O The Times de Londres é mais do que um jornal. Virou instituição histórica, fundada no primeiro dia de 1785. Tiradentes ainda conspirava em Minas Gerais quando saiu o primeiro número. Beethoven tinha 14 anos de idade.
Por toda sua tradição ficou ainda mais importante seu editorial dessa quinta passada, 21 de fevereiro de 2013. O título: “Siga o dinheiro”.
Os dois primeiros parágrafos dão um retrato do vale-tudo de nossa época:
“Um anos atrás, caçadores sudaneses pesadamente armados e ligados à milícia Janjawid invadiram a república de Camarões e massacraram cerca de 450 elefantes. Foi o maior massacre desse tipo em décadas e o dinheiro gerado serviu para financiar o terrorismo”.
“No mês seguinte, um atirador solitário num helicóptero russo entrou na República Popular do Congo e matou pelo menos 15 elefantes, cada um com um tiro na cabeça. Suas presas foram avaliadas em 2 mil Libras (R$ 6.040) por quilo no mercado negro asiático (…)”
O editorial do The Times faz então uma firme defesa de uma ação internacional contra essa atividade imunda de sangue e que está levando ao extermínio puro e simples dos elefantes. “É entre os campos de morte da África e as butiques de Xangai que a corrupção e a falta de coordenação e decisão política estão levando os elefantes de volta ao abismo”.
A China como sempre faz seu papel de predador planetário sem qualquer vestígio de escrúpulo ou consciência. É na China que está a grande maioria dos novos ricos que compram as peças de marfim feitas com as presas dos elefantes mortos. Segundo o The Times, o preço dessas peças quintuplicou nas lojas chinesas.
Esse mercado funciona com a mais cruel das lógicas. Quanto mais raro um animal, mais caro fica seu produto. Quanto mais caro seu produto, mais valioso fica o animal. E quanto mais valioso o animal, mais ele é caçado. Os elefantes vão desaparecer da Terra se essa cadeia não for interrompida com firmeza. E o The Times tratou isso como uma questão de Estado, como trataria um genocídio ou uma guerra civil. E levanta uma questão para se pensar: por que não tratar o tráfico de animais com a mesma importância dada ao tráfico de drogas? Nesse sentido, o massacre de elefantes se torna muito mais trágico por ter consequências definitivas. Extinção, sabemos, é para sempre.
“Traficantes de marfim e drogas são geralmente o mesmo tipo de gente”, conclui o Times no seu editorial. “Chefes de sindicatos de crime arrancando lucros tipo cocaína de negociatas com marfim, com pouco risco. É tempo de identificar os (Pablos) Escobars desse tráfico detestável e saír à caça deles”.
Fonte:
DMP - Dagomir Marquezi Produções
http://dagomir.blogspot.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por participar!