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domingo, 8 de dezembro de 2013

Chico Mendes, sua luta e seu legado (vídeo)



No coração da maior floresta do mundo, os últimos seringueiros do Brasil buscam continuar vivendo do extrativismo, mesmo com a constante desvalorização do látex. Nos áureos tempos da borracha, a região, que seria o futuro estado do Acre, foi o centro de uma disputa diplomática entre brasileiros e bolivianos. Em 1903, portanto há 110 anos, foi necessária a intervenção do Barão do Rio Branco para que o território, habitado em sua maioria por brasileiros, pertencesse definitivamente ao Brasil.

Hoje, as dificuldades ainda são imensas. Ameaçados por posseiros, os seringueiros do Acre são os alvos principais de agricultores, que os intimidam o tempo todo. A luta pela terra neste rincão escondido do país gera mortes, despedaça famílias, mantém os seringueiros em constante estado de alerta. O sonho de envelhecer vivendo na floresta é uma batalha diária, que já vitimou pessoas simples e líderes, como Wilson Pinheiro e Chico Mendes.

O assassinato de Chico Mendes, em Xapuri, em 1988, foi o estopim para que as reivindicações dos povos da floresta chegassem ao poder público. Porém, 25 anos depois, o que se vê é o abandono de muitos projetos e cooperativas idealizadas pelo líder dos seringueiros.

Com o látex pouco lucrativo, os extrativistas buscam novas formas de sustento. Plantações de cacau e produção de castanha para exportação são atividades que garantem a sobrevivência dos acrianos que resistiram.

Resistir parece ser o verbo correto para se pronunciar no Acre. Assim como os extrativistas, a floresta resiste às ações de madeireiras. A reportagem do programa foi até as margens do Rio do Rola, conversou com quem sempre viveu ali, entrevistou quem está ali só pelo lucro. No papel, todas as madeireiras dizem fazer o manejo sustentável das áreas exploradas. Na prática, é visível que o corte ilegal da vegetação amazônica aumentou nos últimos anos.

Nada mais distante do ideal que Chico Mendes tinha para a região, onde os trabalhadores, reunidos em cooperativas, conseguiriam a sobrevivência respeitando os limites da floresta.

O Acre, com sua história mais do que centenária; Chico Mendes, sua luta e seu legado; e a dura realidade dos povos da floresta; são os temas do programa Caminhos da Reportagem do dia 3 de dezembro de 2013.

FONTE: TV Brasil

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Elementos da poluição atmosférica modificam o DNA humano


Aldeídos mutagênicos, em concentrações elevadas, podem levar ao câncer

Além dos males causados pela poluição atmosférica já conhecidos cientistas acabam de detectar, pela primeira vez, uma modificação em DNA humano causada pela presença de dois aldeídos – acetaldeído e crotonaldeído — encontrados na fumaça do cigarro e nas emissões veiculares “Esses aldeídos são mutagênicos e, em concentrações elevadas, podem levar ao desenvolvimento de câncer”, alerta a professora Marisa Helena Gennari de Medeiros, do Instituto de Química (IQ) da USP, e pesquisadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Processos Redox em Biomedicina (Redoxoma).

A constatação foi feita em um levantamento, realizado em 2010, que analisou a urina de 82 pessoas, sendo 47 residentes na cidade de São Paulo e outros 35 moradores de São João da Boa Vista, município rural no interior do estado. Os resultados mostram que a concentração de adutos — resultado da reação dos aldeídos com o DNA — foi significativamente maior nos moradores da capital paulista. “São Paulo tem uma característica incomum, se comparada a outras grandes capitais do mundo”, conta Marisa Helena. “Além dos poluentes normalmente encontrados em metrópoles semelhantes, aqui temos uma grande frota que utiliza o etanol”. A pesquisa excluiu fumantes, alcoólicos, pessoas com problemas de saúde e fazendo uso de suplementos alimentares e de medicamentos. Nos testes com a urina, os cientistas utilizaram técnicas ultrassensíveis como a espectrometria de massas.

Reparo do DNA
A pesquisadora explica que é a primeira vez que a urina foi utilizada como biomarcador para esse tipo de estudo. “É de conhecimento que a poluição atmosférica é um agente carcinogênico”, ressalta Marisa. “No entanto, ainda não se tinha um controle específico em relação aos danos causados no DNA humano e usando a urina como biomarcador”, explica.

A docente descreve que o que é descartado pela urina é justamente o produto do reparo do DNA. Ao entrar em contato com o organismo, os aldeídos se ligam à estrutura do DNA, modificando-a. Contudo, as enzimas que protegem a estrutura realizam um trabalho de “clivagem” (corte) na modificação promovida pelos aldeídos. “O resultado deste mecanismo é justamente o que conhecemos como o reparo, que é o que acaba indo para a urina”, explica. Se o dano causado ao DNA não for reparado pode levar a uma mutação e ao câncer. Marisa destaca ainda que a vantagem de se utilizar a urina é que trata-se de um método não invasivo.

Laboratório do IQ onde foram analisadas as amostras de urina de 47 pessoas. Método não invasivo permite o monitoramento da exposição da população a aldeídos presentes na atmosfera

Fator de risco
Na região metropolitana de São Paulo, onde circula uma frota de cerca de 7.4 milhões de veículos, aldeídos genotóxicos presentes na atmosfera são um grande fator de risco para a saúde da população.

Por isso, um aspecto importante da possibilidade de detecção de adutos de DNA na urina é o desenvolvimento de um método não invasivo que permita o monitoramento da exposição da população a aldeídos presentes na atmosfera. Esse monitoramento pode fornecer informações para a formulação de políticas públicas que reduzam os efeitos nocivos da poluição atmosférica. “Pretendemos ampliar esse estudo, analisando e comparando amostras de urina de moradores de diferentes bairros na cidade de São Paulo e de diferentes cidades”, conclui a pesquisadora.

O grupo responsável pelo estudo integra a rede de pesquisadores dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT), com apoio do Conselho Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico (CNPq), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) com o Programa Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID), e do Núcleo de Apoio à Pesquisa (NAP) da USP.

O artigo Elevated α-Methyl-γ-hydroxy-1,N2-propano-2′-deoxyguanosine Levels in Urinary Samples from Individuals Exposed to Urban Air Pollution, de Camila C.M. Garcia, Florêncio P. Freitas, Angeĺica B. Sanchez, Paolo Di Mascio e pela professora Marisa pode ser lido por assinantes em http://pubs.acs.org/journal/crtoec.

Por Antonio Carlos Quinto - acquinto@usp.br

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Projeto Florestam - pesquisas com florestas de várzea, concluído.


Pesquisa revela conhecimento etnobotânico de ribeirinhos




O que é uma floresta de várzea:

Floresta de várzea é um tipo de floresta de planícies inundáveis invadidas por enchentes sazonais na Bacia Amazônica.

Ao longo do rio Amazonas e muitos de seus tributários, uma alta taxa pluviométrica que ocorre durante a estação das chuvas resulta em grandes enchentes estacionais. O resultado é aumento no nível de águas carregadas de nutrientes entre 10–15 metros.


As florestas de várzea dividem-se em dois tipos: as várzeas baixa e intermediária, nas quais predominam palmeiras e as espécies que apresentam raízes aéreas, as quais auxiliam na fixação de oxigênio, como o açaizeiro e o buriti, e a várzea alta, cujo solo é menos influenciado pelas águas das cheias e apresenta maior biomassa. Nela ocorrem espécies arbóreas, como a sumaúma, açacu, andiroba e copaíba.

Tal classificação foi feita de acordo com o nível topográfico, composição química do solo e composição botânica


O Projeto Florestam, coordenado pela Embrapa, documenta a utilização de produtos florestais pelos ribeirinhos do Estuário Amazônico

O Estuário Amazônico, com sua rica biodiversidade, apresenta desafios à pesquisa agroflorestal. Este universo amplo, que divide os estados do Amapá e Pará, cheio de espécies vegetais típicas de áreas alagadas, rios e igarapés, é o foco geográfico de trabalho da equipe do Projeto Florestam, coordenado pela Embrapa Amapá. Um dos pontos de interesse é documentar o uso que os ribeirinhos fazem dos produtos florestais madeireiros e não madeireiros. 

“Estudamos a comunidade florestal como um todo e, em particular, espécies como andiroba, pau mulato, pracuúba, açaí e virola, que são de interesse econômico e social dos ribeirinhos”, explica o pesquisador Marcelino Carneiro Guedes, coordenador do Projeto Florestam.

Foram três anos de pesquisa básica e entre os dados obtidos está o conhecimento etnobotânico dos ribeirinhos que vivem em comunidades do município de Mazagão (AP), na foz do rio Maracá, foz do Mazagão Velho e foz do Ajuruxi, afluentes do canal norte do rio Amazonas. A atividade prevista no projeto foi a inspiração para a monografia de conclusão da graduação da bolsista Eneida Silva do Nascimento, no curso Engenharia Florestal da Universidade do Estado do Amapá.


