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domingo, 8 de dezembro de 2013

Chico Mendes, sua luta e seu legado (vídeo)



No coração da maior floresta do mundo, os últimos seringueiros do Brasil buscam continuar vivendo do extrativismo, mesmo com a constante desvalorização do látex. Nos áureos tempos da borracha, a região, que seria o futuro estado do Acre, foi o centro de uma disputa diplomática entre brasileiros e bolivianos. Em 1903, portanto há 110 anos, foi necessária a intervenção do Barão do Rio Branco para que o território, habitado em sua maioria por brasileiros, pertencesse definitivamente ao Brasil.

Hoje, as dificuldades ainda são imensas. Ameaçados por posseiros, os seringueiros do Acre são os alvos principais de agricultores, que os intimidam o tempo todo. A luta pela terra neste rincão escondido do país gera mortes, despedaça famílias, mantém os seringueiros em constante estado de alerta. O sonho de envelhecer vivendo na floresta é uma batalha diária, que já vitimou pessoas simples e líderes, como Wilson Pinheiro e Chico Mendes.

O assassinato de Chico Mendes, em Xapuri, em 1988, foi o estopim para que as reivindicações dos povos da floresta chegassem ao poder público. Porém, 25 anos depois, o que se vê é o abandono de muitos projetos e cooperativas idealizadas pelo líder dos seringueiros.

Com o látex pouco lucrativo, os extrativistas buscam novas formas de sustento. Plantações de cacau e produção de castanha para exportação são atividades que garantem a sobrevivência dos acrianos que resistiram.

Resistir parece ser o verbo correto para se pronunciar no Acre. Assim como os extrativistas, a floresta resiste às ações de madeireiras. A reportagem do programa foi até as margens do Rio do Rola, conversou com quem sempre viveu ali, entrevistou quem está ali só pelo lucro. No papel, todas as madeireiras dizem fazer o manejo sustentável das áreas exploradas. Na prática, é visível que o corte ilegal da vegetação amazônica aumentou nos últimos anos.

Nada mais distante do ideal que Chico Mendes tinha para a região, onde os trabalhadores, reunidos em cooperativas, conseguiriam a sobrevivência respeitando os limites da floresta.

O Acre, com sua história mais do que centenária; Chico Mendes, sua luta e seu legado; e a dura realidade dos povos da floresta; são os temas do programa Caminhos da Reportagem do dia 3 de dezembro de 2013.

FONTE: TV Brasil

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Elementos da poluição atmosférica modificam o DNA humano


Aldeídos mutagênicos, em concentrações elevadas, podem levar ao câncer

Além dos males causados pela poluição atmosférica já conhecidos cientistas acabam de detectar, pela primeira vez, uma modificação em DNA humano causada pela presença de dois aldeídos – acetaldeído e crotonaldeído — encontrados na fumaça do cigarro e nas emissões veiculares “Esses aldeídos são mutagênicos e, em concentrações elevadas, podem levar ao desenvolvimento de câncer”, alerta a professora Marisa Helena Gennari de Medeiros, do Instituto de Química (IQ) da USP, e pesquisadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Processos Redox em Biomedicina (Redoxoma).

A constatação foi feita em um levantamento, realizado em 2010, que analisou a urina de 82 pessoas, sendo 47 residentes na cidade de São Paulo e outros 35 moradores de São João da Boa Vista, município rural no interior do estado. Os resultados mostram que a concentração de adutos — resultado da reação dos aldeídos com o DNA — foi significativamente maior nos moradores da capital paulista. “São Paulo tem uma característica incomum, se comparada a outras grandes capitais do mundo”, conta Marisa Helena. “Além dos poluentes normalmente encontrados em metrópoles semelhantes, aqui temos uma grande frota que utiliza o etanol”. A pesquisa excluiu fumantes, alcoólicos, pessoas com problemas de saúde e fazendo uso de suplementos alimentares e de medicamentos. Nos testes com a urina, os cientistas utilizaram técnicas ultrassensíveis como a espectrometria de massas.

Reparo do DNA
A pesquisadora explica que é a primeira vez que a urina foi utilizada como biomarcador para esse tipo de estudo. “É de conhecimento que a poluição atmosférica é um agente carcinogênico”, ressalta Marisa. “No entanto, ainda não se tinha um controle específico em relação aos danos causados no DNA humano e usando a urina como biomarcador”, explica.

