Em Roraima há cerca de 4 mil cavalos lavradeiros,
também conhecidos como selvagens
Conhecer a fundo a genética do cavalo lavradeiro pode ser vantajoso para os criadores de equinos no futuro. Com isso, pesquisadores locais da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estão trabalhando para conservação genética do animal. A pesquisa é um trabalho do projeto “Plataforma de Recursos Genéticos de Animais”, que acontece em todo o Brasil, mas o trabalho com os chamados cavalos selvagens que vivem no lavrado ocorre apenas em Roraima.
Conforme a pesquisa, a genética do animal surgiu a partir de cavalos trazidos pelos portugueses no século 17. “Como as fazendas eram muito grandes e abertas, alguns desses animais viviam soltos e tiveram que se adaptar ao clima e à vida na savana”, explicou Paulo Sérgio Ribeiro, coordenador do projeto.
Ribeiro informou que atualmente em todo Estado há aproximadamente 4 mil cavalos lavradeiros, também conhecidos como selvagens. Eles estão distribuídos nas regiões do Uiramutã, Normandia, Amajari e áreas indígenas.
A diferença desses animais para os que são criados nas fazendas é que eles são pequenos, mais velozes e resistentes a doenças, além de serem violentos. É um animal rústico, que sobrevive sem medicamentos e sem vacinas. O cavalo lavradeiro é relativamente pequeno e adaptado a uma pastagem que tem período muito longo de seca.
Há mais de dois séculos nos campos de Roraima, o animal está adaptado à escassez de comida, aos períodos de seca e também para a época chuvosa. Quando os campos alagam, os cascos mesmo pequenos resistem à umidade. Ribeiro explicou que um animal sem essa adaptação ficaria com o casco mole e apareceriam feridas em suas patas.
Segundo o pesquisador, um exemplo da resistência dessa espécie é a alta incidência de anemia infecciosa equina em seu grupo. Entre os lavradeiros, o índice de incidência da anemia infecciosa é de 50%, mas, surpreendentemente, a maioria deles não apresenta os sintomas típicos da doença. Se a doença atinge os cavalos das fazendas, eles precisam ser sacrificados.
Fazendas criam animais puros para que eles sejam estudados
A Embrapa tem acordo com cinco produtores rurais do Município de Amajari, a 140 km de Boa Vista, que mantêm aproximadamente mil animais sem cruzamento com outras raças.
Os pesquisadores conservam 40 lavradeiros também sem cruzar, para estudar suas características genéticas. Para identificar os animais selecionados, eles recebem uma ferradura na coxa com o símbolo da Embrapa. Para o controle dos animais, por serem violentos, eles são laçados.
O coordenador explicou que com esse estudo os fazendeiros interessados em ter animais com as características do cavalo selvagem, mas mantendo o grande porte dos animais que vivem nas fazendas, podem fazer cruzamentos entre as raças. Com isso, podem gerar cavalos grandes, mas também velozes e resistentes a doenças como os selvagens.
Núcleo de Conservação de Cavalos Lavradeiros em Roraima
Os plantéis serão avaliados semestralmente quanto à incidência de parasitismo e impacto orgânico, com a coleta individual de fezes e de sangue para exames hematológicos. A ocorrência de outras enfermidades e desvios de comportamento, são monitorados diariamente.
Todos os animais do Núcleo de conservação receberão identificação individual para garantir as informações de campo. Todas as informações coletadas dos rebanhos serão sistematizadas para a formação de uma base de dados organizada pelo sistema de curadoria.
Com estas ações espera-se manter e gerir o Núcleo de Conservação de Cavalos Lavradeiros de modo a contribuir para a conservação deste importante insumo para a pesquisa agropecuária brasileira, no âmbito da Plataforma Nacional de Recursos Genéticos.
Objetivos:
Manter o Núcleo de Conservação de Cavalos Lavradeiros, realizando diagnóstico do efetivo populacional, caracterizando-os fenotipicamente e preservando sua variabilidade genética.
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