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terça-feira, 20 de setembro de 2011

O Projeto Golfinho Rotador completa 21 anos em Fernando de Noronha


O Golfinho-rotador (Stenella longirostris), ou golfinho-fiandeiro-de-bico-comprido, é um golfinho oceânico, encontrado especialmente em águas tropicais e subtropicais. A espécie possui um bico longo e fino, com a porção distal preta. Seu dorso é mais escuro que seu ventre. Esses animais executam saltos em forma de pirueta, girando várias vezes em torno do eixo do corpo antes de retornar à água, razão do nome popular. Os Golfinhos Rotadores atingem em média 1,90 m. de comprimento. Sua grande agilidade deriva, em parte, de seu formato hidrodinâmico e de uma pele oleosa que reduz drasticamente o atrito com a água. Isso permite que os golfinhos alcançem a velocidade necessária para realizarem seus saltos e piruetas.


A Baía dos Golfinhos

A Baía dos Golfinhos é localizada num lugar estratégico: o arquipélago de Fernando de Noronha e é um verdadeiro oásis para estes graciosos animais. É um dos poucos lugares visitados pelos Golfinhos rotineiramente, pois a maioria deles passa a vida toda longe da costa. Os grupos que vão a Baía para descansar, se divertir e se reproduzir quase nunca é formado pelos mesmos indivíduos por mais de dois dias consecutivos. Os Golfinhos Rotadores nadam até a Baía há centenas ou talvez milhares de anos.

Localizada na extremidade oeste do Mar de Dentro, é uma enseada de águas mais calmas, transparentes e profundas do Arquipélago. Possui encostas íngremes e pedregosas e não apresenta praias de areias, só praias de seixos rolados ou o mar chega direto no penhasco. A profundidade da Baía vai de 0 a 25 metros, sendo em torno de 15 metros no meio. No fundo, predominam areias vulcânicas com rochas dispersas.

Não existe nenhum riacho ou córrego de água chegando à enseada, toda a água pluvial é carreada para a Baía do Sancho, situada a nordeste. As correntes internas na enseada são mínimas e  correm no sentido sudoeste.


Acesso ao Mirante dos Golfinhos é feito por uma trilha de 1 km, a partir do estacionamento da Baía do Sancho. A continuação da trilha dos Golfinhos a Baía do Sancho, possibilita a observação dos ninhais de aves marinhas das encostas das baías.




O Projeto Golfinho Rotador, criado em 1990, é resultante da parceria do Centro Mamíferos Aquáticos, um centro de fauna especializado do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade / Ministério do Meio Ambiente, com o Centro Golfinho Rotador, uma organização não governamental socioambiental de Fernando de Noronha, e com a Petrobras, o patrocinador oficial.


A missão do Projeto Golfinho Rotador é utilizar a pesquisa científica sobre os golfinhos, para preservar seu comportamento natural, conservar Fernando de Noronha, promover um programa de Educação Ambiental e fornecer subsídios para o desenvolvimento sustentável de Fernando de Noronha.




Os objetivos do Projeto Golfinho Rotador são:

  • Conscientizar a comunidade noronhense para a preservação ambiental, gerando multiplicadores ambientais entre os futuros prestadores de serviços turísticos;
  • Capacitar adolescentes ilhéus para trabalharem com ecoturismo;   
  • Fornecer subsídios ao desenvolvimento de uma sociedade sustentável em F. de Noronha;
  • Melhorar a qualidade dos serviços em ecoturismo oferecidos em Fernando de Noronha;
  • Estudar a história natural dos golfinhos em Fernando de Noronha;
  • Estudar a interação dos golfinhos com o turismo náutico;
  • Propor normas de preservação dos golfinhos-rotadores às autoridades competentes;
  • Propor e participar de ações que visem a conservação ambiental de Fernando de Noronha.
O Projeto Golfinho Rotador compreende dois programas simultâneos e inter-relacionados: Pesquisa e Educação Ambiental.

Monitoramento da Baía dos Golfinhos

PGR pesquisa Obs Barco

PGR pesquisa Obs Mirante dos Golfinhos 1

A história natural dos golfinhos-rotadores é estudada por intermédio de observações com binóculos, no Mirante dos Golfinhos, e subaquáticas em mergulho livre, no interior da Baía dos Golfinhos e em outras áreas do Arquipélago, por meio de observações naturalísticas do comportamento, com registros gráficos, fotográficos e videográficos.