Na região de estudo predominam ambientes inundados pela dinâmica das marés que influenciam a diversidade da vegetação e os hábitos da população. “Isto faz com o que os ribeirinhos tornem-se especialistas no uso dos recursos naturais para fins de subsistência, culturais, religiosos e comerciais”, aponta Eneida Nascimento. 

Orientada pela pesquisadora Ana Euler, responsável pelo Plano de Ação correspondente ao levantamento etnobotânico, a então acadêmica fez um levantamento inédito sobre os conhecimentos etnobotânicos relacionados ao uso de vegetais típicos de várzea. Também foi possível identificar, pela primeira vez, se os ribeirinhos conhecem a legislação que lhes assegura proteção do conhecimento tradicional e do patrimônio genético sob sua guarda.

Açaí em primeiro lugar

Ficheiro:Acapalms.jpg

Das 25 espécies citadas pelos ribeirinhos como fonte de alimentação, o açaizeiro aparece em primeiro lugar, assim como também foi lembrado por 100% dos ribeirinhos entrevistados quando trata-se de uso comercial. Isso demonstra a importância socioeconômica desta espécie para a região, sobretudo sob o embalo do aquecimento do mercado consumidor do “vinho da Amazônia”.

Outras espécies com relevante potencial comercial na região são andiroba, pau mulato e pracuúba. No uso como combustível, o pau mulato e o pacapeuá apresentaram maior frequência de uso e, segundo os ribeirinhos, também fornecem lenha de qualidade para os fogões de barro. 


Para a construção civil, a pracuúba e a andiroba foram as mais utilizadas para edificação de casas e trapiches. As plantas para uso medicinal são de grande importância no modo de vida dos ribeirinhos. Foi a categoria de uso que mais contribuiu com número de espécies (43) e famílias botânicas (29) para este estudo do Florestam. As espécies mais lembradas foram a andiroba e o pracaxi. De ambas é extraído o óleo da semente, utilizado como antiinflamatório e cicatrizante. 

Em tecnologia artesanal, a maúba e a pracuúba foram as mais citadas para uso na construção e consertos de canoas a remo e embarcações de pequeno porte movido a motor. 

Este trabalho proporcionou às comunidades ribeirinhas o acesso a informações sobre a legislação de proteção ao conhecimento tradicional. Ana Euler ressalta que 100% dos 30 entrevistados desconheciam a Medida Provisória 2186 – 16/200 e a existência do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN). Atualmente a equipe se mobiliza para dar continuidade ao Projeto Florestam e avançar nas pesquisas em floresta de várzea do Amapá e Estuário Amazônico.

  • Seminário apresenta resultados de pesquisas com florestas de várzea
A Embrapa Amapá realiza, de 3 a 5 de dezembro deste ano, no auditório da instituição de pesquisa, o III Seminário do Projeto Florestam, uma pesquisa que tem como objetivo identificar a ecologia, formas de uso pelos ribeirinhos, estoques de madeira e produtos não-madeireiros encontrados no estuário amazônico. Os objetivos do seminário são apresentar palestras de referência sobre temáticas importantes para o estuário amazônico, buscando integração com outros grupos de pesquisas que estudam ecossistemas de várzeas, discutir resultados e a continuidade do Projeto Florestam, e discutir sobre a cadeia, valor e demandas de fomento ao setor de madeira de várzea. O público alvo do evento é formado de pesquisadores, estudantes, técnicos e gestores ligados à área florestal.

O Projeto Florestam foi iniciado em 2010 e está sendo encerrado neste ano de 2013. De acordo com o pesquisador Marcelino Carneiro Guedes, coordenador da pesquisa e do seminário, durante este período de três anos de estudos, foi feito um grande esforço para conhecimento das características químicas e físicos dos solos e a dinâmica das marés, que nunca tinham sido estudados em profundidade nessa região. “A equipe conseguiu avançar também em estudos sobre o estoque disponível e técnicas de manejo florestal, principalmente de espécies de maior interesse econômico como o pau mulato, a pracuúba e a andiroba. Essas informações subsidiaram normas para o manejo da floresta de várzea, regulamentada recentemente por meio do Decreto Nº 3.325, de 17 de 2013, que traz a revisão de todas as normativas ligadas às atividades florestais no estado do Amapá”, acrescentou o pesquisador. A programação do III Seminário do Projeto Florestam inclui palestras de especialistas da Universidade Federal do Amapá, Universidade do Estado do Amapá, IEPA, Instituto Estadual de Florestas, Ministério Público do Amapá, Embrapa Amazônia Oriental (Pará) e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).


As atividades do Projeto Florestam são feitas em três regiões do Amapá: foz do Mazagão Velho, foz do rio Maracá e foz do rio Ajuruxi, sempre na confluência com o canal norte do rio Amazonas. Atividades voltadas ao estudo da vegetação também são realizadas nas ilhas do Estado do Pará, sempre com foco nas várzeas do estuário amazônico, que são submetidas a dois ciclos diários de cheia e vazante devido às marés oceânicas. O Projeto Florestam é desenvolvido por meio da pesquisação, buscando facilitar a construção conjunta do conhecimento e das condições necessárias para geração e assimilação das técnicas de manejo dos recursos florestais das várzeas estuarinas. “O projeto conta com a participação de várias instituições e pessoas, formando uma grande equipe de trabalho. Teve a participação de mais de 10 instituições e mais de 50 pessoas, com participação intensa de estudantes de graduação e pós graduação”, destacou Marcelino Carneiro Guedes.

No âmbito do Florestam, foram ou estão sendo desenvolvidos 15 TCCs, 7 dissertações de mestrado e 2 teses de doutorado. Muitos desses estudantes que participaram pelo Projeto Florestam foram aprovados em concurso público do Estado ou foram contratados, atualmente desenvolvendo atividades na Universidades do Amapá (Perseu Aparício, Jadson Abreu e Wegliane Campelo) e em órgãos de pesquisa, extensão rural e gestão ambiental do Estado, como o Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Dayse Suellen), Secretaria Estadual de meio Ambiente (Núbia Castilho e Juliana Eveline), Instituto Estadual de Desenvolvimento Rural (Henrique Gomes), Instituto Estadual de Florestas (Madson Sousa, Mariane Santos e Alinny Silva) e Instituto de Meio Ambiente e Ordenamento Territorial (Gabrielly Guabiraba). O pesquisador Marcelino Guedes ressalta que desta forma “estamos colaborando com a formação do quadro técnico do Estado e de agentes multiplicadores dos conhecimentos e técnicas de manejo da floresta de várzea, ampliando cada vez mais a teia de competências necessárias para promover o desenvolvimento das diversas realidades geográficas do Amapá a partir da conservação e uso da biodiversidade amazônica”. As palestras do III Seminário do Projet Florestam serão apresentadas sempre das 8h às 12h e das 14h às 17h30, no auditório da Embrapa Amapá.

Imagens de floresta alagada:




domingo, 1 de dezembro de 2013

Saiba mais sobre o Mero, um brasileiro em perigo



O Senhor das Pedras



Projetos unem forças para proteger os meros

Tamar e Meros do Brasil realizaram semana de arte e informações sobre os peixes ameaçados de extinção:


Parceiros na pesquisa e conservação da vida marinha

Dois meros foram devolvidos ao mar no final de uma semana de atividades culturais nas bases de Arembepe e Praia do Forte. Sob aplausos emocionados das pessoas que acompanharam os pesquisadores dos projetos Tamar, Meros do Brasil e da Universidade Federal de Alagoas - UFAL, os peixes voltaram para casa saudáveis, prontos para continuar a cumprir suas funções ecológicas. Foi realizada a coleta de dados biométricos e genéticos, e a marcação dos espécimes para acompanhamento. Os projetos conservacionistas, parceiros na proteção dos oceanos, são patrocinados pela Petrobras, através do Programa Petrobras Ambiental.

Memórias do Mar - A expedição “Memórias do Mar – Uma Aventura Transdisciplinar pelo Litoral Brasileiro” visitou com o 'Mero Móvel' bases do Tamar na Bahia (6-8/11). A iniciativa do Coletivo Memórias do Mar, do Projeto Meros do Brasil, encantou adultos e as crianças da Escolinha do Tamar, em Arembepe, e da turma dos Tamarzinhos da Praia do Forte. As atividades incluíram alimentação dos meros, informações sobre a biologia, ciclo de vida, comportamento, status de conservação da espécie e oficinas de cordel, resgatando histórias e tradições das comunidades.

