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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Matas tropicais não são manejadas sustentavelmente



Estudo da Organização Internacional de Madeiras Tropicais indica que menos de 10% de todas as florestas são manejadas de forma inteligente, mas reconhece que a proteção aumentou nos últimos anos e que o REDD é uma grande promessa


O manejo sustentável das florestas tropicais cresceu, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido. Pelo menos essa é a conclusão de uma nova pesquisa realizada pela Organização Internacional de Madeiras Tropicais (ITTO em inglês), que entre 2005 e 2010 analisou a produção de madeira de 33 países, que juntos somam 85% das florestas tropicais de todo o mundo.
De acordo com o relatório, intitulado Condição do Manejo da Floresta Tropical 2011, durante esse período, alguns países como o Brasil, o Gabão e a Malásia fizeram um grade progresso em relação ao manejo sustentável, enquanto outros, como a Libéria, a Nigéria e a República Democrática do Congo tiveram problemas com suas metas de conservação florestal por causa da falta de recursos.
Segundo o documento, os ganhos mais rápidos foram na África, onde áreas florestais com planos de manejo aumentaram de 10 milhões de hectares para 28 milhões, ou 180%. Na seqüência, vêm a América Latina e o Caribe, onde as áreas florestais com planos de manejo tiveram um crescimento de 43%. Na Ásia, a extensão das florestas com manejo sustentável permaneceu praticamente a mesma. 
No total, os autores da pesquisa descobriram que a quantidade de terra que é designada ‘permanentemente florestada’, ou seja, que deve legalmente manter suas florestas, aumentou de cerca de 36 milhões de hectares para aproximadamente 53 milhões de hectares, ou 47%. No entanto, isso corresponde a somente 7% das propriedades florestais permanentes nos 33 países membros da ITTO, e a 3% do resto das florestas tropicais do mundo. 
“O relatório mostra que menos de 10% de todas as florestas são manejadas sustentavelmente e que a ITTO espera que o desmatamento continue”, disse Andy White, coordenador da Iniciativa para Direitos e Recursos, que não estava envolvido na realização do relatório.
“Estava esperando um pouco mais. A sustentabilidade faz muito mais parte da cultura florestal agora, mas ainda freqüentemente não está sendo posta em prática”, lamentou à New Scientist Duncan Poore, autor do estudo e ex-diretor da organização Nature Conservancy do Reino Unido e também da IUCN - União Internacional para Conservação da Natureza http://ec.europa.eu/homepage_pt.htm
No entanto, ele assegurou que “no meio dos anos 1980, provavelmente menos de um milhão de hectares de florestas tropicais estavam sendo manejadas sustentavelmente”. “É claro que estamos felizes por ver o progresso que ocorreu nos últimos cinco anos, mas isso ainda representa um avanço suplementar, e alguns países ainda estão ficando para trás”, declarou Emmanuel Ze Meka, diretor executivo da ITTO. 
Diversas estratégias 
Conforme a pesquisa, o manejo florestal sustentável sozinho não acabará ou reduzirá suficientemente o desmatamento ou a degradação florestal. Para isso, é necessário adotar outras estratégias e combiná-las com o manejo. 
Segundo o estudo, reduzir ou parar a degradação das florestas tropicais exigirá que a reivindicação de posse de muitas áreas florestadas, que está impedindo os esforços de implantar uma silvicultura sustentável, seja resolvida. “O manejo florestal sustentável provavelmente não acontecerá a menos que a floresta tenha garantia de propriedade que seja determinada transparentemente com base em negociações entre os demandantes”. 
“Nós apoiamos totalmente o surgimento de novos mercados de madeira ‘verde’ e o recente estímulo para incluir as florestas em um acordo de mudança climáticas, mas em muitos países esses desenvolvimentos sozinhos podem não ser transformacionais. A demanda por madeira certificada provavelmente afeta apenas uma pequena parte da propriedade da floresta tropical”, afirmou Meka. 
Poore acredita que “com a economia do uso da terra nos trópicos sendo desviada da preservação das florestas de qualquer propósito – conservação ou produção –, precisamos assegurar que estamos usando todas as ferramentas disponíveis para fornecer renda para manter em pé florestas, para que concorram com o uso da terra para a agricultura e os biocombustíveis”. 
Para ele, “o REDD é uma promessa considerável, mas é essencial que evolua para reconhecer e apoiar iniciativas que foquem na utilização sustentável de recursos de florestas tropicais, incluindo a produção de madeira sustentável, em vez de ser apenas um fundo para conservar florestas”. 
Controvérsias 
De acordo com Poore, a maior conquista da pesquisa é a sua abrangência. “Está muito melhor do que em 2005, e fornece uma linha de base para medir melhorias futuras”. Contudo, outros especialistas questionam as informações e a análise da pesquisa, argumentando que os dados são imprecisos. 
“Uma tabela mostra um decréscimo substancial na área global protegida, e a ITTO argumenta que isso ocorre devido à maior clareza dos dados, em vez de qualquer mudança na condição legal de tais áreas. Isso pode ser verdade, mas não se pode dizer a partir do que eles mostram”, alegou Doug Boucher, presidente da Iniciativa para Clima e Florestas Tropicais da União dos 
Cientistas Preocupados. 
“Se eles vão rejeitar uma tendência quando ela é negativa, deve-se perguntar por que eles não rejeitam algumas das tendências que parecem positivas. Algumas mudanças podem ser reais ou simplesmente parecerem por causa dos dados melhores. E se os dados anteriores não são fidedignos, não se pode dizer nada”, completou Boucher. 
Já Sam Lawson, diretor da Earthsight, ONG que investiga transgressões ambientais, acha que “em relação à Malásia, o relatório parece ficção. Não faz menção ao fato de que análises independentes recentes sugerem que a taxa de desmatamento em Sarawak (o maior estado da Malásia) é a pior do mundo. Suspeito que a cobertura de outros países seja igualmente imprecisa e enganosa”. 
Em relação às críticas, Poore alega que “temos que tratar essas informações com cautela, apesar do fato de que elas são as melhores disponíveis”, e sugere, por exemplo, que o REDD seja uma solução para encerrar a discussão dos dados. “Uma das coisas que o REDD realmente faz é monitorar, então se espera que esses países que estão comprometidos no processo de REDD possam estar aptos a melhorar a qualidade da informação que eles fornecem”.

 09/06/2011 - Autor: Jéssica Lipinski - Fonte: Instituto CarbonoBrasil/ITTO/Mongabay

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