A docente descreve que o que é descartado pela urina é justamente o produto do reparo do DNA. Ao entrar em contato com o organismo, os aldeídos se ligam à estrutura do DNA, modificando-a. Contudo, as enzimas que protegem a estrutura realizam um trabalho de “clivagem” (corte) na modificação promovida pelos aldeídos. “O resultado deste mecanismo é justamente o que conhecemos como o reparo, que é o que acaba indo para a urina”, explica. Se o dano causado ao DNA não for reparado pode levar a uma mutação e ao câncer. Marisa destaca ainda que a vantagem de se utilizar a urina é que trata-se de um método não invasivo.

Laboratório do IQ onde foram analisadas as amostras de urina de 47 pessoas. Método não invasivo permite o monitoramento da exposição da população a aldeídos presentes na atmosfera

Fator de risco
Na região metropolitana de São Paulo, onde circula uma frota de cerca de 7.4 milhões de veículos, aldeídos genotóxicos presentes na atmosfera são um grande fator de risco para a saúde da população.

Por isso, um aspecto importante da possibilidade de detecção de adutos de DNA na urina é o desenvolvimento de um método não invasivo que permita o monitoramento da exposição da população a aldeídos presentes na atmosfera. Esse monitoramento pode fornecer informações para a formulação de políticas públicas que reduzam os efeitos nocivos da poluição atmosférica. “Pretendemos ampliar esse estudo, analisando e comparando amostras de urina de moradores de diferentes bairros na cidade de São Paulo e de diferentes cidades”, conclui a pesquisadora.

O grupo responsável pelo estudo integra a rede de pesquisadores dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT), com apoio do Conselho Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico (CNPq), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) com o Programa Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID), e do Núcleo de Apoio à Pesquisa (NAP) da USP.

O artigo Elevated α-Methyl-γ-hydroxy-1,N2-propano-2′-deoxyguanosine Levels in Urinary Samples from Individuals Exposed to Urban Air Pollution, de Camila C.M. Garcia, Florêncio P. Freitas, Angeĺica B. Sanchez, Paolo Di Mascio e pela professora Marisa pode ser lido por assinantes em http://pubs.acs.org/journal/crtoec.

Por Antonio Carlos Quinto - acquinto@usp.br

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Projeto Florestam - pesquisas com florestas de várzea, concluído.


Pesquisa revela conhecimento etnobotânico de ribeirinhos




O que é uma floresta de várzea:

Floresta de várzea é um tipo de floresta de planícies inundáveis invadidas por enchentes sazonais na Bacia Amazônica.

Ao longo do rio Amazonas e muitos de seus tributários, uma alta taxa pluviométrica que ocorre durante a estação das chuvas resulta em grandes enchentes estacionais. O resultado é aumento no nível de águas carregadas de nutrientes entre 10–15 metros.


As florestas de várzea dividem-se em dois tipos: as várzeas baixa e intermediária, nas quais predominam palmeiras e as espécies que apresentam raízes aéreas, as quais auxiliam na fixação de oxigênio, como o açaizeiro e o buriti, e a várzea alta, cujo solo é menos influenciado pelas águas das cheias e apresenta maior biomassa. Nela ocorrem espécies arbóreas, como a sumaúma, açacu, andiroba e copaíba.

Tal classificação foi feita de acordo com o nível topográfico, composição química do solo e composição botânica


O Projeto Florestam, coordenado pela Embrapa, documenta a utilização de produtos florestais pelos ribeirinhos do Estuário Amazônico

O Estuário Amazônico, com sua rica biodiversidade, apresenta desafios à pesquisa agroflorestal. Este universo amplo, que divide os estados do Amapá e Pará, cheio de espécies vegetais típicas de áreas alagadas, rios e igarapés, é o foco geográfico de trabalho da equipe do Projeto Florestam, coordenado pela Embrapa Amapá. Um dos pontos de interesse é documentar o uso que os ribeirinhos fazem dos produtos florestais madeireiros e não madeireiros. 

“Estudamos a comunidade florestal como um todo e, em particular, espécies como andiroba, pau mulato, pracuúba, açaí e virola, que são de interesse econômico e social dos ribeirinhos”, explica o pesquisador Marcelino Carneiro Guedes, coordenador do Projeto Florestam.