Zé Mero, pescador parceiro do Tamar, que já capturou meros no passado, contou as histórias de seus encontros com o peixe que inspirou seu apelido. Hoje, consciente dos problemas que a extinção de uma espécie pode causar a todo o ecossistema, trabalha pela conservação das tartarugas marinhas e seus amigos. É professor que ensina a pescar, desvendar os mistérios do mar, respeitar e viver em harmonia com a natureza.

Saiba mais sobre o Mero:


Epinephelus itajara um peixe marinho da família Serranidae que habita águas tropicais e subtropicais do oceano Atlântico. É uma espécie de peixe que habita zonas estuarinas (manguezais) e áreas costeiras, por isso, costumam ser encontrados em manguezais e costões rochosos, próximos de naufrágios, pilares de pontes e parcéis. A espécie é muito vulnerável à pesca, pois possui taxas de crescimento lento, atingem grandes tamanhos, agregam-se para a reprodução, maturam sexualmente tardiamente e são territorialistas.

O Mero também conhecido como Senhor das Pedras seu formato é arredondado e chega a ultrapassar dois metros de comprimento. Porém ao se aproximar, você se depara com um peixe, que apesar de sua imponência, permite que as mãos humanas passeiem por sua pele escamosa. Suas principais características são:



  • Vive até 100m de profundidade.
  • Pode viver 40 anos.
  • Atinge mais de 2m de comprimento.
  • Começam a reproduzir com 1,1 a 1,2 metros de comprimento e com 4 a 7 anos de idade.
  • Agregam-se perto da Foz de grandes rios em épocas e locais conhecidos com a finalidade de encontrarem parceiros para a reproduzir.
  • Gostam muito de comer lagostas.


Meros adultos e principalmente os juvenis estão presentes nos mangues dentro de estuários. Estudos sobre a espécie em geral são escassos. Porém, já é verificado em outras regiões estudadas (ex.: Golfo do México) que a biologia da espécie possui características que tornam a população altamente susceptível a sobrepesca e depleção rápida do estoque. Cerca de um quarto dos pontos de agregação conhecidos foram totalmente eliminados.

Em uma avaliação preliminar ficou caracterizado que na Baía de Babitonga (SC), onde o peixe já foi estudado sistematicamente, os Meros são capturados predominantemente de duas formas: espinhel de fundo e pesca subaquática. Presumi-se, entretanto, que a pesca submarina está contribuindo consideravelmente com a depleção e extermínio dos agregados reprodutivos. Entretanto a grande vulnerabilidade destes grandes peixes faz com que o impacto de cada pescador na população seja devastador. Em contrapartida, bons exemplos são encontrados entre os praticantes da pesca subaquática esportiva. Trata-se de um peixe que encanta mergulhadores, dos iniciantes aos mais experientes.

Mesmo tratando-se de uma espécie de peixe ameaçada de extinção, pouco conhecimento científico está disponível sobre as populações de Epinephelus itajara ocorrentes no Brasil. Apenas é constatado o desaparecimento gradual destes peixes de locais onde antes eram abundantes. Não se sabe exatamente o número exato de indivíduos e o total em biomassa que tem sido capturado anualmente. A causa mais provável dos drásticos declínios é a pressão forte da pesca em agregados reprodutivos. Quando um grande número de peixes normalmente dispersos, são concentrados em áreas e em horas previsíveis, são altamente vulneráveis a sobre-pesca. Sua taxa de crescimento lenta, vida longa, e grande tamanho de maturação sexual fazem desta espécie muito vulnerável, diminuindo a variabilidade genética.

Esta espécie vem recebendo atenção de pesquisadores em todo o oceano Atlântico em função de seu status de conservação, classificado como criticamente ameaçado (IUCN, 2006). Há mais de dez anos protegida da pesca em todo o Golfo do México, somente em 2002 é que esta espécie, recebeu a proteção de uma moratória específica no Brasil (IBAMA, portaria nº 121 de 20 de setembro de 2002). Com isso, se tornou a primeira espécie de peixe marinho a receber uma portaria específica que estabelece a moratória da pesca pelo período de 5 anos, nos quais existe a prioridade da realização de estudos mais aprofundados. A portaria 42/2007 do Ibama prorrogou por mais cinco anos a proibição da captura do Mero.

As informações sobre este importante peixe constam inseridas na cultura de algumas comunidades de pescadores, que ao utilizarem os recursos naturais do ambiente onde vivem, acumulam o conhecimento sobre a espécie e seu ambiente.

Diante da falta quase que absoluta de conhecimento sobre a bioecologia do Mero no Brasil, percebe-se que é fundamental recorrer ao conhecimento ecológico de pescadores como subsídio à pesquisa e conservação desta espécie. E esta é uma das propostas do projeto Meros do Brasil.

AMEAÇAS

A maior ameaça ao Mero é provavelmente o homem, desde que é um peixe excelente como alimento, sua carne é deliciosa e branca. São também peixes fáceis de pescar, utilizando-se de uma variedade de artefatos (armadilhas, linhas de mão, redes de emalhe e arbalete de pressão).

Os Meros são peixes que vivem cerca de 40 anos, crescem devagar e demoram a iniciar atividade reprodutiva. Quando você retira um animal tão grande do mar, o papel que este peixe representava no ambiente vai demorar para ser novamente exercido por outro peixe. Isto quer dizer que aquele indivíduo vai fazer muita falta dentro do ambiente. Outro problema é o fato dos Meros agregarem-se, isto é, reunirem-se em datas e locais conhecidos pelos pescadores. Quando estão juntos tornam-se ainda mais vulneráveis.
Não há muitas informações sobre seus predadores naturais, porém tubarões atacam juvenis em linhas de espinhéis armadas em torno dos mangues. Outros Serranídeos, barracudas e moréias alimentam-se provavelmente de juvenis (Sadovy et al., 1999). Entretanto, uma vez alcançado a maturidade, poucos predadores podem se alimentar devido seu tamanho e natureza discreta (GMFMC, 2001)

BIOLOGIA

Mero: Ephinephelus itajara : Membro da família Serranidae é o maior dos representantes no Atlântico podendo chegar ao peso máximo de aproximadamente 455 kg e são marcados visivelmente por seus cabeça lisa e larga, espinhos dorsais curtos, olhos pequenos e dentes caninos. Sua cor varia de marrom amarelado à azeitona, com os pontos escuros pequenos na cabeça, no corpo e nas barbatanas.

Os machos tendem a mudar a cor ao cortejar. Quanto mais peixes estiverem reunidos, mais intensas são as interaçães entre os indivíduos (Sadovy et al., 1999). Os Meros são predadores situados em níveis superiores da cadeia trófica, alimentam-se principalmente de crustáceos, lagostas e caranguejos (GMFMC, 2001). Juvenis alimentam-se de camarões, caranguejos e bagres marinhos. Partes de polvos, tartarugas e outros peixes também foram encontrados (Sadovy et al., 1999). Notavelmente, adultos podem viver aproximadamente 30 anos de idade (26 para machos, 37 para fêmeas). Se a população fosse deixada intacta, Meros poderiam viver acima de quarenta anos de idade (NOAA NMFS, 2001).

O maior problema enfrentado pelo mero é a falta de dados exatos inerentes à biologia da espécie.

Curiosidades

Diminuição do tamanho médio da população sentida já em 1970.

A pesca sub representa a principal causa no declínio dos meros no Golfo do México. No Brasil, ainda não temos informações suficientes que venham reforçar esta situação para nosso litoral.

No Golfo do México encontra-se extinto como recurso pesqueiro.
Padrões simples de gerenciamento não foram suficientes para conter o declínio no Golfo do México.
Em águas federais do EUA, no caso de captura acidental, devem ser imediatamente liberados.

ONDE ESTÃO OS MEROS

Vale lembrar que o projeto "Meros do Brasil" visa a preservação da espécie e de seus ambientes associados - os manguezais, os recifes de corais e os ambientes rochosos. Costões Rochosos são os ambientes marinhos habitados pelos Meros principalmente no Sudeste e Sul do Brasil. O Mero Epinephelus itajara foi batizado por um pesquisador alemão que esteve no Brasil no século XIX, segundo uma denominação Tupi-Guarani (ita= pedras; jara=senhor). O nome é referência ao alto nível ocupado pelos Meros na cadeia trófica marinha e por seus hábitos crípticos de viver em grandes tocas dentre as rochas.


O bioma Mata Atlântica é muito importante no ciclo de vida de muitas espécies marinhas, como o Mero. A vegetação de manguezal na interface com a água do estuário e vegetação de Mata Atlântica (floresta ombrófila) é um ambiente propício a espécie. Raízes dos manguezais são adequados para os jovens Meros e outros peixes e crustáceos se protegerem nas fases iniciais da vida. Recifes de Corais também são os ambientes marinhos habitados pelos Meros principalmente no Norte e Nordeste do Brasil. Além do Mero, uma enorme diversidade de organismos habita estes que são os ambientes marinhos de maior biodiversidade.

