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terça-feira, 15 de maio de 2012

Especialistas defendem estudos integrados para compreender a Amazônia


Prof. Paulo Artaxo (IF-USP)

  • Contribuições da arqueologia e da física marcam o segundo encontro do módulo

Com a presença do arqueólogo Eduardo Góes Neves e o físico Paulo Artaxo o segundo encontro do módulo “Descobrir a Amazônia, Descobrir-se Repórter” do projeto Repórter do Futuro proporcionou espaço para a compreensão da Amazônia e seu alcance global. Artaxo ressalta: “A Amazônia não pode ser estudada deslocada do resto do mundo. É necessário integrar as pesquisas”.

Para os palestrantes o Brasil conta com uma legislação eficiente, o que falta são medidas de fiscalização e regulamentação. Neves é otimista ao apresentar o cenário de crescimento da oferta de trabalho no campo da arqueologia. “A lei 3924 da Constituição Federal garante a defesa do patrimônio cultural da União. Toda grande construção precisa contar com o trabalho de uma equipe de arqueólogos. E em tempos de desenvolvimento do país estas grandes construções são frequentes.”

Em tempos de desenvolvimento, é necessário lembrar que o Brasil firmou, durante o Encontro em Copenhagen – COP15, acordo para redução do desmatamento. Segundo Paulo Artaxo os avanços estão sendo positivos e há chances do Brasil conseguir reduzir em mais de 80% o índice de desmatamento da Amazônia, mas alerta: “Não podemos prever o futuro e se o Novo Código Florestal for aprovado na íntegra há grandes chances deste índice não ser alcançado. Não precisamos de novas leis, precisamos que as atuais sejam aplicadas e fiscalizadas”.

Atentos aos grandes projetos de desenvolvimento do país não deixaram de comentar obras como Belo Monte e Jirau. O arqueólogo lembra que a construção de Belo Monte movimentará quase e mesma quantidade de terra usada na construção do Canal do Panamá. Já Artaxo pontua que cabe à sociedade fazer a escolha pela matriz energética que mais lhe convém. Hidrelétricas tem os custos mais reduzidos, mas as matrizes eólicas e solares estão se tornando cada vez mais acessíveis. Artaxo defende o incentivo à estas novas fontes de energia limpa na região Nordeste onde as condições climáticas são favoráveis e o uso destas matrizes ainda é escasso. Artaxo coordena o Programa de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA).

Ciente da necessidade de integração entre os diferentes campos de pesquisa, ele defende a interdisciplinaridade e a cooperação entre os estudos macro e micro. Para Artaxo, tanto estudos de satélites quanto estudos da fotossíntese de uma folha devem estar integrados. Assim como as queimadas no Sahara influenciam no aumento de fumaça e CO2 da Amazônia, também a ação de micro-organismos são peças essenciais na manutenção deste grande e complexo ecossistema. Artaxo também compreende que a Amazônia não atua em seu espaço restrito. Ela orienta seu próprio clima, mas sofre interferências diretas de mudanças naturais e humanas, bem como influencia a dinâmica de outros ecossistemas. Neves ressalta que a Amazônia vista pelos olhos da arqueologia é mais ampla do que consta em nossos mapas: “as fronteiras modernas não representam as fronteiras arqueológicas”. Para o aluno Rafael Persan a oportunidade de compreender a dimensão de influência da Amazônia foi ponto chave: “Não sabia que a Amazônia se organizava de forma tão interdependente”.

Neves é otimista com o avanço da arqueologia no Brasil e defende a criação de uma maior quantidade de cursos superiores na área bem como a qualificação destes cursos. “Com este aumento acelerado na formação de arqueólogos é necessária a regulamentação da profissão”, defende. Neves também aponta que para o trabalho do arqueólogo não ser uma atividade imposta às comunidades locais é necessária uma inserção do profissional em projetos de conscientização e educação. “A arqueologia não vai mudar o mundo, mas dá muitas lições sobre respeito à diversidade”. O arqueólogo defende uma maior interação entre poder público, arqueologia acadêmica e aquela que chama de arqueologia de mercado. Considera que a mercantilização da arqueologia deve ser analisada com cuidado, mas mantém o otimismo: “entre o copo meio cheio e o meio vazio, creio que estamos com o meio cheio”.


Fonte: Repórter do Futuro
Por Amanda Monteiro

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