Foram três anos de pesquisa básica e entre os dados obtidos está o conhecimento etnobotânico dos ribeirinhos que vivem em comunidades do município de Mazagão (AP), na foz do rio Maracá, foz do Mazagão Velho e foz do Ajuruxi, afluentes do canal norte do rio Amazonas. A atividade prevista no projeto foi a inspiração para a monografia de conclusão da graduação da bolsista Eneida Silva do Nascimento, no curso Engenharia Florestal da Universidade do Estado do Amapá.


Na região de estudo predominam ambientes inundados pela dinâmica das marés que influenciam a diversidade da vegetação e os hábitos da população. “Isto faz com o que os ribeirinhos tornem-se especialistas no uso dos recursos naturais para fins de subsistência, culturais, religiosos e comerciais”, aponta Eneida Nascimento. 

Orientada pela pesquisadora Ana Euler, responsável pelo Plano de Ação correspondente ao levantamento etnobotânico, a então acadêmica fez um levantamento inédito sobre os conhecimentos etnobotânicos relacionados ao uso de vegetais típicos de várzea. Também foi possível identificar, pela primeira vez, se os ribeirinhos conhecem a legislação que lhes assegura proteção do conhecimento tradicional e do patrimônio genético sob sua guarda.

Açaí em primeiro lugar

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Das 25 espécies citadas pelos ribeirinhos como fonte de alimentação, o açaizeiro aparece em primeiro lugar, assim como também foi lembrado por 100% dos ribeirinhos entrevistados quando trata-se de uso comercial. Isso demonstra a importância socioeconômica desta espécie para a região, sobretudo sob o embalo do aquecimento do mercado consumidor do “vinho da Amazônia”.

Outras espécies com relevante potencial comercial na região são andiroba, pau mulato e pracuúba. No uso como combustível, o pau mulato e o pacapeuá apresentaram maior frequência de uso e, segundo os ribeirinhos, também fornecem lenha de qualidade para os fogões de barro. 


Para a construção civil, a pracuúba e a andiroba foram as mais utilizadas para edificação de casas e trapiches. As plantas para uso medicinal são de grande importância no modo de vida dos ribeirinhos. Foi a categoria de uso que mais contribuiu com número de espécies (43) e famílias botânicas (29) para este estudo do Florestam. As espécies mais lembradas foram a andiroba e o pracaxi. De ambas é extraído o óleo da semente, utilizado como antiinflamatório e cicatrizante. 

Em tecnologia artesanal, a maúba e a pracuúba foram as mais citadas para uso na construção e consertos de canoas a remo e embarcações de pequeno porte movido a motor. 

Este trabalho proporcionou às comunidades ribeirinhas o acesso a informações sobre a legislação de proteção ao conhecimento tradicional. Ana Euler ressalta que 100% dos 30 entrevistados desconheciam a Medida Provisória 2186 – 16/200 e a existência do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN). Atualmente a equipe se mobiliza para dar continuidade ao Projeto Florestam e avançar nas pesquisas em floresta de várzea do Amapá e Estuário Amazônico.

  • Seminário apresenta resultados de pesquisas com florestas de várzea
A Embrapa Amapá realiza, de 3 a 5 de dezembro deste ano, no auditório da instituição de pesquisa, o III Seminário do Projeto Florestam, uma pesquisa que tem como objetivo identificar a ecologia, formas de uso pelos ribeirinhos, estoques de madeira e produtos não-madeireiros encontrados no estuário amazônico. Os objetivos do seminário são apresentar palestras de referência sobre temáticas importantes para o estuário amazônico, buscando integração com outros grupos de pesquisas que estudam ecossistemas de várzeas, discutir resultados e a continuidade do Projeto Florestam, e discutir sobre a cadeia, valor e demandas de fomento ao setor de madeira de várzea. O público alvo do evento é formado de pesquisadores, estudantes, técnicos e gestores ligados à área florestal.

O Projeto Florestam foi iniciado em 2010 e está sendo encerrado neste ano de 2013. De acordo com o pesquisador Marcelino Carneiro Guedes, coordenador da pesquisa e do seminário, durante este período de três anos de estudos, foi feito um grande esforço para conhecimento das características químicas e físicos dos solos e a dinâmica das marés, que nunca tinham sido estudados em profundidade nessa região. “A equipe conseguiu avançar também em estudos sobre o estoque disponível e técnicas de manejo florestal, principalmente de espécies de maior interesse econômico como o pau mulato, a pracuúba e a andiroba. Essas informações subsidiaram normas para o manejo da floresta de várzea, regulamentada recentemente por meio do Decreto Nº 3.325, de 17 de 2013, que traz a revisão de todas as normativas ligadas às atividades florestais no estado do Amapá”, acrescentou o pesquisador. A programação do III Seminário do Projeto Florestam inclui palestras de especialistas da Universidade Federal do Amapá, Universidade do Estado do Amapá, IEPA, Instituto Estadual de Florestas, Ministério Público do Amapá, Embrapa Amazônia Oriental (Pará) e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).