Em São Francisco do Sul, também em Santa Catarina, os locais de ocorrência destes peixes são conhecidos, e operadoras de mergulho são muito beneficiadas deste fato. Exatamente na época de alta temporada (verão), quando turistas de todo o Brasil, deslocam-se para o litoral catarinense, é que Meros agregam-se para a reprodução. O turismo submarino voltado para este peixe é cada vez mais procurado. Um bom exemplo desta prática está ocorrendo no litoral do Paraná (Parque do Meros - http://www.scubasul.com.br ) e também está sendo iniciado na Bahia, onde mergulhadores tem um contato seguro e informativo com os meros presentes nestas regiões.

Pouquíssimos são os locais onde as condições em que se encontram as populações de Meros e a previsibilidade de ocorrência espacial e temporal permitem o contato direto com o animal. Esta é uma maneira sadia e educativa de utilizar este recurso.

MEROS NO MUNDO


O Mero é encontrado geralmente em águas tropicais e subtropicais no Oceano Atlântico da Flórida ao Brasil (até Santa Catarina), ao longo de todo o golfo do México e em partes dos Caribes (Sadovy et al., 1999). Geralmente estão distribuídos em águas tropicais, mornas-quentes-temperadas, perto de naufrágios, rochas submersas, recifes de corais e outros substratos duros. O Mero também é encontrado próximo às Bermudas (embora raro), no Pacífico oriental do golfo da Califórnia ao Peru (chegando provavelmente através do canal de Panamá), no Atlântico oriental de Senegal ao Congo (também raros). Uma vez abundantes em torno das costas da Flórida e partes do golfo do México, hoje são vistos raramente (Sadovy et al., 1999). Existe um consenso em que o Mero foi sempre prolifico também fora de ambas as costas da Flórida, onde cientistas descobriram otólitos em comunidades pesqueiras pré-históricas (Sadovy et al., 1999). O Mero aprecia abrigos: furos, cavernas, recifes e naufrágios. São encontrados principalmente em águas rasas, baías e estuários nos Everglades, Baía da Flórida e Florida Keys. Juvenis procuram abrigos em mangues, enquanto adultos em torno de naufrágios mais afastados da costa. Grupos de juvenis as vezes formam cardumes em torno de naufragios e recifes em profundidades de aproximadamente 45m, mas a maioria são encontrados em torno dos habitats rasos inshore como mangues e canais pouco oxigenados.

No golfo de México, o acasalamento atinge o pico entre julho e setembro (Sadovy et al., 1999). Agregam em locais específicas em números de até 100 indivíduos.

Uma vez comum em águas fora da Florida e do Golfo do México há trinta anos, nenhum agregado foi observado fora da costa do leste da Florida nos últimos 25 anos. Agregados de até 150 peixes caíram a aproximadamente 10 em 1989 na parte oriental do Golfo do México. Entre 1979 e 1994 não houve nenhuma observação visual da espécie no parque nacional de Biscayne, Florida à Dry Tortugas e Florida Keys (Sadovy et al., 1999).

Na Flórida, o Mero está sendo monitorado a alguns anos por pesquisadores.

Desde 1994, estudos em populações de Meros no Golfo do México têm conduzido à observações de agregados reprodutivos de Meros com aproximadamente 50 indivíduos a cada verão. Os cientistas têm trabalhado desde 1997 recolhendo dados de abundância de juvenis e de adultos, distribuição, idade, crescimento e uso do habitat, marcando e recapturando Meros. Estes estudos visam compreender padrões sazonais de migração e revelar informações sobre a utilização do habitat (NMFS/SEFSC). Com a ajuda de pescadores e mergulhadores, cientistas estão levantando dados de ocorrência de Meros

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Povos indígenas falam sobre seu futuro



Entre dezembro de 2012 e abril de 2013 a ONU realizou 20 encontros com grupos da sociedade civil para que eles expressassem o que consideram mais importante para seu futuro. As opiniões coletadas fazem parte da Consulta Pós-2015 promovida pela ONU em todo o mundo. Este vídeo documenta as discussões dos povos indígenas e mostra o que eles pensam sobre seu futuro.

O documentário foi gravado em abril de 2013 na aldeia Panambizinho, em Dourados, Mato Grosso do Sul, e foi produzido pela Associação Cultural de Realizadores Indígenas (Ascuri).

Assista ao vídeo e participe também da campanha MEU Mundo. Você pode votar no que considera importante no site: myworld2015

-->Um capítulo da realidade indígena<--

domingo, 24 de novembro de 2013

Telhado verde reduz temperatura e aumenta umidade (Como fazer)


Como fazer um telhado verde

O uso de telhado verde se mostrou eficiente para reduzir os impactos no microclima no topo de um edifício na região central de São Paulo, como mostra estudo realizado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Telhado verde é o uso de vegetação como gramíneas, arbustos e árvores no topo de telhados comuns ou em laje de concreto.

Os prédios analisados foram o Edifício Conde Matarazzo (sede da Prefeitura de São Paulo), localizado entre a rua Dr. Falcão e o Viaduto do Chá, e que possui um amplo telhado verde; e o Edifício Mercantil/Finasa (rua Líbero Badaró), cuja laje é de concreto. Os resultados indicaram que o edifício com telhado verde chegou a ficar 5,3 graus Celsius (ºC) mais frio do que o edifício de concreto; já a umidade relativa do ar foi 15,7% maior. Os dois edifícios estão no centro de São Paulo.

Edifício Conde Matarazzo, sede da Prefeitura de SP: telhado verde tem até lago

“O telhado verde absorveu grande parte da radiação solar emitindo uma menor quantidade de calor para a atmosfera, o que aumenta a qualidade ambiental das cidades, podendo fazer parte das políticas públicas do município como forma de ampliar as áreas verdes”, diz o geógrafo e professor universitário Humberto Catuzzo, autor da tese de doutorado Telhado verde: impacto positivo na temperatura e umidade do ar. O caso da cidade de São Paulo. A tese, defendida em 4 de outubro deste ano, teve orientação da professora Magda Adelaide Lombardo.

Os edifícios foram escolhidos pois ambos se localizam na borda direita do Vale do Anhangabaú e estão sujeitos a condições atmosféricas e de insolação semelhantes . No topo foram instalados sensores a 1,5 metros (m) do chão (padrão internacional para medição da temperatura e umidade relativa do ar) e que foram captados de 10 em 10 minutos durante um ano e onze dias. Dois sensores foram colocados em lados diferentes do Edifício Conde Matarazzo. Os dados foram comparados com os do outro sensor, instalado no Edifício Mercantil/Finasa.

A coleta ocorreu de 20 de março de 2012 até 31 de março de 2013. A partir daí foi feita a comparação dos dados primários coletados por meio de estatística e gráficos, demonstrando as variações das temperaturas máximas, mínimas e umidade relativa do ar. Também foram analisadas as amplitudes térmicas e higrométricas (umidade relativa do ar) em todas as estações do ano. “Fiz ainda uma comparação destes resultados com os dados oficiais coletados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) localizado no Mirante de Santana.”



Sede da Prefeitura (esq.): telhado verde chegou a ficar 5,3ºC mais frio do que o edifício Edifício Mercantil/Finasa, com laje de concreto (dir.). Umidade relativa do ar foi 15,7% maior

Resultados
A diferença entre as temperaturas máxima e mínima (amplitude térmica) do dia chegou a ser 6,7º C menor no telhado verde em um dia de verão. “Isso significa que ele demora mais a aquecer e a resfriar, o que mantém a temperatura do ar muito mais constante”, aponta. Já a amplitude higrométrica chegou a ser 7,1% menor no telhado verde, o que significa que ele perde menos umidade do que o telhado de concreto ao longo do dia.

Na comparação com os dados do INMET, a variação mais significativa foi de 3,2º C mais frio no telhado verde e 21,7% mais úmido. Ou seja, o telhado verde mesmo estando em plena área central, apresenta menor aquecimento e maior umidade relativa do ar, comparado com o telhado de concreto ou até mesmo com a estação do INMET.

Segundo o pesquisador, o concreto possui características que fazem com ele esquente muito quando o sol incide, e irradie muito calor ao mesmo tempo, fazendo, inclusive, o vapor d´água diminuir (umidade relativa). Já as áreas verdes possuem característica oposta — demoram mais para aquecer, retém o calor por mais tempo e mantém a umidade também por muito mais tempo — por isso nos sentimos tão bem debaixo da sombra de uma árvore.

