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terça-feira, 7 de junho de 2011

Rios Voadores existem, e Gérard Moss voa junto com eles

 Apaixonado pelo meio ambiente, Gérard Moss em ação 

“O Brasil é o país das águas”. A frase proferida por Gérard Moss sai dele recheada de experiência. Engenheiro apaixonado por meio ambiente, ele pesquisou a fundo os Rios Voadores, cursos de água atmosféricos, invisíveis e pouco conhecidos, que passam sobre nossas cabeças (conheça o projeto). São rios enormes, feitos de vapor de água, vindos da Amazônia e empurrados pelo vento. Eles trazem para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul a umidade que foi devolvida à atmosfera pelas árvores da floresta. O volume de vapor de água transportado pode ser maior que a vazão de todos os rios do centro-oeste e ter a mesma ordem de grandeza da vazão do rio Amazonas (200.000 m3/s). Com a ajuda da esposa, Margi Moss, responsável por registrar em fotos o fenômeno, Gérard pilotou um monomotor coletando amostras de água. Leia abaixo uma entrevista com Gérard Moss.

 
O que te chamou atenção para os Rios Voadores? 
A primeira vez que ouvi falar deles foi na palestra do Dr. António Nobre durante um simpósio em Manaus, em 2006. Fiquei impressionado tanto pelo fenômeno como pelo lindo nome!
Que tipo de informação você tinha sobre os Rios Voadores quando formatou o projeto? 
Formatei os detalhes do projeto após longas consultas com cientistas da área de pesquisas de isótopos (no CENA – USP/Piracicaba) e de meteorologia (CPTEC, INPE). São pessoas formidáveis como os professores Enéas Salati, Reinaldo Victoria, José Marengo, António Nobre e Pedro Dias, que trabalham há anos nesse assunto e que também estão preocupados com o futuro. “Qual será o impacto das mudanças climáticas sobre a floresta amazônica (levando em conta as surpreendentes secas de 2005 e 2010) e da constante derrubada das matas?” é uma das perguntas que nos fazemos.

 
Você já fazia algum tipo de pesquisa antes de pensar sobre o projeto?

Desde 2003, trabalhamos com o assunto "água". O Brasil é, antes de tudo, um país de águas. Aqui, estamos acostumados com a abundância, mas eu quis saber mais sobre a qualidade dessas águas. Idealizamos o projeto Brasil das Águas, justamente para fazer um retrato das águas e acabou sendo possível realizar também realizar o projeto Rios Voadores, graças ao apoio fiel do Programa Petrobras Ambiental. Então, em 2003 e 2004, usando um avião anfíbio para “roçar” a superfície da água, o projeto coletou amostras de 1.200 localidades em rios e lagos pelo Brasil afora. Para a parte científica, trabalhamos em parceria com várias instituições no Brasil - RJ, SP e MG - realizando as análises das amostras coletadas. Também um dos objetivos era chamar a atenção do público em geral para a crescente poluição das nossas águas. 
Projeto Rios Voadores: Ao alcançar o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, as massas de ar úmido podem se transformarem chuvas. 
 
Como é, na prática, a pesquisa sobre os Rios Voadores usando o monomotor? 
Aguardo o sinal verde dos nossos colaboradores no CPTEC que, com seus computadores avançadíssimos, sabem dar uma boa previsão sobre a ocorrência de um rio voador e a rota que vai seguir. Aí decolo, vou para a Amazônia e acompanho a trajetória daquela massa de ar até o Sudeste. 
Você é brasileiro? Qual é sua formação e relação com o meio ambiente? 
Não nasci no Brasil, mas sou naturalizado há muitos anos. Sou engenheiro de formação e trabalhei muitos anos no afretamento marítimo e há quase trinta anos também sou piloto privado. Minha relação com o meio ambiente é de paixão e, especialmente, de preocupação. Essa preocupação nasceu justamente devido aos voos de baixa altitude que fiz em todo o país, quando pude constatar com meus próprios olhos o estrago que está sendo feito. Desmatamento a largos passos, queimadas, rios assoreados, terras degradadas. Tudo isso acontece enquanto andamos no trenzinho da alegria rumo ao abismo, porque tudo isso vai ter um impacto a longo prazo.

  
Precisamos das florestas para gerar boa parte da umidade que eventualmente se transforma em chuva em algum lugar... Chuva que nos alimenta, na verdade, porque ela irriga de graça nossas plantações e ela enche nossas represas, que geram a energia para nossas casas e indústrias. Derrubar a floresta para colocar bois é um tiro no pé da nação.
Os voos no monomotor continuam acontecendo ou foi só para essa pesquisa especificamente?
Ainda estou fazendo voos de coleta de amostras de vapor de água com o monomotor, sim. Mas temos uma novidade, que é coletar amostras utilizando um balão a ar quente, o que nos permite voar lentamente acima da copa da floresta, bem baixinho, e coletar diretamente a umidade que a floresta joga de volta para a atmosfera. Fizemos essas coletas pela primeira vez há 10 dias. Mesmo nos meses mais secos, foi impressionante a quantidade de vapor de água coletada em 10 minutos de sobrevoo da floresta primária.
O Fenômeno dos Rios Voadores
 
O termo ‘rio voador’* descreve com um toque poético um fenômeno real que tem um impacto significante em nossas vidas.
Rios voadores são cursos de água atmosféricos, invisíveis, que passam em cima das nossas cabeças transportando umidade e vapor de água da bacia Amazônica para outras regiões do Brasil.
 


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