As atividades do Projeto Florestam são feitas em três regiões do Amapá: foz do Mazagão Velho, foz do rio Maracá e foz do rio Ajuruxi, sempre na confluência com o canal norte do rio Amazonas. Atividades voltadas ao estudo da vegetação também são realizadas nas ilhas do Estado do Pará, sempre com foco nas várzeas do estuário amazônico, que são submetidas a dois ciclos diários de cheia e vazante devido às marés oceânicas. O Projeto Florestam é desenvolvido por meio da pesquisação, buscando facilitar a construção conjunta do conhecimento e das condições necessárias para geração e assimilação das técnicas de manejo dos recursos florestais das várzeas estuarinas. “O projeto conta com a participação de várias instituições e pessoas, formando uma grande equipe de trabalho. Teve a participação de mais de 10 instituições e mais de 50 pessoas, com participação intensa de estudantes de graduação e pós graduação”, destacou Marcelino Carneiro Guedes.

No âmbito do Florestam, foram ou estão sendo desenvolvidos 15 TCCs, 7 dissertações de mestrado e 2 teses de doutorado. Muitos desses estudantes que participaram pelo Projeto Florestam foram aprovados em concurso público do Estado ou foram contratados, atualmente desenvolvendo atividades na Universidades do Amapá (Perseu Aparício, Jadson Abreu e Wegliane Campelo) e em órgãos de pesquisa, extensão rural e gestão ambiental do Estado, como o Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Dayse Suellen), Secretaria Estadual de meio Ambiente (Núbia Castilho e Juliana Eveline), Instituto Estadual de Desenvolvimento Rural (Henrique Gomes), Instituto Estadual de Florestas (Madson Sousa, Mariane Santos e Alinny Silva) e Instituto de Meio Ambiente e Ordenamento Territorial (Gabrielly Guabiraba). O pesquisador Marcelino Guedes ressalta que desta forma “estamos colaborando com a formação do quadro técnico do Estado e de agentes multiplicadores dos conhecimentos e técnicas de manejo da floresta de várzea, ampliando cada vez mais a teia de competências necessárias para promover o desenvolvimento das diversas realidades geográficas do Amapá a partir da conservação e uso da biodiversidade amazônica”. As palestras do III Seminário do Projet Florestam serão apresentadas sempre das 8h às 12h e das 14h às 17h30, no auditório da Embrapa Amapá.

Imagens de floresta alagada:




domingo, 1 de dezembro de 2013

Saiba mais sobre o Mero, um brasileiro em perigo



O Senhor das Pedras



Projetos unem forças para proteger os meros

Tamar e Meros do Brasil realizaram semana de arte e informações sobre os peixes ameaçados de extinção:


Parceiros na pesquisa e conservação da vida marinha

Dois meros foram devolvidos ao mar no final de uma semana de atividades culturais nas bases de Arembepe e Praia do Forte. Sob aplausos emocionados das pessoas que acompanharam os pesquisadores dos projetos Tamar, Meros do Brasil e da Universidade Federal de Alagoas - UFAL, os peixes voltaram para casa saudáveis, prontos para continuar a cumprir suas funções ecológicas. Foi realizada a coleta de dados biométricos e genéticos, e a marcação dos espécimes para acompanhamento. Os projetos conservacionistas, parceiros na proteção dos oceanos, são patrocinados pela Petrobras, através do Programa Petrobras Ambiental.

Memórias do Mar - A expedição “Memórias do Mar – Uma Aventura Transdisciplinar pelo Litoral Brasileiro” visitou com o 'Mero Móvel' bases do Tamar na Bahia (6-8/11). A iniciativa do Coletivo Memórias do Mar, do Projeto Meros do Brasil, encantou adultos e as crianças da Escolinha do Tamar, em Arembepe, e da turma dos Tamarzinhos da Praia do Forte. As atividades incluíram alimentação dos meros, informações sobre a biologia, ciclo de vida, comportamento, status de conservação da espécie e oficinas de cordel, resgatando histórias e tradições das comunidades.

