A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Universidade do Mississípi, dos Estados Unidos, trabalham juntas para estabelecer normas de cultivo de plantas medicinais e ampliar a produção de fitoterápicos "de qualidade".
"Vamos trabalhar no processamento de plantas medicinais e desenvolver métodos para autenticar e padronizar os fitoterápicos, além de fornecer dados de manejo adequado", adiantou o investigador Flávio Pimentel, da Embrapa Agroindústria Tropical de Fortaleza, Ceará.
O acordo de cooperação entre as instituições contempla o aproveitamento das potencialidades dos ecossistemas de cerrado e da caatinga do nordeste do Brasil –, uma área de plantas naturais como espinheira santa, guaco, Quebra pedra, carqueja, fáfia, aroeira, copaíba, unha-de-vaca, barbatimão, catuaba e unha-de-gato, entre outras.
"Os extratos das plantas brasileiras também serão testados na agricultura como bio-defensivos", referiu Flávio Pimentel.
A ideia é criar um viveiro de espécies nativas e estabelecer uma rede com informações sobre recursos genéticos das plantas da região.
Colheita e autenticação "Cientistas já identificaram que áreas de 'tensão ecológica' têm grande potencial para a diversidade química, se forem comparadas com ecossistemas homogêneos", justificou Flávio Pimentel. Segundo o diretor do Centro Nacional de Pesquisa de Produtos Naturais, da Universidade do Mississipi, Larry Walker, existem entre 50 mil e 70 mil plantas medicinais e aromáticas no mundo, mas a maioria ainda é desconhecida.
Segundo o pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical, Flávio Pimentel, cientistas já identificaram que as áreas de fronteira do Cerrado, por serem regiões de “tensão ecológica”, possuem grande potencial para a diversidade química, se comparadas com ecossistemas homogêneos. Ele salienta que 52% dos fármacos comercializados hoje são derivados de produtos naturais, ou cujos derivados serviram de molde para sua síntese ou semi-síntese. “Se considerarmos os produtos anticâncer o número chega a 60% dos fármacos utilizados em quimioterapia”, informa.
A proposta de trabalho inclui a colheita e autenticação das plantas medicinais usadas no Brasil, o isolamento dos marcadores químicos e o desenvolvimento de métodos analíticos. "Há muitos produtos que têm o mesmo nome e composições químicas diferentes", observou Flávio Pimentel.
No Brasil, a expectativa é diminuir a importação de matérias-primas para a produção de fitoterápicos, "com foco principalmente nas plantas que já estão na lista do Sistema Único de Saúde (SUS)". Para os Estados Unidos, o acordo possibilita a ajuda da Embrapa no desenvolvimento de protocolos analíticos de padronização das plantas medicinais de origem brasileira comercializadas naquele país, facilitando a identificação correta, informou Flávio Pimentel.
- Convênio entre Brasil e Estados Unidos busca avanços em pesquisas com fitoterápicos se estende até 2013
Ampliar a base de conhecimentos para a produção de fitoterápicos de qualidade e descobrir novos agroquímicos e fármacos das reservas naturais do Cerrado e da Caatinga. Estes são os principais objetivos do convênio assinado entre a Universidade do Mississipi (EUA) e a Embrapa.
A discussão sobre ações e cronograma do projeto aconteceu na sede da Embrapa Agroindústria Tropical, em Fortaleza (CE) – coordenadora das ações no Brasil - e com a participação de representantes da Universidade do Mississipi e das outras duas Unidades da Embrapa participantes – Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna-SP) e Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília-DF). O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos também irá participar dos estudos.
A parceria proporciona a produção de fitoterápicos de qualidade. “Uma das razões para o pouco uso das plantas medicinais como terapia no Brasil é a falta de estudos sobre a segurança no uso dos fitoterápicos e a baixa qualidade dos produtos no mercado, além da alta variabilidade entre produtos de uma mesma espécie.”A partir deste projeto, será possível desenvolver métodos para autenticar e padronizar os fitoterápicos, além de fornecer dados de manejo adequado”. Pimentel acredita que, tomando medidas para estabelecer normas de cultivo e processamento das plantas medicinais, a qualidade dos fitoterápicos vai melhorar, e poderão ser usados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), barateando o custo de várias terapias.
O projeto prevê a formação de uma rede com informações sobre recursos genéticos das plantas medicinais do Cerrado e da Caatinga, bem como a criação de um viveiro de espécies nativas. Também será feita coleta e autenticação das plantas medicinais usadas no Brasil, bem como isolamento dos marcadores químicos e o desenvolvimento de métodos analíticos. Os extratos serão testados para diferentes atividades biológicas, seja para uso na agricultura (como biodefensivos), ou como fármacos.
De acordo com o pesquisador, de maneira geral os produtos naturais não são uniformes e são comercializados de diferentes formas – como extratos, cápsulas, dentre outros – e podem conter diversos componentes químicos com atividades biológicas variáveis após a ingestão. Por isso, o isolamento de genes específicos ou marcadores químicos e o desenvolvimento de métodos analíticos são ferramentas importantes para o controle de qualidade e para identificar as espécies que contêm metabólitos de interesse. “Produtos sem controle de qualidade ou padrão e prometendo curas milagrosas são inseguros e podem ter efeitos tóxicos e interações com outros medicamentos desconhecidos à comunidade médica”, alerta Pimentel.
Durante a vigência do convênio – que se estende até 2013, com recursos da ordem de US$ 2 milhões – Espinheira Santa, Guaco, Quebra Pedra, Carqueja, Fáfia, Aroeira, Copaíba, Unha de Vaca, Barbatimão, Catuaba e Unha de Gato serão algumas das espécies autenticadas.
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