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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Urutau - A ave fantasma





  • A Lenda do Urutau (Tupi-Guarani)


Conta a lenda que Nheambiú, uma bela moça, filha do cacique Tuxaua da nação Guarani, certo dia, foi passear na floresta conheceu e logo se apaixonou profundamente por um bravo guerreiro Tupi chamado Cuimbaé. O problema é que, naquela época as duas tribos eram inimigas e com suas frequentes visitas pelas redondezas ao encontro de Nheambiú, acabou sendo feito prisioneiro pelos Guaranis. 

Quando Nheambiú soube disto pediu para o cacique sua permissão para casar-se com seu amado. Porém, esse e os posteriores pedidos foram terminantemente negados, com a alegação de que Cuimbaé era um Tupi, ou seja, um inimigo mortal dos Guaranis. 

Não suportando mais o sofrimento, Nheambiú desapareceu da Taba, causando um enorme alvoroço. No meio do caminho a jovem encontrou um pajé que não era nem tupi e nem guarani. Ele disse que se a moça tomasse uma poção mágica e fosse para o coração da floresta, ela encontraria seu amado e se casaria com ele, mas isto custaria um preço muito caro. Mesmo assim Nheambiú aceitou o trato. 

Assustado com o sumiço da filha, o velho cacique mobilizou então todos os seus guerreiros para que procurassem, por todo o lado, a seu bem mais precioso. Após uma longa busca, a jovem foi encontrada no coração da floresta, paralisada e muda, como uma estátua de pedra. Ao vê-la, o pai sacudiu-a, mas ela não deu nenhum sinal de vida. Então, o seu pai mandou chamar o feiticeiro da tribo, que a examinou dizendo o seguinte ao cacique: – Nheambiú perdeu a fala para sempre; só uma grande dor poderá fazer Nheambiú voltar ao que era.


Então começaram por informar a jovem índia de todas as notícias mais tristes possíveis: a morte do seu pai e a de todos os seus amigos. No entanto, nada surtiu efeito. A jovem continuou inabalável e intacta. Então o pajé da tribo aproximou-se e disse: – Cuimbaé acaba de ser morto. Quando o cacique tocou em sua filha,  o corpo da jovem moça estremeceu-se todo e ela, soltando repetidos lamentos virou uma espécie de pássaro pardo e saiu voando acabando por desaparecer da mata. 

Todos os que ali se encontravam, cheios de dor, acabaram transformados em árvores secas, enquanto Nheambiú  transformada Urutau ficou a voar, noite após noite, pelos galhos daquelas árvores amigas, chorando a perda de Cuimbaé. Assim os índios batizaram aquele pássaro mágico de Urutau, que seria uma junção da palavras tupis: guyra, que significa ave, com táu que quer dizer fantasma. 

Diz a lenda que a ouvem chorar quando a Lua aparece no céu, mas ninguém a vê em seus lamentos em busca de seu grande amor.


  • O Urutau
Seu comprimento é em média de 37cm. Apesar de difícil de ser avistada, uma vez vista é inconfundível pelo aspecto único. Nyctibius griseus é a única espécie do gênero que ocorre em áreas modificadas pelo homem e por isso é a mais facilmente encontrada. Difere de Nyctibius grandis por ser menor que esta e de  Nyctibius aethereus por ser acinzentada e não parda. Seu canto, só ouvido a noite, lembra uma flauta de bambu. 

Sua silhueta e suas cores são merecedoras do título de ave mais camuflada do mundo. O urutau vai contra tudo o que conhecemos como uma ave normal. Possui várias adaptações espetaculares. Noturna, passa os dias pousado na ponta de um galho ou tronco seco, com suas cores confundindo-se com o local. Corpo todo cinza claro, manchado e listrado de cinza mais escuro, com bolas claras e escuras sobre as asas, levemente amarronzadas. Seus enormes olhos laranjas que o ajudam a enxergar no escuro da noite seriam uma falha em seu disfarce não fosse pelas pálpebras que os recobrem com um detalhe interessante- há uma pequena prega nas pálpebras, permitindo que a ave enxergue mesmo de olhos quase que inteiramente fechados. Sua defesa é manter-se imóvel, de modo que a qualquer sinal de perigo aumenta sua semelhança com o tronco de apoio (foto). Controla os arredores através de duas pequenas “janelas” nas pálpebras, sem necessitar abri-las. Ao observar qualquer situação de risco potencial, lentamente estica o pescoço e dirige o bico para cima, encostando mais a cauda no tronco de apoio. Desse modo, torna-se praticamente invisível no ambiente.



