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sexta-feira, 29 de junho de 2012

Projeto tenta recuperar o palmito da Mata Atlântica


Fundação Boticário promove semeadura de palmeira-juçara


Um helicóptero da Polícia Militar foi utilizado na ação

Duas toneladas e meia de sementes de palmeira-juçara (ou de palmiteiro-juçara) foram espalhadas em junho na Reserva Natural Salto Morato, em Guaraqueçaba-PR, de propriedade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.

A iniciativa foi realizada em dois momentos, um pelo ar, com um helicóptero da Polícia Militar, que foi disponibilizado para a ação por meio de uma parceria entre a Fundação Grupo Boticário e o Batalhão da Polícia Ambiental do Paraná. No outro momento, um grupo de voluntários efetuou a semeadura por terra.

A ação de semeadura tem por objetivo contribuir para recuperar a população de palmeira-juçara (Euterpe edulis – Arecaceae) na Reserva. A região de Guaraqueçaba, no litoral do Paraná, é área natural de ocorrência da espécie, mas, assim como ocorre em toda a Mata Atlântica, o extrativismo predatório da palmeira para venda do seu principal produto, o palmito, levou a espécie a ser praticamente dizimada e incluída na lista oficial de espécies ameaçadas de extinção do Ministério do Meio Ambiente. Em 2011, foi realizado um estudo que confirmou a baixa densidade dessa planta também na área da Reserva Natural Salto Morato. “Por isso, a nossa intenção é recuperar parte do ecossistema da região, de acordo com o plano de manejo da Reserva”, explica o coordenador de Áreas Protegidas da Fundação Grupo Boticário, Gustavo Gatti.

Na ação por terra, as sementes foram semeadas por um grupo de aproximadamente 20 pessoas, das quais 14 foram voluntários. “Essa é uma iniciativa que também contribui para formar agentes multiplicadores em prol da causa da conservação”, diz Philipp Stumpe, analista de projetos ambientais da Fundação Grupo Boticário e responsável pela organização da ação de semeadura.

Sobre o lançamento aéreo, comandante do Batalhão da Polícia Ambiental, tenente coronel Chehade Elias Geha, afirma que é com muita satisfação que o Batalhão participa da ação como parceira da Fundação Grupo Boticário. “Durante muitos anos o homem vem degradando de forma acentuada o meio ambiente e hoje chegamos a um ponto em que a união de esforços para a preservação dos recursos naturais é fundamental para a manutenção de condições de vida saudáveis”, diz. Para ele, essa ação de semeadura é, literalmente, “uma semente que foi plantada visando à conscientização de toda a população do litoral do Estado para a importância do uso sustentável dos recursos naturais", destaca.

Fiscalização

Todos os locais onde foram lançadas as sementes ficam dentro da Reserva Natural Salto Morato e eles serão mapeados e monitorados nos próximos anos, de modo que o crescimento das palmeiras possa ser acompanhado. Paralelamente a isso, a Fundação Grupo Boticário está reforçando a fiscalização da Reserva, para garantir a conservação da biodiversidade.

“Nessas ações de fiscalização, a Reserva Natural Salto Morato e outras unidades de conservação da região contam com o apoio do Batalhão de Polícia Ambiental, que é responsável por zelar pelo cumprimento da lei. O trabalho do batalhão é indispensável para a proteção da natureza“, ressalta Gatti.

Palmeira-juçara

A palmeira-juçara é uma espécie de extrema importância para a biodiversidade da Mata Atlântica porque seus frutos servem de alimento para mais de 70 espécies da fauna que vivem na região, entre elas a jacutinga, que também está ameaça de extinção.

Além disso, a palmeira-juçara promove a preservação e ampliação das florestas e ecossistemas associados à Mata Atlântica ao atrair animais que se alimentam dos seus frutos e dispersam essas e outras sementes, promovendo a regeneração da Mata Atlântica.Com isso, contribui para a regulação do fluxo dos mananciais, manutenção da fertilidade do solo, fixação do carbono e a proteção das encostas das serras e morros.

O alto valor comercial do palmito faz dele um dos produtos florestais mais explorados há séculos, e para sua obtenção é necessário o corte da palmeira, levando-a à morte. Devido ao extrativismo predatório e ilegal do palmito, a planta é cortada antes mesmo de se reproduzir, causando um grande impacto na regeneração natural. Hoje, a espécie passa por um momento crítico pela expressiva redução de suas populações naturais.

Você pode não perceber quando come palmito na salada, pizza ou pastel, mas a árvore que produz o palmito, a palmeira-juçara, é uma das espécies ameaçadas de extinção da Mata Atlântica.

Devemos nos certificar da procedência do palmito consumido para evitar a sua exploração ilegal. Isso fez com que a palmeira-juçara fosse considerada como “Em perigo” na lista de espécies ameaçadas do Ministério do Meio Ambiente. Evitando indiretamente aumentar ainda mais o risco de extinção de outras espécies da Mata Atlântica, como o macuco, a jacutinga, e aves que se alimentam do palmito. 

Espécies-bandeira

A ação de semeadura também faz parte do Projeto Fauna e Flora em Risco, iniciado em 2010 na Reserva Natural Salto Morato. O projeto tem como objetivo a conservação de três emblemáticos habitantes da Mata Atlântica e que são utilizados como bandeira para as ações de conservação da Reserva: palmeira-juçara, jacutinga e macuco. Tanto o macuco como a jacutinga necessitam de ambientes preservados para viver, por isso são consideradas boas indicadoras ecológicas e estão intimamente relacionadas a essa palmeira em função do consumo de seus frutos.

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