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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Atlas de Risco Ambiental e das Mudanças Climáticas

Nações africanas e do sudeste asiático são as que mais sofrerão com as consequências do aquecimento global, mas o Brasil também apresenta regiões de risco e deve se preparar para o aumento da frequência de enchentes e queimadas.


Às vésperas das Nações Unidas anunciarem que chegamos aos sete bilhões de habitantes, muitos dos países com o maior crescimento populacional no planeta estão em áreas de extremo risco climático e praticamente todas as grandes cidades do sudeste da Ásia poderão ser palco de tragédias humanitárias nos próximos anos se nada for feito.

Esta é a principal mensagem da quarta edição do Atlas de Risco Ambiental e das Mudanças Climáticas, que foi divulgado nesta quarta-feira (27) pela consultoria Maplecroft.

Os dez países mais vulneráveis de acordo com o levantamento são: Haiti, Bangladesh, Serra Leoa, Zimbábue, Madagascar, Camboja, Moçambique, Congo, Malauí e Filipinas. Sendo que as piores consequências das mudanças climáticas serão vistas principalmente nas grandes aglomerações populacionais, como Jacarta, Daca e Manila.

Segundo o Atlas, o crescimento desordenado dessas cidades, somado à falta de governança, corrupção e pobreza, fará com que cada uma delas se transforme em um lugar propício a grandes tragédias. Deslizamentos, enchentes, falta de água e alimento, doenças ligadas à inexistência de saneamento básico... Tudo isso será exponencializado pelo aquecimento global.

“Os impactos dos fenômenos climáticos extremos em regiões densamente povoadas já são bem conhecidos e documentados. Se as mudanças climáticas representarem mesmo o aumento da frequência desses eventos, e acreditamos que sim, isto significa grandes desastres para os próximos anos”, afirmou Charlie Beldon, analista da Maplecroft.

Manila, por exemplo, deve aumentar sua população em 2,23 milhões e sua área em quase 20% até 2020. Sendo particularmente vulnerável a enchentes e furacões, a falta de infraestrutura para abrigar essas pessoas facilitará tragédias ainda maiores que no passado. Em 2010, o furacão Conson matou 146 e afetou mais de meio milhão de pessoas na cidade.

“A expansão da população deveria ser acompanhada pela expansão da infraestrutura. Com o crescimento dessas grandes cidades, mais pessoas são obrigadas a viver em áreas extremamente expostas, como encostas de morros ou leitos de rios. Assim, acabam sendo os mais pobres os que sofrerão os piores efeitos das mudanças climáticas”, explicou Beldon.

Diferenças regionais

O Brasil aparece em 116 no ranking, sendo classificado como ‘risco mediano’. Porém, por se tratar de um país continental, algumas regiões são muito mais vulneráveis que outras e separadamente acabam sendo consideradas de ‘alto risco’.

É o caso do litoral sul, que, segundo a Maplecroft, deve registrar um aumento considerável na precipitação nos próximos anos e ficar ainda mais suscetível a enchentes. Assim, desastres como as inundações no Vale do Itajaí em Santa Catarina devem se repetir com muito mais frequência.

A parte central do Brasil também é considerada de risco, mas por causa das secas e queimadas. A Agricultura deve sofrer impactos e os parques de conservação devem enfrentar incêndios, como os vistos neste ano, mais vezes e de maiores proporções.

Porém, o Atlas coloca o Brasil como uma das nações que possuem boas condições de adaptação. O governo tem a capacidade de mitigar as consequências do aquecimento global se assim quiser, pois recursos e domínio técnico estão disponíveis. Seria apenas uma questão de vontade política.

Imagem: Mapa mostra a escala de vulnerabilidade dos países, sendo que o azul escuro significa risco extremo / Maplecroft

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