O bico é uma pequena ponta queratinizada, cercada por penas modificadas que mais parecem um ``bigode'' com função tátil que auxilia a ave a perceber suas presas no escuro, enquanto a boca estende-se até depois da linha dos olhos. É a noite que o urutau se revela um exímio caçador, capturam insetos em vôos verticais  como um falcão ou perseguindo-os em voo, à semelhança de andorinhas. 


Reproduz-se nos meses quentes,  põem  apenas um ovo, também muito disfarçado, sobre uma concavidade em um galho ou tronco, chocando na postura vertical de camuflagem. Não há construção de ninho e o filhote permanece sob as asas da mãe até seu tamanho atrapalhar o disfarce. A mãe passa se empoleirar em outro galho, próximo ao filhote, até que este aprenda a caçar sozinho. O filhote também logo adota a postura de proteção, quando deixado sozinho, voando após 51 dias de nascido.

A observação desta ave é algo completamente fortuito, mas a ave é bem mais comum do que a maioria das pessoas pensam, chegando até o centro de cidades grandes, contanto que sejam ber arborizadas. Se você tiver um bom gravador é possível fazer o playback com o som da ave a noite, pois ela responde e se aproxima bastante. Seu canto é marcante. 

O urutau pode ser identificado pelo reflexo de lanternas ou silibins nas suas grandes retinas, quando iluminamos a copa das árvores. À noite é que emitem o longo canto, composto de 5 notas descendentes, assobiadas e claras, espaçadas por intervalos regulares, a forma mais comum de detectá-los. Sua observação é tão difícil que o nome urutau quer dizer "ave fantasma", em tupi.  As vezes é difícil dizer onde começa a ave e acaba o galho.

Locais de observação: Cambarazal, Cerradão, Cerrado, Mata ciliar rio Cuiabá, Mata ciliar rio São Lourenço, Mata Seca., cantando com maior freqüência a partir de julho até o final do ano.




  • Outras lendas e superstições
Devido à sua existência misteriosa, o Urutau além das lendas era objeto de práticas supersticiosas. Os Guaranis acreditavam que partindo-se as asas e as pernas do pássaro durante a noite, no dia seguinte ele amanhecia perfeito. Segundo algumas crendices indígenas, esta ave noturna revestia-se de atribuições que são inerentes ao Cupido. As penas do Urutau eram eficazes talismãs de amor. Assim sendo, aquele que conduzir uma de suas penas, atrai a simpatia e o desejo do outro sexo; que se consegue qualquer pretensão com a escrita com uma de suas penas. Acreditava-se ainda, que as suas penas e as suas cinzas eram remédios contra doenças.

Há também quem diga que, na Amazônia, existe o costume de varrer o chão, sob o véu das noivas, com as penas da cauda do "Jurutauí" (designação pela qual o Urutau é conhecido nesta região), a fim de se garantir para as futuras esposas todas as virtudes do mundo.

Outra das crenças mais curiosas no poder sobrenatural do Urutau é a que faz referências à sua posição face ao ciclo solar. Quando o sol nasce o pássaro volta a sua cabeça para ele e acompanha-o no seu percurso. Quando o astro caminha para o Poente, começa então a entoar o canto dolorido “U – ru – tau”. Conta-se também que, Couto de Magalhães elevou o Urutau à categoria dos deuses, reservando-lhe o segundo lugar da sua teogonia Tupi. Todas essas considerações, entretanto, levam-nos a classificar o Urutau como um pássaro feérico (mágico), que existe por direito próprio. O Urutau é um pássaro que pertence à Ordem dos Caprimulgiformes, família dos Nyctibiidae. No Brasil, ocorrem as seguintes espécies: Nyctibius grandis (Urutau, Mãe-da-Lua Gigante); Nyctibius griseus (Urutau) e Nyctibius aethereus (Mãe-da-Lua Parda).

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