Evento discutiu a atual situação das matas de araucária, com análise de suas potencialidades no campo econômico, ambiental e social
Texto:
Katia Pichelli - Jornalista (MTb 3594/PR)
Camila Toppel - estagiária
Embrapa Florestas
(41) 3675-5638
Entre os dias 22 e 24/09 aconteceu o "1º Seminário Sul Brasileiro sobre a Sustentabilidade da Araucária", na Câmara dos Vereadores de São José dos Pinhais, Paraná. O objetivo foi discutir a atual situação das matas de araucária, com análise de suas potencialidades no campo econômico, ambiental e social. A Embrapa Florestas (Colombo/PR) participou de dois painéis, na sexta-feira e sábado.
No painel "Resultados alcançados e necessidades de novas pesquisas", o pesquisador Ivar Wendling falou sobre as pesquisas realizadas pela Embrapa Florestas com araucária nos últimos 30 anos.
Na década de 1970, a empresa realizou coletas de pinhão (a sementa da araucária) em diversos locais de ocorrência no Brasil: região Sul, São Paulo e Minas Gerais. Com isso, montou, em sua base física, um banco genético que hoje pode ser considerado um dos únicos no País. Além desta memória viva, que possibilita tanto conservar quanto resgatar a genética populacional existente na época, tais áreas servem para avaliação de itens como crescimento das árvores e produção de pinhão.
Um ponto a ser destacado é a possibilidade de manejo da araucária, com sua utilização em sistemas puros ou integrados (sistemas agroflorestais). Resultados de pesquisas avaliaram nutrição, solos e sistemas de manejo, para conhecer a produtividade de cada sistema.
Ainda sobre manejo, a Embrapa Florestas desenvolveu um software, o SisAraucária, que auxilia na prognose e elaboração de prognoses de crescimento e produção de plantios de araucária, além de estimar o carbono presente nestes plantios.
Um projeto recente abordado na palestra é o Estradas com Araucárias, uma parceria da Embrapa Florestas com a Secretária Estadual do Meio Ambiente (SEMA), Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) , Secretária da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (SEAB) , Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e a Universidade Federal do Paraná (UFPR). O projeto incentiva o plantio de árvores de Araucária em divisas entre propriedades rurais e beira de estradas, com possibilidades de uso de áreas não exploradas pelo produtores e retorno financeiro..
Como planejamento futuro, o pesquisador abordou a possibilidade de fabricação de compósitos - produtos similares aos aglomerados - com casca do pinhão e das acículas de araucária e estudos de melhoramento genético da espécie, especialmente estudos da composição química das árvores do banco genético existente na Embrapa Florestas.
Outro grande desafio para a pesquisa florestal são os métodos de armazenamento das sementes, não só com fins produtivos mas também para consumo humano. O pinhão é bastante apreciado no Sul do país, no entanto seu armazenamento ainda é um gargalo do sistema produtivo. São necessárias pesquisas sobre avaliação de embalagens, temperatura de armazenamento e criopreservação (congelamento dos tecidos biológicos).
Ainda sobre a produção de pinhão, pesquisas estão sendo realizadas envolvendo propagação vegetativa ou clonagem. Na questão de propagação via enxertia, a intenção é a formação de pomares de produção precoce de pinhão e com árvores de porte reduzido, fazendo com que a "safra" de pinhão tenha maior amplitude, o que vai possibilitar comercialização em épocas não-tradicionais. Na Embrapa Florestas encontra-se atualmente a primeira e única planta de araucária masculina com florescimento aos 4 anos após a enxertia e 2 metros de altura. Já as mudas produzidas via estaquia e miniestaquia tem como objetivo a produção de madeira com qualidade tecnológica para o mercado consumidor de serrarias e produção de móveis.
No painel que discutiu os produtos não-madeiráveis, a pesquisadora Catie Godoy abordou o pinhão na alimentação humana, aliando dados nutricionais ao sabor da semente. Foram mostrados os resultados de um projeto de culinária com o pinhão, realizado em parceria com o Colégio Estadual Júlia Wanderley, de Curitiba. As próprias cozinheiras do colégio produziram várias receitas com a semente e após isso foram avaliadas pelos alunos, que escolheram as mais saborosas. Além disso, cada receita deveria apresentar um grande valor nutricional. Futuramente, pretende-se lançar um livro com as receitas originadas no projeto.
Katia Pichelli - Jornalista (MTb 3594/PR)
Camila Toppel - estagiária
Embrapa Florestas
(41) 3675-5638
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