“Há ainda outros fatores que não foram estudados nesta tese, mas que podem trazer benefícios se criarmos uma política de implantação de telhados verdes. A criação de corredores ecológicos onde pássaros e insetos possam “migrar” entre parques e o conforto interno dos prédios que poderiam diminuir custos com ar-condicionado são exemplos de efeitos possíveis que merecem investigação”, destaca. “Cabe ressaltar que, em países europeus, e em algumas cidades dos Estados Unidos e da Argentina, existem leis, incentivos fiscais e financeiros dados às construções que utilizam este tipo de estrutura. O poder público tem um papel de extrema importância, uma vez que em nossas cidades é cada vez mais necessário melhorar a qualidade socioambiental do meio urbano.”


Telhado verde da sede da Prefeitura (esq.) e a laje de concreto do Mercantil/Finasa (dir): uso de telhados verdes como políticas públicas poderiam ampliar áreas verdes das cidades

Tipos de telhado verde
Catuzzo explica que o telhado verde pode ser do tipo intensivo (vegetação de porte arbustivo a arbóreo, com grama permanente, que requer adequado processo de impermeabilização, sistema de irrigação e drenagem, alta manutenção e tem um alto custo). Há ainda o extensivo (vegetação rasteira, geralmente gramíneas, com baixa manutenção, nenhuma irrigação e menor custo). Existe também um terceiro tipo, classificado como semi-intensivo (gramíneas e arbustos, sendo também necessário sistema de impermeabilização e irrigação constante).

“Para todos eles é fundamental que se realizem cuidados especiais quanto à impermeabilização e o cálculo de peso da estrutura, para verificar se realmente o edifício ou casa suporta o peso”, conclui.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Bee or not to be? Campanha mostra efeitos de agrotóxicos em abelhas


Estudos mostram que uso de agrotóxicos reduz populações de abelhas

Reduzir o uso de pesticidas tóxicos que causam o desaparecimento de abelhas em larga escala é um dos objetivos da campanha coordenada pelo professor Lionel Segui Gonçalves, do Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP. Atualmente aposentado da FFCLRP, o professor preside o Centro Tecnológico de Apicultura e Meliponicultura do Rio Grande do Norte (CETAPIS). Gonçalves criou e coordena o movimento Bee or not to be? que busca assinaturas on-line para a Petição pela Proteção das Abelhas, a qual será entregue às lideranças governamentais

A iniciativa, que já conta com mais de 3.300 assinaturas, baseia-se em estudos que apontam associação entre redução das populações de abelhas e uso de agrotóxicos. Segundo o especialista, este desaparecimento traz como principal consequência a falta de alimentos. “Aproximadamente 70% dos alimentos que consumimos dependem da polinização das abelhas. Elas também polinizam as áreas verdes. Assim, se elas acabarem, podemos sucumbir por falta de oxigênio”.

O problema, já considerado mundial, atinge quatro estados brasileiros (Piauí, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo). Entre as alternativas para proteção de abelhas está a substituição de agrotóxicos e pesticidas pelo controle biológico. “É preciso também aumentar as áreas verdes, proteger o meio ambiente, cultivando plantas de interesse das abelhas para que elas possam proliferar”, defende.

Campanha
Daniel Maluzá, publicitário e coordenador da campanha Bee or not to be? (em português, literalmente abelhas ou não existir, um paralelo ao slogan sem abelhas, sem alimento), explica que o objetivo é conscientizar a população para a importância destes insetos, responsáveis pela polinização.

Como forma de chamar a atenção das autoridades, foi criada uma petição on-line em favor das abelhas. Segundo ele, “a pessoa só precisa disponibilizar o nome e o e-mail”. Paralelamente, estão desenvolvendo amplo trabalho de conscientização em escolas, esclarecendo, desde cedo, crianças e adolescentes sobre a importância destes insetos. A divulgação é feita por meio de palestras, cartazes, folders e diversos materiais ilustrativos. O material foi produzido gratuitamente por uma agência de publicidade de Ribeirão Preto, cujo dono é filho do professor Gonçalves.

Os primeiros relatos de desaparecimento de abelhas em larga escala surgiram em 1995, nos Estados Unidos da América (EUA). Entretanto, apenas em 2007 o problema foi discutido oficialmente, durante Congresso Mundial de Apicultura. Recentemente, o Departamento de Agricultura dos EUA divulgou a morte de um terço das abelhas durante o inverno de 2012/2013. O levantamento também aponta que, nos últimos seis anos, o número de colônias de abelhas caiu 30,5%.

Estudos concluíram que as abelhas apresentam Colony Collapse Disorder (CCD),também conhecida como Síndrome do Desaparecimento de Abelhas. O mal afeta o sistema nervoso desses insetos, com prejuízo da memória e senso de direção. Ao saírem em busca de néctar e pólen, elas se perdem e não conseguem retornar para as colmeias. A síndrome pode ser identificada quando o número de integrantes das colmeias é reduzido ou até mesmo extinto. Nesses casos, as abelhas perdidas deixam mel, crias e até mesmo a rainha.

Para os pesquisadores, que ainda trabalham com hipóteses, o CCD seria caudado principalmente pelo uso de pesticidas do tipo neonicotinoides. Em abril de 2013, notando a interferência dessa substância na vida das abelhas, a União Europeia suspendeu seu uso por dois anos. O manifesto pela proteção das abelhas está integralmente disponível no site Sem Abelhas, Sem Alimento. Lá também podem ser acessados vídeos, explicações sobre a importância desse inseto para a vida humana e ficha para assinatura da petição.

O coordenador do movimento, professor Gonçalves, pede a ajuda da população e faz um alerta: “se perdermos as abelhas seremos os primeiros prejudicados”. A campanha cita Albert Einstein: “Se as abelhas desaparecerem da face da Terra, a humanidade terá apenas mais quatro anos de existência. Sem abelhas, não há polinização, não há reprodução da flora. Sem flora não há animais, e sem animais não haverá raça humana”.

Mais informações: e-mail: lsgoncal@ffclrp.usp.br

Marcela Baggini e Tauana Boemer, do Serviço de Comunicação Social da Prefeitura USP do Campus de Ribeirão Preto
imprensa.rp@usp.br

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Novas aves da Amazônia


Quinze espécies são descritas simultaneamente, na maior descoberta da ornitologia brasileira em 140 anos

Nova espécie de gralha do gênero Cyanocorax, já ameaçada de extinção: 
encontrada apenas na borda de campinas naturais do sul do Amazonas

Desde a segunda metade do século XIX a ornitologia brasileira não dava uma contribuição tão significativa para ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade: 15 novas espécies de aves da Amazônia nacional serão formalmente descritas pela primeira vez numa série de artigos científicos previstos para serem publicados em julho num volume especial do Handbook of the birds of the world, da espanhola Lynx Edicions. Esse tomo fecha uma coleção de 17 livros que, por seu caráter enciclopédico e didático, é adotada como fonte de consulta por ornitólogos profissionais e amadores.

Os autores das descrições pertencem a três instituições nacionais de pesquisa – Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZ-USP), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), de Manaus, e Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), de Belém – e ao Museu de Ciência Natural da Universidade Estadual da Louisiania (LSUMNS), Estados Unidos. Os ornitólogos não apresentavam ao mundo, de uma só vez, numa única obra, um conjunto tão numeroso de novas aves brasileiras desde 1871, quando saiu o livro Zur Ornithologie Brasiliens. Nessa obra, escrita pelo austríaco August von Pelzeln (1825-1891), foram divulgadas 40 espécies de aves coletadas pelo naturalista Johann Natterer (1787-1843), também austríaco, em suas viagens pela Amazônia brasileira.

Onze das novas espécies são endêmicas do Brasil e quatro podem ser encontradas também no Peru e na Bolívia. Oito ocorrem somente a oeste do rio Madeira, na parte ocidental da Amazônia; cinco habitam exclusivamente terras situadas entre esse curso d’água e o rio Tapajós, no centro da região Norte; e duas vivem apenas a leste do Tapajós, no Pará, na porção mais oriental da floresta tropical. No volume especial do Handbook, os autores descrevem a morfologia (formas e estruturas), a genética e a vocalização (canto e sons) das novas espécies. Por meio de mapas específicos para cada espécie, mostram ainda seus locais de ocorrência. No entanto, até que o livro seja oficialmente publicado, o nome científico e alguns detalhes sobre a anatomia e o modo de vida das novas espécies não podem ser divulgados.

Dessas aves até agora desconhecidas e sem registro na literatura científica, a maior e mais espetacular é uma espécie de gralha, do gênero Cyanocorax, com cerca de 35 centímetros de comprimento, que vive apenas na beira de campinas naturais situadas em meio à floresta existente entre os rios Madeira e Purus, no Amazonas. “Essa gralha está ameaçada de extinção”, diz Mario Cohn-Haft, curador da seção de ornitologia do Inpa, principal descobridor do cancão-da-campina, nome popular cunhado para a ave. “Seu hábitat está em perigo e podemos perder a espécie antes de ter tido tempo de estudá-la a fundo.” Sua principal região de ocorrência é um complexo de campinas, distante 150 quilômetros ao sul de Manaus, numa área próxima à rodovia BR-319, que liga a capital amazonense a Porto Velho. A estrada está sendo reformada e os pesquisadores temem que o acesso facilitado ao local coloque em risco o hábitat da espécie. “A nova gralha também ocorre numa zona de campos naturais no sul do Amazonas, próximo a Porto Velho, onde há muitos colonos do Sul do país, que a confundem com a gralha-azul [um dos símbolos do Paraná]”, diz Cohn-Haft.

