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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Um amigo nervoso - Biologia e comportamento de vespas sociais


Marimbondo



Descrição:

Biologia e comportamento da Polistes lanio (Hymenoptera, Vespidae)

Entre outubro de 1985 e abril de 1990 foram estudados 145 ninhos do “marimbondo cavalo”, Polistes lanio nos municípios de Rio Claro e Piracicaba, SP.O ciclo colonial desta vespa tem duração bastante variável (117 a 928 dias) e não foi observada relação de sazonalidade quanto às épocas de fundação, atividade da colônia e abandono dos ninhos (Giannotti & Machado, 1994a). A espécie nidificou preferencialmente em edificações humanas e seus ninhos podem ser simples ou polidômicos (60,3% das colônias construíram ninhos com 2 a 16 favos próximos entre si). 

Os ninhos possuem um pedúnculo central e o favo é paralelo ao substrato, com no máximo 283 células e até 5 reutilizações de cada uma. Todas as colônias que tiveram sucesso foram iniciadas por uma associação de 2 até 29 fundadoras (as iniciadas por haplometrose não tiveram sucesso). Colônias com ninhos polidômicos foram mais produtivas que as com ninhos simples quanto ao tempo de duração, células construídas, adultos produzidos, reutilizações de células, adultos/célula, adultos/dia e células/dia. A razão entre o número de imaturos e de adultos aumentou durante o estágio de pré-emergência devido ao crescimento do ninho e à diminuição do número de fêmeas fundadoras, por morte ou abandono do ninho, tornando crítico este período inicial das colônias. No estágio de pós-emergência, nos ninhos polidômicos, foi observada uma melhor distribuição de trabalho das vespas em relação aos cuidados com os imaturos do que nos ninhos simples. No estágio de declínio houve um decréscimo da relação prole/adultos devido a diminuição das posturas e canibalismo da cria. 


O tempo de incubação dos ovos foi de 20,8 dias, a duração das larvas de 40,6 dias, das pupas 22,6 dias e o tempo total, do ovo ao adulto, de 87,3 dias, havendo variação de acordo com a estação do ano (Giannotti & Machado, 1994b). As larvas apresentam cinco ínstares larvais (Giannotti, 1995). A longevidade da fêmea dominante foi de 209,1 dias e das subordinadas 28,3 dias, sendo que, a partir dos 6 dias de idade houve um aumento da mortalidade devido ao início da atividade forrageadora. Os machos permanecem no ninho por 10,5 dias (Giannotti & Machado, 1994c). 

Foram observadas diferenças marcantes na atividade forrageadora quando se considerou uma longa estação úmida e quente e outra fria e seca, mais curta, sugerindo uma forma de ajuste metabólico às mudanças sazonais de temperatura e umidade relativa do ar. A maior parte do material coletado pelas vespas durante a atividade diurna, no decorrer das estações foi o néctar, que é um alimento utilizado pelos adultos e larvas. As forrageadoras não se especializam em determinados tipos de coleta, de forma que, o mesmo indivíduo pode coletar mais de um tipo de material. Devido à ocorrência de várias colônias ativas durante todo o ano e ao fato de ser um inimigo natural generalista de pragas agrícolas, pode-se considerar esta espécie como um potencial agente de controle biológico (Giannotti et al.1995)

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Foram identificados 28 tipos diferentes de comportamento, sendo que, as fêmeas dominantes apresentaram um repertório comportamental de 14 itens e as subordinadas de 22. Iniciar células novas e ovipositar foram comportamentos exclusivos da fêmea dominante e esta permaneceu nas células por mais tempo, forrageando muito pouco em relação às subordinadas. Ambas as castas permaneceram em repouso a maior parte do tempo (Giannotti & Machado, 1999). 

Entre as operárias, ocorreu polietismo de idade em relação à atividade forrageadora (que aumentou de intensidade com o passar do tempo) e permanência em repouso no ninho, havendo grande plasticidade comportamental, de acordo com as necessidades da colônia (Giannotti & Machado, 1994c). Não houve diferença significativas de tamanho entre fêmeas dominantes e subordinadas, nem entre as fêmeas no decorrer do ciclo biológico (Giannotti & Machado, 1997). Foram verificados 5 padrões diferentes de desenvolvimento ovariano nas fêmeas, sendo que, as que apresentavam ovários bem desenvolvido muito desenvolvido eram fêmeas dominantes, poedeiras. Foram encontradas fêmeas fecundadas com todos os padrões de desenvolvimento ovariano. Em pelo menos algum momento do ciclo colonial, houve mais de uma fêmea fecundada nas colônias polidômicas e foram observadas posturas de mais de uma fêmea em 3 casos, neste tipo de ninho (Giannotti & Machado, 1999). 