Zé Mero, pescador parceiro do Tamar, que já capturou meros no passado, contou as histórias de seus encontros com o peixe que inspirou seu apelido. Hoje, consciente dos problemas que a extinção de uma espécie pode causar a todo o ecossistema, trabalha pela conservação das tartarugas marinhas e seus amigos. É professor que ensina a pescar, desvendar os mistérios do mar, respeitar e viver em harmonia com a natureza.

Saiba mais sobre o Mero:


Epinephelus itajara um peixe marinho da família Serranidae que habita águas tropicais e subtropicais do oceano Atlântico. É uma espécie de peixe que habita zonas estuarinas (manguezais) e áreas costeiras, por isso, costumam ser encontrados em manguezais e costões rochosos, próximos de naufrágios, pilares de pontes e parcéis. A espécie é muito vulnerável à pesca, pois possui taxas de crescimento lento, atingem grandes tamanhos, agregam-se para a reprodução, maturam sexualmente tardiamente e são territorialistas.

O Mero também conhecido como Senhor das Pedras seu formato é arredondado e chega a ultrapassar dois metros de comprimento. Porém ao se aproximar, você se depara com um peixe, que apesar de sua imponência, permite que as mãos humanas passeiem por sua pele escamosa. Suas principais características são:



  • Vive até 100m de profundidade.
  • Pode viver 40 anos.
  • Atinge mais de 2m de comprimento.
  • Começam a reproduzir com 1,1 a 1,2 metros de comprimento e com 4 a 7 anos de idade.
  • Agregam-se perto da Foz de grandes rios em épocas e locais conhecidos com a finalidade de encontrarem parceiros para a reproduzir.
  • Gostam muito de comer lagostas.


Meros adultos e principalmente os juvenis estão presentes nos mangues dentro de estuários. Estudos sobre a espécie em geral são escassos. Porém, já é verificado em outras regiões estudadas (ex.: Golfo do México) que a biologia da espécie possui características que tornam a população altamente susceptível a sobrepesca e depleção rápida do estoque. Cerca de um quarto dos pontos de agregação conhecidos foram totalmente eliminados.

Em uma avaliação preliminar ficou caracterizado que na Baía de Babitonga (SC), onde o peixe já foi estudado sistematicamente, os Meros são capturados predominantemente de duas formas: espinhel de fundo e pesca subaquática. Presumi-se, entretanto, que a pesca submarina está contribuindo consideravelmente com a depleção e extermínio dos agregados reprodutivos. Entretanto a grande vulnerabilidade destes grandes peixes faz com que o impacto de cada pescador na população seja devastador. Em contrapartida, bons exemplos são encontrados entre os praticantes da pesca subaquática esportiva. Trata-se de um peixe que encanta mergulhadores, dos iniciantes aos mais experientes.

Mesmo tratando-se de uma espécie de peixe ameaçada de extinção, pouco conhecimento científico está disponível sobre as populações de Epinephelus itajara ocorrentes no Brasil. Apenas é constatado o desaparecimento gradual destes peixes de locais onde antes eram abundantes. Não se sabe exatamente o número exato de indivíduos e o total em biomassa que tem sido capturado anualmente. A causa mais provável dos drásticos declínios é a pressão forte da pesca em agregados reprodutivos. Quando um grande número de peixes normalmente dispersos, são concentrados em áreas e em horas previsíveis, são altamente vulneráveis a sobre-pesca. Sua taxa de crescimento lenta, vida longa, e grande tamanho de maturação sexual fazem desta espécie muito vulnerável, diminuindo a variabilidade genética.

Esta espécie vem recebendo atenção de pesquisadores em todo o oceano Atlântico em função de seu status de conservação, classificado como criticamente ameaçado (IUCN, 2006). Há mais de dez anos protegida da pesca em todo o Golfo do México, somente em 2002 é que esta espécie, recebeu a proteção de uma moratória específica no Brasil (IBAMA, portaria nº 121 de 20 de setembro de 2002). Com isso, se tornou a primeira espécie de peixe marinho a receber uma portaria específica que estabelece a moratória da pesca pelo período de 5 anos, nos quais existe a prioridade da realização de estudos mais aprofundados. A portaria 42/2007 do Ibama prorrogou por mais cinco anos a proibição da captura do Mero.

