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sábado, 29 de outubro de 2011

Estreia 'O Palhaço', bom filme de Selton Mello

 



Por Arnaldo Jabor 


Selton Mello transforma crise existencial em filme e se diz ‘cineasta bipolar’,
 dirige e atua 'O palhaço', filme que define como 'comédia sonhadora'. 

Durante as filmagens de “Jean Charles” (2009), quando protagonizava a história real do brasileiro morto pela polícia britânica, o ator Selton Mello vivia uma “crise daquelas” em relação à profissão. “Não conseguia me concentrar no papel, não estava com a cabeça ali. Pensava: eu entretenho as pessoas, mas quem faz isso por mim?”, relembra. “Ainda bem que a grande vantagem de ser ator é poder sublimar ideias, rir de si próprio. Então transformei meu dramalhão em roteiro ”.

O roteiro-terapia de Selton, “O palhaço”, começou a ser filmado este mês em Paulínia, interior de São Paulo, onde foi armado em estúdio o caprichado cenário do circo “Esperança”. É nesse local - que o G1 visitou na tarde de segunda-feira - que se passará boa parte da história de Benjamin (Selton), jovem palhaço que toca com o pai, Valdemar (Paulo José), uma trupe mambembe e que não tira da cabeça a pergunta “eu faço todo mundo rir, mas quem vai me fazer rir? “. 

Os atores Selton Mello e Paulo José durante 
a entrevista coletiva de 'O palhaço', 
realizada em Paulínia, nesta segunda 

Diferente do longa que marcou sua estreia como diretor, o sombrio “Feliz Natal” (2008), Selton define “O palhaço” como uma “comédia sonhadora”. “Nesse mundo cínico em que vivemos o mais natural seria que eu fizesse mais um filme cheio de tiros, violência. Contar uma história delicada como essa, tão cheia de candura, certamente é uma ousadia”, avalia o ator.

Paulo José em uma das primeiras cenas de 'O palhaço'. 

O diretor mais uma vez recorre às crises pessoais para explicar por que em sua curta carreira produziu duas histórias tão díspares. “Semana passada o Raduan Nassar [escritor] assistiu ao ‘Feliz Natal’ e me perguntou como eu havia conseguido fazer um filme tão ‘sem esperança’. E ‘esperança’ é justamente o nome do circo de ‘O palhaço’”, compara o ator, para em seguida fazer o diagnóstico. “Daí que eu percebi: sou um cineasta bipolar”.

Quando pensou no projeto, Selton queria Wagner Moura no papel de Benjamim, o palhaço Pangaré. “Mas ele estava muito ocupado com o ‘Tropa 2’. O capitão Nascimento vai ser o nosso Chuck Norris!”, brinca ele, se referindo ao longa de José Padilha “Daí convidei o Rodrigo Santoro e também não rolou. O jeito foi eu mesmo fazer o papel”. “Acredito que só está na caravana quem tem que estar lá. O papel é que acaba escolhendo o ator”, opina Paulo José, que no longa interpreta Valdemar, o palhaço-pai Puro Sangue.

Os nomes dos personagens são homenagens a Benjamin de Oliveira (1870-1954) ,ex-escravo que se tornou grande artista circense, e Waldemar Seyssel (1905-2005), o Arrelia, um dos mais populares palhaços do país.

Selton Mello faz a passagem de texto 
com atores de 'O palhaço'. 

Além de Fellini, Oscarito, Mazaroppi, Didi Mocó e os filmes “Bye, bye Brasil” (1979) e “O profeta da fome” (1970), Selton diz que suas “fontes de pesquisa” para o filme foram palhaços que entrevistou pelo país. “Descobri personagens sensacionais! Antes os palhaços é quem eram os donos dos circos. Não é como agora, que eles apenas amarram números, como no Cirque du Soleil”.

Do universo circense também vem Teuda Bara, uma das fundadoras do Grupo Galpão, que atua no longa, além da figurinista Kika Lopes. "A Kika soube criar figurinos bem reais para esse grupo mambembe que nós mostramos", diz Selton. Completam o elenco os atores Jackson Antunes, Tonico Pereira, Fabiana Karla, Moacir Franco, Jorge Loredo, Erom Cordeiro, Ferrugem, entre outros.

Parte do cenário de 'O palhaço' mostra cartaz dos shows 
da dupla Pangaré (Selton Mello) e Puro Sangue (Paulo José).

"Ao todo são 14 atores, que ficam em cena quase o tempo inteiro", explica Selton. Paulo José contou sobre o preparo que o elenco fez um mês antes das filmagens, iniciadas no último dia 2. "Alugamos um teatro e treinamos números de malabarismo, trapézio e cenas entre os palhaços", contou o ator, que completa 73 anos no próximo dia 20 e ainda exibe fôlego de iniciante. Ele fez ao vivo, durante a coletiva, algumas das acrobacias leves que exibirá no filme. 

Orçado em R$ 5 milhões, “O palhaço” também terá cenas em Ibitipoca, em Minas Gerais. Segundo a produtora Vânia Catani, as filmagens terminam em 13 de abril e o longa chegará às telas no primeiro semestre de 2011.

Fontes:
Dolores Orosco - G1, em Paulínia 
Áudio CBN

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