhão de Árvores, um processo de certificação das propriedades agrícolas para que as famílias tenham produção agrícola ou melhorem a pastagem sem destruir a vegetação. O objetivo é que aqueles 80% de área que não são de Reserva Legal sejam utilizados, porém, conservados como florestas. Assim, os donos daquela propriedade podem tirar renda da floresta e melhorar sua própria qualidade de vida”.
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