As informações sobre este importante peixe constam inseridas na cultura de algumas comunidades de pescadores, que ao utilizarem os recursos naturais do ambiente onde vivem, acumulam o conhecimento sobre a espécie e seu ambiente.

Diante da falta quase que absoluta de conhecimento sobre a bioecologia do Mero no Brasil, percebe-se que é fundamental recorrer ao conhecimento ecológico de pescadores como subsídio à pesquisa e conservação desta espécie. E esta é uma das propostas do projeto Meros do Brasil.

AMEAÇAS

A maior ameaça ao Mero é provavelmente o homem, desde que é um peixe excelente como alimento, sua carne é deliciosa e branca. São também peixes fáceis de pescar, utilizando-se de uma variedade de artefatos (armadilhas, linhas de mão, redes de emalhe e arbalete de pressão).

Os Meros são peixes que vivem cerca de 40 anos, crescem devagar e demoram a iniciar atividade reprodutiva. Quando você retira um animal tão grande do mar, o papel que este peixe representava no ambiente vai demorar para ser novamente exercido por outro peixe. Isto quer dizer que aquele indivíduo vai fazer muita falta dentro do ambiente. Outro problema é o fato dos Meros agregarem-se, isto é, reunirem-se em datas e locais conhecidos pelos pescadores. Quando estão juntos tornam-se ainda mais vulneráveis.
Não há muitas informações sobre seus predadores naturais, porém tubarões atacam juvenis em linhas de espinhéis armadas em torno dos mangues. Outros Serranídeos, barracudas e moréias alimentam-se provavelmente de juvenis (Sadovy et al., 1999). Entretanto, uma vez alcançado a maturidade, poucos predadores podem se alimentar devido seu tamanho e natureza discreta (GMFMC, 2001)

BIOLOGIA

Mero: Ephinephelus itajara : Membro da família Serranidae é o maior dos representantes no Atlântico podendo chegar ao peso máximo de aproximadamente 455 kg e são marcados visivelmente por seus cabeça lisa e larga, espinhos dorsais curtos, olhos pequenos e dentes caninos. Sua cor varia de marrom amarelado à azeitona, com os pontos escuros pequenos na cabeça, no corpo e nas barbatanas.

Os machos tendem a mudar a cor ao cortejar. Quanto mais peixes estiverem reunidos, mais intensas são as interaçães entre os indivíduos (Sadovy et al., 1999). Os Meros são predadores situados em níveis superiores da cadeia trófica, alimentam-se principalmente de crustáceos, lagostas e caranguejos (GMFMC, 2001). Juvenis alimentam-se de camarões, caranguejos e bagres marinhos. Partes de polvos, tartarugas e outros peixes também foram encontrados (Sadovy et al., 1999). Notavelmente, adultos podem viver aproximadamente 30 anos de idade (26 para machos, 37 para fêmeas). Se a população fosse deixada intacta, Meros poderiam viver acima de quarenta anos de idade (NOAA NMFS, 2001).

O maior problema enfrentado pelo mero é a falta de dados exatos inerentes à biologia da espécie.

Curiosidades

Diminuição do tamanho médio da população sentida já em 1970.

A pesca sub representa a principal causa no declínio dos meros no Golfo do México. No Brasil, ainda não temos informações suficientes que venham reforçar esta situação para nosso litoral.

No Golfo do México encontra-se extinto como recurso pesqueiro.
Padrões simples de gerenciamento não foram suficientes para conter o declínio no Golfo do México.
Em águas federais do EUA, no caso de captura acidental, devem ser imediatamente liberados.

ONDE ESTÃO OS MEROS

Vale lembrar que o projeto "Meros do Brasil" visa a preservação da espécie e de seus ambientes associados - os manguezais, os recifes de corais e os ambientes rochosos. Costões Rochosos são os ambientes marinhos habitados pelos Meros principalmente no Sudeste e Sul do Brasil. O Mero Epinephelus itajara foi batizado por um pesquisador alemão que esteve no Brasil no século XIX, segundo uma denominação Tupi-Guarani (ita= pedras; jara=senhor). O nome é referência ao alto nível ocupado pelos Meros na cadeia trófica marinha e por seus hábitos crípticos de viver em grandes tocas dentre as rochas.