Poiaeiro-de-chicomendes, nome popular de espécie a ser descrita da família Tyrannidae

Com exceção de uma ave da ordem dos Piciformes, que inclui tucanos e pica-paus, as demais espécies amazônicas agora apresentadas à comunidade científica pertencem à ordem dos Passeriformes. Popularmente chamados de passarinhos, os membros desse grupo representam aproximadamente 55% das espécies de aves conhecidas, como os pardais, canários, bem-te-vis e tantas outras. Além da gralha e do parente distante dos tucanos, serão descritos no livro cinco espécies da família Thamnophilidae (na qual se incluem os papa-formigas), quatro da família Dendrocolaptidae (todas novas formas de arapaçus), três da vasta família Tyrannidae (que compreende 400 espécies presentes do Alasca à Terra do Fogo) e uma da pequena família Polioptilidae (composta por menos de 10 espécies, em geral aves vulgarmente denominadas balança-rabo).

Em termos numéricos, as novas espécies amazônicas representam um acréscimo de quase 1% na biodiversidade nacional de aves. “Somos o segundo país com maior número de espécies de aves conhecidas, cerca de 1.840”, afirma Luís Fábio Silveira, curador do setor de ornitologia do Museu de Zoologia da USP, um dos coordenadores da iniciativa. “Apenas a Colômbia tem mais espécies do que nós, aproximadamente 1.900. Mas, daqui a uma década, devemos chegar às 2 mil espécies de aves conhecidas no Brasil. Há vários exemplares de aves desconhecidas nos museus brasileiros, oriundos de diversos biomas, que serão descritos nos próximos anos.”

As aves são o grupo de vertebrados mais estudado da biologia. No entanto, parece haver muito a ser conhecido, especialmente na Amazônia, ainda que esse bioma tenha sido alvo de muitas pesquisas nas últimas décadas. “A biodiversidade em geral, e mesmo a de aves deste bioma, está longe de ter sido completamente amostrada”, diz o ornitólogo Bret Whitney, pesquisador do Museu de Ciência Natural da Universidade Estadual da Louisiania e principal coordenador da empreitada. “Ainda falta muito para a Amazônia ser considerada suficientemente bem conhecida e, assim, permitir o planejamento e a sustentabilidade das reservas de biodiversidade já existentes e também das futuras.” Em paralelo à vida acadêmica, Whitney é sócio de uma empresa de ecoturismo, a Field Guides, que leva pessoas para observar aves em vários pontos do globo, inclusive da Amazônia.

Nova espécie de arapaçu-de-bico-torto

Algumas das dezenas de expedições feitas pela Amazônia nos últimos 10 anos que levaram à descoberta de novas espécies foram custeadas, parcial ou totalmente, por um projeto de Silveira financiado pela FAPESP. Outras contaram com apoio do CNPq, do Ministério do Meio Ambiente, do Programa de Pesquisa em Biodiversidade do Ministério da Ciência e Tecnologia, de secretarias estaduais e até da americana National Geographic Society. Numa dessas incursões pela floresta tropical, no ano passado, duas dezenas de pesquisadores e alunos de pós-graduação das instituições envolvidas no projeto alugaram durante um mês, por R$ 75 mil, um barco para percorrer o rio Sucunduri, um afluente do Madeira, em busca de novas espécies de aves.

Em outros momentos, os cientistas precisaram até do apoio de proteção armada para entrar em regiões que poderiam abrigar novas formas de aves. A localidade tipo de uma das novas espécies, um arapaçu-de-bico-torto, é a Floresta Nacional de Altamira, próxima à rodovia BR-163, no sul do Pará. A área é uma unidade de conservação do Ibama. “Mas, para podermos trabalhar com segurança na reserva, tivemos de ser escoltados por soldados do Exército brasileiro. Havia um garimpo ilegal em funcionamento na unidade”, conta Aleixo, da seção de ornitologia do MPEG. “A tensão de trabalhar num lugar assim é grande e, não fosse a presença do Exército, não teríamos conseguido.”

Modernamente, o processo de descrição de espécies recém-descobertas ocorre nas páginas de revistas científicas, não mais em livros. Mas a importância e a singularidade do conjunto de novas espécies de aves amazônicas fizeram os editores da enciclopédia e os autores dos trabalhos optarem por um caminho alternativo. Cada nova espécie foi alvo de um paper independente, um artigo científico, nos moldes do que seria preparado para um periódico acadêmico, e a equipe do Handbook contratou os serviços de um grupo de especialistas para atuar no processo de revisão por pares e aprovação dos textos com as descrições formais de cada espécie. Para a ciência, o texto que descreve e batiza com um nome em latim, composto de dois termos (gênero e espécie), uma nova forma de vida equivale ao atestado de nascimento da espécie. Serve também como uma documentação fundamental da biodiversidade de uma região, no caso das aves da Amazônia, e para a formulação de políticas públicas de caráter ambiental.


A iniciativa de publicar todas as novas espécies de uma vez ganhou corpo no ano passado e foi coordenada por Whitney, Silveira, Cohn-Haft e Aleixo, sempre com a participação de alunos de pós-graduação de suas respectivas instituições. O grupo estava produzindo textos para o 17º volume do Handbook, que traria informações de espécies de aves descobertas recentemente em todo o mundo, entre 1992 e 2011. As espécies formalmente descritas pela ciência nesse período haviam ficado de fora dos demais 16 livros da série, que resumiam e organizavam dados de cada membro das famílias conhecidas de aves. Inicialmente, o volume especial da obra trataria de 68 espécies, todas já descritas formalmente empapers publicados em revistas científicas nas últimas duas décadas, o que dá uma média de menos de 4 novas espécies descobertas por ano. No final, o livro extra trará 83 espécies, incluindo as 15 da Amazônia cuja descrição científica ocorre excepcionalmente no próprio livro. Ao optar por revelar simultaneamente as novas espécies numa única obra, a ideia do grupo era chamar a atenção para a importância de preservar a biodiversidade da Amazônia, onde podem ser encontrados dois terços das espécies de aves presentes no Brasil. “Se publicássemos cada paper em separado, em revistas distintas, o impacto não seria o mesmo”, diz Silveira.

O ato de procurar por aves no meio natural remete à imagem de um sujeito de bermudas, camiseta, chapéu e binóculos na mão. Talvez uma máquina fotográfica também componha o cenário. No entanto, um item não mencionado é mais do que obrigatório para os ornitólogos: um gravador. A maioria das 15 novas espécies foi, inicialmente, identificada por seu cantar, que, aos ouvidos dos especialistas, apresentava caráter diferente ou pouco familiar. “Não é preciso ser superdotado para reconhecer um cantar diferente. É questão de treino”, diz Whitney. “É como reconhecer pelo primeiro acorde uma música nova de sua banda favorita.”

Há apenas duas décadas, a descrição de uma nova espécie de ave, como ocorria com a maioria dos seres vivos, se baseava apenas na singularidade de sua anatomia e aparência externa. Se a plumagem e as estruturas ósseas de um exemplar eram diferentes significativamente dos traços encontrados nas espécies conhecidas, esse animal podia ser rotulado como sendo de uma nova espécie. Hoje, além da morfologia, outros dois critérios fundamentais são usados para propor a existência de novas espécie de aves: a análise de suas vocalizações e de seu material genético. “Atualmente há pesquisadores que propõem a existência de uma nova espécie de ave mesmo quando apenas um desses três parâmetros se mostra distinto das demais espécies conhecidas”, afirma Silveira. “Fomos conservadores em nosso trabalho e propusemos uma nova espécie apenas quando encontramos divergências em pelo menos dois desses três critérios.”


Com a ajuda de softwares especializados, o canto gravado de cada candidata a nova espécie de ave foi comparado com vocalizações homólogas de espécies semelhantes. Às vezes, bastaram uns poucos segundos de comparação para confirmar a primeira impressão captada pelo ouvido treinado dos ornitólogos: as frequências sonoras emitidas pelas novas espécies eram distintas dos cantos produzidos por aves aparentadas, mesmo de algumas espécies que lhes eram fisicamente extremamente semelhantes. De cada ave descoberta, os pesquisadores também sequenciaram alguns milhares de pares de bases de genes presentes no DNA nuclear e nas mitocôndrias, organelas celulares responsáveis pela produção de energia que têm genoma próprio, independente, frequentemente usado para estudos de filogenia.

