- O Instituto de Pesquisas Ecológicas teve como primeiro projeto a conservação do mico-leão-preto e hoje oferece até MBA e mestrado
Em 2012, o Ipê – Instituto de Pesquisas Ecológicas completa 20 anos de trabalho reconhecido na área ambiental. Mas sua história começa bem antes disso, no final da década de 80, quando Claudio Padua e sua mulher, Suzana, resolvem recomeçar. Ele, administrador de empresas, convenceu a mulher, designer, a se mudar para o Pontal do Paranapanema, que fica no extremo oeste de São Paulo, para que pudessem realizar pesquisas com o mico-leão-preto, um dos primatas mais raros e ameaçados de extinção no mundo. Suzana enfrentou o medo e a insegurança e partiu para essa aventura que virou coisa séria. Em 1992, houve a fundação oficial e, hoje, a OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) conta com mais de 70 profissionais trabalhando em projetos espalhados por cinco regiões do Brasil.
“Claudio tinha 30 anos e estava infeliz. Ninguém levava a sério um administrador de empresas que queria trabalhar com conservação. Então, prestou vestibular para Biologia, cursou a faculdade e, depois, fez mestrado e doutorado nos Estados Unidos. Foi uma coragem muito grande. Achei que não fosse dar certo. Mas, quando nos mudamos para o Pontal do Paranapanema, para coletar dados sobre o mico-leão-preto, comecei a trabalhar com educação ambiental e me apaixonei. Apesar de formada em comunicação visual, também fiz mestrado e doutorado nessa área e, quando vimos, os estagiários que atraímos também já tinham formação e especialização e continuavam trabalhando com a gente nos projetos”, relembra Suzana, presidente do Ipê.
Claudio e Suzana: marido e mulher em prol da
natureza (Foto: Divulgação / Claudio Rossi)
O projeto de conservação do mico-leão-preto é até hoje uma das principais atividades do Ipê. Para mostrar a importância da espécie para os moradores da região, Suzana e sua equipe trabalham a conscientização de que o animal ajuda a manter viva outras espécies da Mata Atlântica e, dessa forma, as próprias pessoas. A imagem do mico-leão-da-cara-preta, típico de Ariri, que fica ao sul de São Paulo, também está sendo resgatada pelo instituto através desse trabalho de educação ambiental.
“A gente trabalha a autoestima das pessoas, mostrando que elas têm uma espécie que mais ninguém tem e que é preciso conservar o habitat para que ela não desapareça. Fazemos eventos, festivais de música e o mico entra sempre como símbolo. Assim, a gente conseguiu diminuir o índice de desmataento e devolver o orgulho às pessoas locais”, diz Suzana.
Em Nazaré Paulista, região importante no abastecimento de água, o escopo é o reflorestamento, a compensação de pegadas de empresas e a manutenção do meio ambiente junto à população. Fora de São Paulo, o Ipê realiza outros trabalhos importantes de educação ambiental. Um deles é na Amazônia, na região do baixo Rio Negro. Lá, as comunidades ribeirinhas estão aprendendo a tirar benefícios da floresta sem prejudicá-la. Projetos, encontros com outras comunidades mais bem-sucedidas são iniciativas que o Instituto de Pesquisas Ecológicas promovem:
“No Pantanal, há uma iniciativa de uma pesquisadora, Patricia Medici, que estuda antas e também faz trabalhos nas fazendas que são abertas à visitação turística. Ela mostra a importância da anta, que está em quase todos os biomas e também sofre ameaça.”
Preservação do mico-leão-preto: uma das ações do
Ipê (Foto: Divulgação / L.Cullen Jr.)
Como se pode ver, a educação ambiental é mesmo o objetivo maior do instituto, que hoje administra um curso de mestrado e um MBA em Ecologia. Claudio é vice-presidente do Ipê e reitor da Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade (ESCAS):
“Desde que voltamos dos Estados Unidos, queríamos oferecer mestrado na área de Biologia da Conservação. É uma área que trata a conservação com a complexidade que ela tem. É uma mescla de temas, um curso interdisciplinar por natureza. Faz uns cinco anos que conseguimos autorização da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) para oferecermos um mestrado profissional em Ecologia com esse foco interdisciplinar. Há uma disciplina chamada Seminários na qual os alunos aprendem como lidar com conflitos em comunidades, como trabalhar com a economia verde, e outros temas importantes. Nosso mestrado mescla teoria e pratica, social e ambiental. Com parceria com o Centro de Estudos em Administração do Terceiro Setor (Ceats), e Artemísia, o MBA tem a economia como foco.”
A equipe do Ipê - Instituto de Pesquisas Ecológicas reunida
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