Mergulho na Baia 

Os mergulhos livres

Entre janeiro de 1991 e 23 de agosto de 2011, foram realizados 1.278 mergulhos com golfinhos, totalizando 610 horas de observação subaquática dos rotadores em Fernando de Noronha. As observações em mergulho em sua grande maioria (75%) ocorreram dentro da Baía dos Golfinhos ou na Entre Ilhas. Em 80% do tempo de mergulho foi observado diretamente os golfinhos dentro d´água. Também foram realizadas 52 horas de filmagens e tiradas cerca 60 mil fotografias dos golfinhos-rotadores e de seus comportamentos em Fernando de Noronha.

Esta etapa consiste no registro da ocupação dos golfinhos-rotadores na Baía dos Golfinhos, quantificada pela presença/ausência, freqüência e tempo de permanência deles na enseada. A flutuação dessa ocupação é relacionada a parâmetros ambientais (pluviosidade, direção e velocidade do vento e agitação do mar) e antrópicos (números de passeios de barco).

Catalogação dos Golfinhos


Os golfinhos são catalogados e individualizados em função do sexo, classe etária e marcas naturais. Os registros são feitos com uso de fotografia e vídeo, obtidos em mergulho livre e a bordo de barcos.
A análise das avistagens e re-avistagens dos golfinhos catalogados possibilita definir a estrutura social dos agrupamentos, determinar a freqüência com que cada golfinho ocupa a Baía e estimar o tamanho da população de golfinhos-rotadores em Fernando de Noronha.




Essa etapa consiste na investigação da interação dos rotadores com o turismo, por intermédio da análise das respostas comportamentais dos golfinhos à presença e à proximidade de embarcações.

De acordo com nossa hipótese, os rotadores de Noronha vivem na Cadeia de Montanhas Submarina de Fernando de Noronha. Uma área com forma retangular com as seguintes posições: o Monte Submarino 379 (coordenadas geográficas: 4º10'Sul e 32º00'Oeste), distante 58 km a sudestede Fernando de Noronha é a extremidade oeste desta área; o Atol das Rocas (3°50' Sul e 33°50'Oeste), 159 km a leste de Noronha é o centro; o Banco Sírius (4º00' Sul e 36º00' Oeste), localizado a 400 km de Noronha, é a extremidade leste; a borda do prolongamento da Plataforma Continental defronte ao Cabo do Calcanhar (5º00'Norte e 35º00'Oeste), no Estado do Rio Grande do Norte, é a localização mais próxima do continente, estando distante 316 km de Fernando de Noronha

Nos 4.725 dias em que foi possível contar os golfinhos entrando na enseada, a frequência máxima diária oscilou entre 2 e 2.046 indivíduos, com média diária de 335,25 e desvio padrão (DP) de 227,47.

Nos 3.193 dias em que foi possível definir o tempo de permanência dos golfinhos na enseada, os valores variaram de 1 minuto até 12 horas e 45 minutos, com média de 5 horas e 44 minutos e desvio padrão de 3 horas e 35 minutos.

 Os rotadores só foram observados dentro da Baía dos Golfinhos durante o dia. Nas 75 ocasiões em que foram realizadas observações noturnas na Baía dos Golfinhos, em noites de lua cheia, não foi encontrado nenhum rotador na enseada.

Spinner dolphin jumping.JPGA Baía de Santo Antônio/Entre Ilhas passou a ser o local do Arquipélago de Fernando de Noronha preferido pelos rotadores para descansar, enquanto diminuiu o tempo de permanência destes cetáceos na Baía dos Golfinhos.

Nas duas áreas de maior concentração e frequência de Stenella longirostris no Arquipélago de Fernando de Noronha, a Baía dos Golfinhos e Entre Ilhas, notou-se que os rotadores desenvolviam comportamentos vitais para seu ciclo biológico, com exceção de alimentação. Eles foram vistos descansando, em atividades sexuais, cuidando dos filhotes, de guarda ás ameaças, se comunicando, sendo infectados por agentes patogênicos e interagindo com outras espécies animais. O comportamento de alimentação dos rotadores, que nunca foi observado na Baía dos Golfinhos ou na Entre Ilha, normalmente ocorre no Mar de Fora.


