- Inpa cataloga em publicação espécies nativas que podem ser encontradas nas feiras de Manaus (AM)
Quem já não foi a uma feira livre, deu de cara com uma fruta incomum, mas não arriscou experimentá-la por puro desconhecimento? E olha que os mercados regionais estão repletos delas... No caso da região amazônica, o problema está resolvido. O técnico especializado em sistemática de palmeiras e fruteiras nativas da Amazônia, da Coordenação de biodiversidade do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Afonso Rabelo, acaba de publicar o livro “Frutos Nativos da Amazônia comercializados nas feiras de Manaus-Am”.
Ou seja, diante de uma frase assim – “Tucumã, cupuaçu ou açaí? Tem pra todos os gostos e não custa caro viu freguês” – só não vai levar para casa um fruto diferente quem não quiser. Após dois anos de pesquisa, ele explana sobre 38 espécies diferentes de fruteiras nativas da Amazônia, catalogadas em 10 feiras livres na cidade de Manaus.
Para o processo de criação do livro foi necessário, primeiro, a caracterização botânica de cada espécie, onde foram destacados a descrição das plantas, hábito de crescimento, flores, folhas, frutos e sementes, além de exemplificar os principais usos, época da comercialização e preços dos frutos nas feiras, retratados em aproximadamente 600 fotografias.
Com linguagem simples e objetiva, para que possa ser usado pela sociedade, o livro, segundo o autor, servirá também de fonte de consultas para “trabalhos voltados para pesquisas que visam, especialmente, à incorporação das fruteiras nativas em sistemas agroecológicos e no agronegócio, na criação de leis para proteção de fruteiras raras presentes em fragmentos florestais urbanos e para socialização do conhecimento científico”.
Afonso Rabelo explica que a maioria das fruteiras nativas da região não apresentam potencial florestal madeireiro. Elas produzem frutos com qualidades e sabores bastante variados, com paladar aprazível. “Em geral, os frutos são consumidos na forma in natura, mas determinadas espécies apresentam frutos com potencial para uso na culinária e na agroindústria. Entretanto, pouco se sabe sobre a comercialização desses frutos nas feiras livres da cidade de Manaus”, complementou.
Produto escasso
Rabelo contou que alguns frutos oriundos do extrativismo estão cada vez mais escassos nas feiras livres da cidade de Manaus, dentre eles destacam-se: Piquiá (Caryocar villosum (Aubl.) Pers.), Pajurá (Couepia bracteosa Benth), Sorvinha (Couma utilis (Mart.) Müll. Arg.), Uxi (Endopleura uchi (Huber) Cuatrec.), Jatobá (Hymenaea courbaril L.), Bacaba (Oenocarpus bacaba Martius), Patauá (Oenocarpus bataua Martius) e Sapota-do-Solimões (Quararibea cordata (Bonpl.) Vischer), em decorrência dos desmatamentos provocado para abertura de estradas, expansão agropecuária e desenvolvimento sócio-econômico, próximo das zonas urbanas.
De acordo com as pesquisas feitas para a elaboração do livro, essa perspectiva tem causado preocupação nos ambientalistas em relação à preservação das fruteiras no seu habitat natural.
“Atualmente as espécies de Castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa Bonpl.), Jatobá (Hymenaea courbaril L.) e Piquiá (Caryocar villosum (Aubl.) Pers.), sofrem com grande perda de variabilidade genética (seleção de variedades com formação de frutos grandes e nutritivos e plantas com crescimento rápido, resistentes a pragas e doenças), decorrente da supressão para retirada de madeira de excelente qualidade, prejudicando, sobretudo, futuros programas de melhoramentos genéticos dessas espécies”, ressaltou.
O técnico explica que a expectativa é de que a obra possa auxiliar na educação e no resgate da cultura regional: “Espero que os conhecimentos desse livro possam ser propagados, sobretudo, nas escolas de ensino fundamental, médio e universitário e, que os frutos possam ser mais valorizados, visando resgatar os costumes da cultura amazonense, especialmente dos manauaras, pelo consumo de frutas nativas, respeitando essencialmente, os conhecimentos, tradições e costumes das populações tradicionais da Amazônia”.
Além disso, destacou que é necessário desenvolver tecnologias por meio de pesquisas científicas inovadoras com o objetivo de aumentar a utilidade, conservação e agregação de valores econômicos aos subprodutos dos frutos, para serem comercializados, acreditando que os frutos amazônicos são um grande argumento para a manutenção da floresta em pé.
A obra publicada pela Editora Inpa pode ser adquirida no valor de R$ 50,00 na livraria da editora, nas dependências do Instituto (Avenida André Araújo, 2936, Aleixo, Manaus-Am). Também pode ser encomendada pelo telefone (92) 3643-3223. Informações adicionais sobre a obra podem ser encontradas no endereço http://frutasnativasdaamazonia.blogspot.com/.
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