Após três tentativas, equipes de resgate conseguem desencalhar a baleia franca que ficou presa ontem na praia do Pântano do Sul, em Florianópolis

A operação de resgate de um filhote de baleia franca que estava preso em um banco de areia da praia de Pântano do Sul, em Florianopólis, Santa Catarina desde a manhã da quarta-feira.
Duas tentativas foram feitas ontem, com os bombeiros, a Polícia Militar e biólogos do Insituto Chico Mendes, que não obtiveram sucesso. Apenas na terceira, que aconteceu esta tarde com a maré alta, foi possível rebocar o cetáceo de volta ao mar aberto, de acordo com informações do jornal Diário Catarinense.

O resgate atraiu curiosos à praia, que se emocionaram ao ver a baleia nadando no mar. Moradores da região relataram que uma fêmea mais velha, provavelmente mãe do filhote, e outros três cetáceos jovens ficaram rondando a praia e chamando pela companheira encalhada durante a noite de quarta para quinta-feira.
O estado de Santa Catarina recebe todos os anos, nesta época, grandes grupos de baleias-franca que viajam pelo Atlântico para se reproduzir. A espécie está ameaçada de extinção.
Existem vários motivos para uma baleia encalhar, segundo o veterinário Milton Marcondes, coordenador de pesquisa do Instituto Baleia Jubarte. Na maior parte dos casos (cerca de 80%), o animal morre no mar, relativamente perto da praia, e a corrente marítima se encarrega de levar seu corpo à areia.

Encalhes em massa
Quando dois ou mais animais (sem ser mãe e filhote) encalham juntos, acontece o chamado encalhe em massa, como o da Nova Zelândia. Eles só ocorrem em espécies que vivem em bando, como golfinhos e baleias piloto.
Nesses casos, o animal líder se desorienta ou fica doente e leva todo o grupo com ele. “Antigamente, quando não se sabia que havia esse líder, dizia-se que a baleia ‘cometia suicídio’ – o animal era levado ao alto mar e acabava voltando à praia. Hoje se sabe que elas voltam chamadas por ele,” conta Marcondes. E é difícil descobrir qual baleia lidera o grupo e o que está errado com ela.
Alguns lugares são mais propícios ao encalhe que outros. Litorais muito recortados, como o de Cape Cod, nos Estados Unidos, e praias com declives suaves tendem a confundir as baleias, cujo sonar não identifica onde o mar começa a ficar raso demais.
Uma hipótese controversa tenta explicar a freqüência de encalhes em lugares como a Nova Zelândia. Ela diz que os cetáceos se orientam pelo campo magnético terrestre, e onde suas linhas convergem e sofrem distorções, as baleias se confundem mais facilmente. As praias neozelandesas seriam um destes lugares.
No Brasil o Centro Nacional de Pesquisa, Conservação e Manejo de Mamíferos Aquáticos do governo federal reunirá mais de 30 instituições para formar uma Rede de Encalhe de Mamíferos Aquáticos da Região Sudeste para trocar informações sobre encalhes de baleias e golfinhos na costa dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Ela vai se unir a redes semelhantes no Sul e Nordeste, e os pesquisadores esperam em breve formar uma rede nacional, que poderá centralizar as informações de encalhes em todo o país e padronizar o atendimento aos animais encalhados.
Caso semelhante na praia de Immingham Docks, no leste da Inglaterra
Caso semelhante na praia de Immingham Docks, no leste da Inglaterra
Uma equipe de resgate conseguiu desencalhar, e devolver para a mãe, um filhote de baleia preso na lama na praia de Immingham Docks, no leste da Inglaterra. A operação durou sete horas e foi cercada de tensão.
O animal estava com cerca de dois terços do corpo sob a lama, e a maré, que subia, ameaçava cobrir de água o orifício de respiração do filhote, o que causaria seu afogamento. Cerca de 50 bombeiros, salva-vidas e especialistas participaram do resgate.
Por meio de grande esforço, a baleia bebê conseguiu se liberar e nadar, de volta com a mãe, para o Mar do Norte.
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