Visão geral dos comportamentos dos rotadores de Noronha:

A estratégia sexual dos rotadores de Noronha resulta em uma estrutura social muito fluída, na qual inexiste a figura paterna, os laços familiares são derivações da relação mãe-filho e irmã-irmã.
Segundo esses laços, os golfinhos agrupam-se em unidades familiares, sobre as quais se associam os machos adultos, que flutuam entre as diferentes células familiares.


O sistema de comunicação aéreo foi composto por diversos padrões de saltos e batidas com partes do corpo na superfície do mar, as quais produziam turbulências características quando o golfinho reentrava na água. É muito evidente a flutuação horária do grau de agitação dos rotadores na Baía dos Golfinhos ao longo do dia, em função do número de golfinhos na Baía, hora de chegada dos animais e número de grupos que chegaram.


Observamos em Fernando de Noronha que alguns comportamentos específicos são executados preferencialmente por machos adultos, o que, para animais que tem estrutura social complexa como os rotadores, são definidos como atividades de proteção, realizadas pelos indivíduos que estão “de guarda” protegendo o grupo de ameaças , enquanto que os demais indivíduos podem se dedicar a outras atividades, como descanso, reprodução e cuidado parental. Estes comportamentos classificados por nós de guarda são: enfrentar tubarões, acompanhar embarcações, cercar mergulhadores e executar atividades aéreas.

Os rotadores que estão de guarda são os líderes do momento, que, quando deixam de estar de guarda executam outro comportamento, como descanso, deixando de ser líder. Neste momento, provavelmente outro rotador vai ficar de guarda e assumir a liderança. Sendo por isto, a liderança temporária e compartilhada.


Os golfinhos-rotadores apresentaram um complexo comportamento social, com vários sistemas de comunicação, como visual, tátil, químico-sensorial, acústicos e por atividade aérea. São estes dois últimos que conseguimos estudar em Noronha.

O Projeto Golfinho Rotador recebe por ano cerca de 10 voluntários de todo o Brasil. São estudantes ou recém-formados em cursos de Biologia, Oceanografia e Medicina Veterinária.

Curiosidade

Em 2003, para comemorar os 500 anos do descobrimento oficial de Fernando de Noronha, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos lançou o Selo Golfinhos do Brasil, com uma imagem holográfica e um encarte com texto e fotos dos golfinhos-rotadores de Fernando de Noronha.



Código de comercialização: 852100523

Os pedidos também poderão ser endereçados à Agência de Vendas a Distância - A v . P r e s i d e n t e Vargas, 3.077 - 23º andar 20210-973 - Rio de Janeiro/RJ - telefones: 21 2503 8095/8096; Fax: 21 2503 8638; e-mail: centralvendas@correios.com.br.


ACENDEU A LUZ VERMELHA


Apesar desse trabalho do Projeto Golfinho Rotador, o turismo náutico tem impactado no deslocamento dos rotadores para uma nova área: a Baía de Santo Antônio e Entre Ilhas. 

Entre 1991 e 2005, os golfinhos ocupavam a Entre Ilhas em 30% dos dias do ano; enquanto que em 2006 e 2007, essa frequência passou a ser de 50% dos dias do ano. 

Em 2008 e 2009, esse percentual subiu ainda mais: 90% dos dias. 

Em 2010 e 2005, já temos golfinhos-rotadores descansando na região”Entre Ilhas” em 95% dos dias, enquanto que na Baía dos Golfinhos, o tempo de permanência caiu para menos de 3 horas por dia em média, contra 8 horas nos primeiros 10 anos do Projeto Golfinho Rotador. “Esse é um primeiro alerta de que os rotadores podem ir embora de Fernando de Noronha. Se não fosse o Projeto Golfinho Rotador, que protege essa população, os rotadores já teriam saído da Ilha”, diz José Martins.

Observou-se uma clara diminuição do tempo de permanência dos rotadores na Baía dos Golfinhos ao longo dos anos de estudo, principalmente a partir de 2003. Diminuição esta com correlação negativa (r=-0,120; p=0,005) com o tráfego de embarcações de turismo defronte à enseada, principalmente decorrente do tráfego de barcos de turismo em dias que Fernando de Noronha é visitado por cruzeiros turísticos.

Com a perspectiva de um novo navio maior, Ocean Dream, com capacidade para 1350 passageiros,
os impactos sobre os golfinhos certamente aumentarão.

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