O bioma Mata Atlântica é muito importante no ciclo de vida de muitas espécies marinhas, como o Mero. A vegetação de manguezal na interface com a água do estuário e vegetação de Mata Atlântica (floresta ombrófila) é um ambiente propício a espécie. Raízes dos manguezais são adequados para os jovens Meros e outros peixes e crustáceos se protegerem nas fases iniciais da vida. Recifes de Corais também são os ambientes marinhos habitados pelos Meros principalmente no Norte e Nordeste do Brasil. Além do Mero, uma enorme diversidade de organismos habita estes que são os ambientes marinhos de maior biodiversidade.

Em São Francisco do Sul, também em Santa Catarina, os locais de ocorrência destes peixes são conhecidos, e operadoras de mergulho são muito beneficiadas deste fato. Exatamente na época de alta temporada (verão), quando turistas de todo o Brasil, deslocam-se para o litoral catarinense, é que Meros agregam-se para a reprodução. O turismo submarino voltado para este peixe é cada vez mais procurado. Um bom exemplo desta prática está ocorrendo no litoral do Paraná (Parque do Meros - http://www.scubasul.com.br ) e também está sendo iniciado na Bahia, onde mergulhadores tem um contato seguro e informativo com os meros presentes nestas regiões.

Pouquíssimos são os locais onde as condições em que se encontram as populações de Meros e a previsibilidade de ocorrência espacial e temporal permitem o contato direto com o animal. Esta é uma maneira sadia e educativa de utilizar este recurso.

MEROS NO MUNDO


O Mero é encontrado geralmente em águas tropicais e subtropicais no Oceano Atlântico da Flórida ao Brasil (até Santa Catarina), ao longo de todo o golfo do México e em partes dos Caribes (Sadovy et al., 1999). Geralmente estão distribuídos em águas tropicais, mornas-quentes-temperadas, perto de naufrágios, rochas submersas, recifes de corais e outros substratos duros. O Mero também é encontrado próximo às Bermudas (embora raro), no Pacífico oriental do golfo da Califórnia ao Peru (chegando provavelmente através do canal de Panamá), no Atlântico oriental de Senegal ao Congo (também raros). Uma vez abundantes em torno das costas da Flórida e partes do golfo do México, hoje são vistos raramente (Sadovy et al., 1999). Existe um consenso em que o Mero foi sempre prolifico também fora de ambas as costas da Flórida, onde cientistas descobriram otólitos em comunidades pesqueiras pré-históricas (Sadovy et al., 1999). O Mero aprecia abrigos: furos, cavernas, recifes e naufrágios. São encontrados principalmente em águas rasas, baías e estuários nos Everglades, Baía da Flórida e Florida Keys. Juvenis procuram abrigos em mangues, enquanto adultos em torno de naufrágios mais afastados da costa. Grupos de juvenis as vezes formam cardumes em torno de naufragios e recifes em profundidades de aproximadamente 45m, mas a maioria são encontrados em torno dos habitats rasos inshore como mangues e canais pouco oxigenados.

No golfo de México, o acasalamento atinge o pico entre julho e setembro (Sadovy et al., 1999). Agregam em locais específicas em números de até 100 indivíduos.

Uma vez comum em águas fora da Florida e do Golfo do México há trinta anos, nenhum agregado foi observado fora da costa do leste da Florida nos últimos 25 anos. Agregados de até 150 peixes caíram a aproximadamente 10 em 1989 na parte oriental do Golfo do México. Entre 1979 e 1994 não houve nenhuma observação visual da espécie no parque nacional de Biscayne, Florida à Dry Tortugas e Florida Keys (Sadovy et al., 1999).

Na Flórida, o Mero está sendo monitorado a alguns anos por pesquisadores.

Desde 1994, estudos em populações de Meros no Golfo do México têm conduzido à observações de agregados reprodutivos de Meros com aproximadamente 50 indivíduos a cada verão. Os cientistas têm trabalhado desde 1997 recolhendo dados de abundância de juvenis e de adultos, distribuição, idade, crescimento e uso do habitat, marcando e recapturando Meros. Estes estudos visam compreender padrões sazonais de migração e revelar informações sobre a utilização do habitat (NMFS/SEFSC). Com a ajuda de pescadores e mergulhadores, cientistas estão levantando dados de ocorrência de Meros

Às Estrelas


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A gigante de couro pode atingir dois metros de comprimento e pesar até 750 kg.