A substituição da fêmea dominante, quando de sua morte, sempre ocorreu por uma filha da colônia, na maioria das vezes a mais velha e/ou a mais apta reprodutivamente. Nessa ocasião ocorreu interrupção do crescimento do ninho e aparecimento de células vazias (Giannotti & Machado, 1997). 

Pode haver associação de fêmeas estranhas em colônias já estabelecidas. Mais da metade das colônias foram parasitadas por microhimenópteros, sempre no estágio de declínio colonial. Não foram observadas épocas determinadas de produção de machos, podendo haver possibilidade de acasalamento em qualquer época do ano numa população. Apesar de permanecer mais tempo inativo no ninho, o macho pode contribuir com algumas tarefas da colônia (Giannotti, 2004). 


O ciclo biológico de Polistes lanio pode seguir 3 padrões básicos: (A) a construção do ninho com único favo, com uma fêmea poedeira durante toda a existência da colônia, como as demais espécies do gênero; (B) a construção do ninho com dois favos sucessivos, com uma fêmea poedeira longo do ciclo, que apresenta duração maior e (C) a construção do ninho com favos múltiplos (polidômico) simultaneamente, decorrente do aumento do número de adultos e da competição reprodutiva entre as fêmeas poedeiras, em virtude do primeiro favo ter atingido seu limite de crescimento.


Biologia e Organização Social de Mischocyttarus cerberus styx (Hymenoptera: Vespidae)


Mischocyttarus cerberus styx é uma vespa eussocial primitiva, sem distinção de castas, cujas colônias de fundação independente, tipicamente monogínicas, possuem ciclo biológico anual, parcialmente assincrônico em relação às estações do ano: ocorreram mensalmente fundações, abandonos, estágios de pré e pós-emergência porém, o estágio de declínio e a produção de formas reprodutivas foram restritos a alguns meses do ano. 

Todos os 31 ninhos observados no Horto Florestal "Navarro de Andrade", em Rio Claro, SP, no período de 15/02/91 a 08/06/93, foram construídos em troncos ou galhos de árvores (cerca de metade das espécies eram da família Leguminosae), geralmente voltados em direção ao lago e à uma área de vegetação rasteira, donde obtinham água e alimento (néctar e insetos presas). A população estudada sofreu uma diminuição no número de adultos e imaturos, durante o outono e inverno, em decorrência das condições climáticas e da conseqüente escassez de alimentos. 

M cerberus Horto

Neste período, ocorreu também um significativo aumento na duração dos estágios de ovo, larva e pupa das colônias, provavelmente devido ao baixo metabolismo. Um quarto das colônias observadas abandonaram seus ninhos em decorrência da infestação de moscas parasitóides (Diptera: Phoridae). Os abandonos naturais podem ser causados (entre outros fatores) em decorrência de uma sobrecarga excessiva da taxa de imaturos/fêmeas adultas, no subestágio pós-macho (fase reprodutiva), levando as colônias ao declínio e, consequentemente, ao abandono (Giannotti, 1998, 1999b).



A longevidade dos adultos foi diretamente afetada pelo início de sua atividade forrageadora, que se dá na primeira semana de vida. O desgaste fisiológico desta atividade, a exposição às intempéries e predadores (principalmente aranhas de teia) e uma possível desorientação espacial em relação ao local do ninho podem ter ocasionado uma alta taxa de mortalidade às operárias que duraram em média apenas duas semanas. 

A divisão de castas é comportamental, de forma que a rainha, bastante ativa em relação a outros vespídeos sociais, efetuou as posturas, várias tarefas intra-nidais e, inclusive, atividade forrageadora; enquanto que as operárias passavam cerca de 60% do tempo forrageando e, no restante, efetuando tarefas no ninho. As colônias de M. cerberus styx se mantêm muito pequenas ao longo de seu ciclo biológico, de forma que a divisão de trabalho dessas vespas é caracterizada por uma vantajosa plasticidade comportamental, de forma que, qualquer vespa, independente da idade ou posição hierárquica, possa executar as mais diversas tarefas na colônia (Giannotti, 1999a).





 Prof. Dr. Edilberto Giannotti
Departamento de Zoologia - Instituto de Biociências
UNESP

Endereço do Departamento

Avenida 24-A, 1515 Bela Vista
CEP 13506-900
Rio Claro - SP
TEL: (19) 3526-4285
PABX: (19) 3526-4300

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