O material genético foi comparado com o DNA de espécies já conhecidas a fim de averiguar sua singularidade e montar, quando possível, relações de parentesco ou uma árvore filogenética da nova espécie. “Para boa parte das novas aves que estamos descrevendo, a confirmação de que se tratava de espécies diferentes foi realmente obtida com a inclusão do aspecto genético nas análises”, comenta Aleixo. “Isso reforça a importância de que a coleta científica de espécimes tem que ser acompanhada pela obtenção de material genético, algo que, infelizmente, ainda não é praticado em vários museus e coleções de todo o Brasil.”

Bico-chato-do-sucunduri

Os estudos genéticos são capazes de revelar informações preciosas sobre as origens das espécies. A história evolutiva de duas novas aves agora descritas, dois chorozinhos do gênero Herpsilochmus, é bem ilustrativa do tipo de contribuição que pode ser obtida com essa abordagem. Ambas as espécies são quase iguais do ponto de vista morfológico, mas suas vocalizações são nitidamente distintas. Uma das aves habita um trecho da margem direita do rio Madeira e outra vive apenas na margem esquerda. Nesse caso, o Madeira, cuja distância entre as margens pode atingir quase 10 quilômetros em alguns pontos, funciona como uma barreira natural entre as duas populações de aves, que não mantêm contato uma com a outra. A separação prolongada dos dois grupos de chorozinhos levou ao processo evolutivo que os biólogos denominam especiação: o surgimento de uma nova espécie, no caso de duas, originadas da fragmentação de uma população ancestral comum e que hoje ocorrem em ambientes sem comunicação (efeito vicariante). Apesar das enormes semelhanças morfológicas entre as duas populações de chorozinhos, os estudos genéticos relevaram – e esse é o dado realmente surpreendente – que elas foram isoladas pelo Madeira 2 milhões de anos atrás.

O papel dos grandes rios da Amazônia, barreiras geográficas intransponíveis para muitas espécies, no surgimento de novas formas de vida é bem conhecido pela ciência. Segundo os ornitólogos, a novidade é que mesmo cursos d’água não tão monumentais podem desempenhar a mesma função em certos casos. Pelo menos três novas espécies foram descobertas, por exemplo, na região que fica entre os rios Aripuanã e Machado, no sul do Amazonas e norte de Rondônia: um dos chorozinhos acima mencionados, a choquinha-do-rio-roosevelt e o cantador-de-rondon (esses são os nomes populares das aves). Essa área, por onde passa também o rio Roosevelt, funcionou como um refúgio para espécies menores de aves, que ficaram “presas” e acabaram, com o passar dos anos, desenvolvendo características próprias no interior do território entre as margens dos cursos d’água. “Alguns rios da Amazônia foram mudando seu percurso ao longo da história evolutiva”, afirma Silveira. “Às vezes, esse processo de acomodação dos leitos de rios promove a separação de populações de aves que antes habitavam o mesmo ambiente.” Os numerosos rios que serpenteiam pela maior floresta tropical são uma caudalosa fonte de biodiversidade, dentro e fora de suas águas.

domingo, 27 de outubro de 2013

A história da Embrapa e da pesquisa agropecuária brasileira - 40 anos




A história da Embrapa e da pesquisa agropecuária brasileira, contada a partir de depoimentos em vídeo, histórias de vida e resgate de fatos marcantes, está disponível em um hotsite - www.embrapa.br/40anos - lançado este ano. O canal reúne seções que revelam fatos e emoções vivenciados por quem ajudou a construir o sucesso da agricultura brasileira.

Uma linha do tempo apresenta destaques da atuação da Embrapa e de seus parceiros nas últimas quatro décadas e alguns marcos tecnológicos de cada período, assim como uma visão de futuro da pesquisa agropecuária. Os usuários têm espaço aberto para comentar e contar as suas próprias histórias. Destaque também para a seção de perfis de personagens, escritos no estilo Jornalismo Literário.

O hotsite Embrapa 40 Anos também traz uma seção com os últimos lançamentos de tecnologias, produtos e serviços da pesquisa agropecuária e uma agenda de eventos que abrange ações realizadas em todo o Brasil. A página ficará no ar até abril de 2014, quando aEmbrapa chegará aos 41 anos, e até lá será constantemente atualizada e ganhará novas seções.

Principais acontecimentos

FONTE
Embrapa

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Chefe da ONU pede mais investimento financeiro para combater mudanças climáticas


Foto: ONU/Mark Garten

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu esta semana à comunidade internacional que intensifique seu investimento financeiro em tecnologias, políticas e práticas que ajudem a combater as mudanças climáticas.

“A mudança climática é a maior ameaça ao desenvolvimento sustentável. No entanto, muitas vezes, um fato importante se perde diante do medo. Enfrentar a mudança climática é uma das nossas maiores oportunidades”, disse Ban na reunião anual do Clube Internacional de Financiamento ao Desenvolvimento (IDFC, na sigla em inglês). “Com ações claras podemos criar empregos, melhorar a saúde pública e proteger o meio ambiente”, acrescentou.


Em discurso, Ban ressaltou o papel que a comunidade de financiamento ao desenvolvimento e o setor financeiro têm na criação de soluções para as mudanças climáticas. Por exemplo, é necessário muito capital para desenvolver infraestruturas de baixo carbono e as empresas verdes precisam de investimentos para fechar a lacuna entre projetos de baixa emissão de carbono e combustível fóssil.

Conforme o impacto econômico das mudanças climáticas cresce, mais precisa ser feito, disse o secretário-geral, pedindo que o IDFC se envolva ativamente na Cúpula do Clima de 2014 – que reunirá chefes de Estado, líderes globais de negócios, finanças e da sociedade civil.

“Nosso objetivo é mobilizar a vontade política para as negociações, oferecer novos compromissos concretos e desencadear uma corrida para o topo em ações climáticas”, explicou Ban. “Espero que vocês usem coletivamente a Cúpula do Clima de 2014 para atingir a meta de 100 bilhões de dólares por ano para novos compromissos de financiamento do clima.”

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Vespas podem substituir agrotóxicos no combate às pragas nas lavouras (c/vídeo)



Uma vespa pode mudar o panorama das lavouras. Apontada pela revista Fast Company como uma das 50 empresas mais inovadoras do mundo, a Bug Agentes Biológicos, de Piracicaba, em São Paulo, oferece uma alternativa sustentável para o combate às pragas. Com a técnica, uma cartela pequena de papelão contendo ovinhos de vespas pode proteger 1 hectare de uma plantação.

Mas essa não é a única solução para o problema: no Brasil, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) realiza diversos estudos para a substituição dos agrotóxicos - envolvendo até a utilização de feromônios sexuais de percevejos marrons como forma de atração de inimigos naturais.

A ideia não é nova. "O Brasil tem o maior programa de controle biológico do mundo", afirma o agrônomo Diogo Rodrigues Carvalho, sócio-diretor da Bug. A inovação da empresa foi transformar um conceito consagrado em pesquisas em um produto comercial. "A microvespa que utilizamos é do gênero Trichogramma, o parasitóide mais estudado no mundo", explica.

Além do Brasil, a Europa também tem tradição nesse tipo de controle de pragas. De acordo com Carvalho, a diferença é que lá as áreas são pequenas, e os cultivos, em estufa. O inverno rigoroso ajuda a quebrar o ciclo de pragas. "No Brasil, nós temos pragas o ano todo, e as áreas são extensas", esclarece.

O ataque das vespas


Tamanho não é documento. Os insetos produzidos pela Bug - que muitas vezes não atingem um milímetro - justificam o jargão e têm se mostrado um método eficaz nas lavouras. Conforme Carvalho, as vespas atacam as principais pragas das grandes culturas, como a cana-de-açúcar e a soja.

As microvespas depositam seus ovos dentros dos ovos da praga, alimentando-se do seu conteúdo interno e impedindo o nascimento da lagarta, responsável pelos principais danos na cultura. Dessa forma, nasce uma outra microvespa que vai controlar outros ovos e se multiplicar na cultura.

Para chegar a esse resultado, a Bug realiza a coleta das vespas, a maioria delas do gênero Trichogramma sp, em diversas culturas. "Sempre coletamos nas regiões em que vamos liberar, ou seja, coletamos o nativo e multiplicamos para o produtor", explica Carvalho. Os produtores recebem a cartela pronta para a liberação das vespas na sua forma de pupa ou crisálida, antes do nascimento do adulto.

Raúl Alberto Laumann, pesquisador do Laboratório de Semioquímicos na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, explica a importância das vespas e o processo desenvolvido pelo parasita: "Os parasitóides são insetos que vivem como parasitas de artrópodes, geralmente insetos, durante a etapa de desenvolvimento larval ocasionando a morte de seus hospedeiros. São importantes componentes dos ecossistemas terrestres e cumprem uma função fundamental como inimigos naturais de insetos herbívoros.Durante seu ciclo vital os parasitoides passam por uma etapa crucial, que é o momento no qual as fêmeas precisam procurar um novo hospedeiro para parasitar (busca) e, uma vez localizado, decidir se realizam a oviposição ou não (seleção). Este processo é fundamental sob o ponto de vista do controle biológico já que o parasitismo bem sucedido culmina com a morte do hospedeiro e consequentemente tem impacto nos níveis populacionais do inseto alvo do controle".

Os parasitóides utilizados pela Bug têm, como objetivo, substituir os inseticidas e trazer benefícios para o produtor e para o meio ambiente. O bolso do agricultor também sente o peso da mudança. O custo de implantação da técnica varia conforme a praga e a cultura, mas é geralmente menor. "Na maioria das vezes, ele fica de 30 a 40% mais barato do que o químico", esclarece Carvalho.

Mas as vespas não podem ser empregadas em qualquer caso. De acordo com Carvalho, ainda não se pode controlar as pragas de solo, por exemplo. "Nesses casos, portanto, é necessária a intervenção química, que atrapalha os insetos benéficos que foram liberados", argumenta.

Com foco no mercado nacional, a empresa possui cerca de 50 grandes clientes, entre Usinas de cana-de-açúcar, cooperativas e produtores de soja, além de 200 clientes menores, como os produtores de hortifrúti.

Visando a uma agricultura mais saudável, a Embrapa também realiza pesquisas e desenvolve tecnologias de controle biológico. Localizada em Brasília, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, uma das 47 unidades, investe em trabalhos com semioquímicos, biopesticidas, inseticidas biológicos, entre outros.

As pesquisas na área de ecologia química e comportamento de insetos, realizada pelo Laboratório de Semioquímicos da Embrapa, foram iniciadas no final da década de 80. Conforme Laumann, o trabalho desenvolvido pelo laboratório tem o intuito de estudar a comunicação química entre organismos vivos, intermediada por estímulos (moléculas) químicos conhecidos como semioquímicos. "Estamos particularmente interessados nas interações químicas entre os insetos e entre os insetos e o meio, para aplicação destes estudos no manejo de pragas agrícolas", esclarece.

Entre as pesquisas realizadas, Laumann destaca: Identificação de feromônios de insetos, interações químicas entre insetos e plantas e entre insetos herbivórios e seus inimigos naturais (insetos predadores ou parasitóides). Tudo isso para entender como os insetos se comunicam ou como funcionam processos vitais como migrações, reprodução, procura de alimento, de presas, no caso de insetos predadores, e hospedeiros, para os parasitoides.

Dessa forma, Laumann explica que são realizadas diversas etapas até que a técnica possa ser utilizada para o manejo de pragas. Primeiro, é preciso isolar e identificar as substâncias químicas, analisar quais comportamentos elas modulam e por quais mecanismos elas atuam, para então produzir, de forma artificial, essa subtância (síntese química), avaliar sua eficiência e finalmente viabilizá-la.

Armadilhas com feromônio
De acordo com Laumann, uma técnica que já está em uma etapa bem avançada das pesquisas, e que teve comprovada a sua eficiência, foi o uso de armadilhas iscadas com feromônios sexuais para o monitoramento do percevejo marrom Euschistus heros. Por meio dessa técnica, cuja pesquisa inicial ocorreu na década de 1980, o produtor pode decidir o momento certo de realizar uma medida de controle, diminuindo o custo de produção, além de auxiliar na redução das aplicações de inseticidas.

"Essas pesquisas têm resultado na descrição dos feromônios da maior parte dos percevejos, que são pragas de soja e outros grãos (feijão, milho, girassol, arroz) de grande importância para a agricultura brasileira", justifica Laumann.

Além do monitoramento das pragas, por meio de armadilhas, o uso de feromônios e outros semioquímicos em campo pode ser usado ainda para manipular o comportamento de seus inimigos naturais. Segundo Laumann, dessa forma os inimigos naturais são atraídos para determinados locais, onde matam os insetos praga, diminuindo suas populações e, consequentemente, o dano que eles causam nas áreas cultivadas.

Para o pesquisador Miguel Borges, que trabalha na mesma unidade, o mercado de semioquímicos está crescendo e ocupa hoje em torno de 30% do mercado de biopesticidas no mundo, perdendo apenas para os inseticidas bacterianos e botânicos.

Biopesticidas

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Outro trabalho realizado pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia na área de controle biológico de pragas é conhecido como controle microbiano. De acordo com o pesquisador Rogério Biaggioni Lopes, as pesquisas datam do início da década de 1980 e consistem no desenvolvimento de produtos à base de microrganismos patogênicos a insetos que já existem na natureza, chamados biopesticidas.

Dessa forma, o controle microbiano busca reduzir a população de uma praga em determinado cultivo, de maneira a não causar prejuízos ao agricultor. Comparado com o agrotóxico, o biopesticida é específico, pois combate uma ou apenas algumas poucas pragas, o que resulta, segundo Lopes, em um baixíssimo impacto na população de outros organismos no campo, além de não causar desequilíbrios no sistema produtivo.

Lopes apresenta ainda outra vantagem do produto: "Biopesticidas registrados e usados da forma correta são também bem mais seguros para quem manipula o insumo e não deixam resíduos nos produtos agrícolas por degradarem-se rapidamente, além de não serem tóxicos para outros animais e o homem". Se por um lado a técnica apresenta vantagens, por outro há uma limitação da gama de alvos que um biopesticida pode atingir, dependendo da espécie do microrganismo.

Para Lopes, no entanto, qualquer inseto pode ser combatido com o uso de biopesticidas desde que eles sejam desenvolvidos para o alvo desejado. "A natureza é rica em diversidade de espécies e raças de microrganismos que podem ser explorados. Basta identificar quais dessas tem potencial para cada alvo", argumenta. E esse é o trabalho que a Embrapa vem realizando. De acordo com o pesquisador, o desenvolvimento de biopesticida passa por várias etapas, que vão desde o isolamento e manutenção desses microrganismos em bancos de germoplasma até etapas industriais de produção massal e formulação.

Já a aplicação depende das características da formulação e dos hábitos da praga-alvo. Entretanto, Lopes esclarece que, na maioria dos casos, a aplicação é feita por meio de pulverização ou polvilhamento, utilizando os mesmos tipos de equipamentos de outros produtos fitossanitários, tornando o custo operacional semelhante ao dos demais produtos.

O mercado de biopesticidas é muito dinâmico e ainda está em fase de crescimento, o que inviabiliza dados concretos sobre a útilização da técnica por parte dos produtores. "Apesar de a produção em agricultura orgânica de alimentos ser pequena se comparada aos cultivos convencionais, boa parte dos agricultores orgânicos empregam biopesticidas em suas culturas. Mas certamente o maior volume de biopesticidas é comercializado para cultivos convencionais", justifica.

Segundo o pesquisador, levantamentos feitos recentemente mostram que cerca de 600 mil hectares de cana-de-açúcar são tratados anualmente com um fungo para o controle de uma praga da cultura. Além disso, em milhares de hectares, são também utilizados bactérias e vírus para o controle de lagartas em certas culturas. "Muito do que se faz pelos pesquisadores que trabalham nessa área em todo o país é novo. Ainda faltam pesquisas em diversas etapas do desenvolvimento de biopesticidas", finaliza Lopes.

Há muito estudo pela frente para disseminar ainda mais o controle biológico. Mas iniciativas como a da Bug podem acelerar um processo louvável: reduzir o uso de agrotóxicos nas lavouras do Brasil em busca de uma agricultura mais saudável.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Participe da reunião para ser um voluntário da SOS Mata Atlântica


Data do evento: 21/09/2013

O Programa de Voluntariado da SOS Mata Atlântica promove no dia 21 de setembro (sábado) reunião para novos voluntários da Fundação. O encontro ocorre às 14h, na sala de aula itinerante da SOS Mata Atlântica, um caminhão adaptado que estará estacionado no Parque do Carmo (Av. Afonso Sampaio Souza, 951 – Itaquera – São Paulo). Para participar, é preciso se inscrever pelo e-mail voluntarios@sosma.org.br.

Durante a reunião, serão explicados os objetivos do voluntariado, como ocorre o planejamento e execução do trabalho e as possibilidades de atuação. As atividades desenvolvidas pelo Grupo de Voluntários há 15 anos são voltadas para as áreas de educação ambiental, mobilização e incentivo à cidadania.

Os novos voluntários poderão participar de atividades como plantio de mudas, auxílio a ações de educação ambiental e mobilizações em prol do meio ambiente.

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